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Tecnologia

‘Você Não é Um Produto’: O Ello Quer Ser a Rede Social Anti-Facebook

"A diferença entre o Ello e outras redes sociais é que a nossa interface é muito organizada, intuitiva e veloz. Nela, quase tudo que você posta fica agradável aos olhos."
Crédito: Ello

No começo do ano, previu-se que o Facebook, o gigante controverso da mídia social, irá perder até 80% de seus usuários nos próximos três anos. Essa é uma afirmação audaciosa e difícil de se provar, e que une-se com outras vozes que insinuam que o Facebook tem data marcada para acabar. A pergunta é, quem vai destruir o gigante e assumir o seu lugar? É aí que entra o Ello, uma rede social privada com uma mentalidade tipo "foda-se o sistema".

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No ano passado, o Ello estava aberto apenas para um grupo exclusivo de amigos de seus criadores. "Estávamos cansados das outras redes sociais — exaustos e irritados com as propagandas e a bagunça, e nos sentindo manipulados e enganados pelas empresas que claramente não colocam nossos interesses em primeiro lugar", disse Paul Budnitz, um dos criadores. Assim, Budnitz e alguns amigos da cena artística e tecnológica decidiram criar uma alternativa própria.

A rede cresceu conforme o grupo inicial convidou outros amigos, mas os criadores do Ello não haviam programado o site para essa escala de usuários. Assim, eles começaram tudo do zero, reconstruindo a plataforma e criando uma rede muito mais robusta. A nova versão do site ficará pronta nos próximos dias.

"Nós a criamos com pessoas criativas em mentes, pessoas que valorizam o conteúdo, e um pouco de debate e diálogo acerca do que é postado", disse Budnitz.

Os criadores não puderam me mostrar o site, mas a ideia do Ello é ser uma rede social simples, com um design minimalista, e, mais importante, sem propagandas ou armazenamento de dados de usuários.

"O Facebook e o Tumblr não são redes sociais de verdade — são espaços de publicidade. A missão deles é vender", disse Budnitz. "A ideia por trás não é te fazer feliz. Não é compartilhar arte. Não é conectar você e seus amigos. Mas sim vender. Ponto. Todo o resto é uma ilusão."

O Ello, ao contrário de outros, tem como foco o conteúdo e a conexão. A logomarca é uma emoticon sorridente, preto e simples.

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"Não adicionamos nada que seja desnecessário", continuou Budnitz. "Você pode se conectar com seus amigos, postar, fazer comentários, conversar, e interagir com o conteúdo de diversas formas. A diferença entre o Ello e outras redes sociais é que a nossa interface é muito organizada, intuitiva e veloz. Nela, quase tudo que você posta fica agradável aos olhos."

Durante os primeiros meses, a entrada no Ello acontecerá por convites, de forma similar ao início do Facebook (entre no ello.co e peça o seu convite). Budnitz explicou que o serviço será gratuito desde seu início, e que o site terá funções que poderão ser pagas (se o usuário quiser) ou não.

"Nos inspiramos na forma com que o Radiohead lançou o 'In Rainbows': um download gratuito com uma política de pague-o-que-você-quiser", acrescentou.

Essa não é a primeira rede social que surge como uma alternativa ao cada vez mais odiado Facebook. Mas até agora, nenhuma dessas alternativas desestabilizaram esse reinado. É importante acrescentar que o Facebook, o Twitter e o Tumblr começaram como sites sem propaganda, e que isso mudou conforme as empresas se expandiram.

Será interessante observar o Ello, e ver se ele manterá sua política anti-propagandas — ou se ele conseguirá fazer sucesso. O zeitgest digital dos movimentos pró-privacidade e "tire-as-mãos-dos-meus-dados" pode fazer dessa a hora certa para o nascimento do Ello como uma alternativa aos colossos do Vale do Silício. No final das contas, as redes sociais são como os cantores que se jogam em cima do público durante shows; eles só estão no topo enquanto as mãos dos fãs o segurarem.

Tradução: Ananda Pieratti