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Tecnologia

​Quando a Humanidade se Mudará para Marte?

Chegamos a uma das maiores questões existenciais que podemos enfrentar: Quando vamos deixar a Terra?

É uma coisa meio estranha de se pensar, mas a Terra vai morrer um dia. Depois de muitos anos nada é permanente, e essa linda rocha sobre a qual estamos passeando pelo universo não é uma exceção.

E então chegamos a uma das maiores questões existenciais que podemos enfrentar: Quando vamos deixar a Terra?

Estamos falando sobre cronogramas gigantescos aqui – séculos, milênios, talvez mais – mas não é apenas conversa fiada. Mentes brilhantes vêm discutindo sobre nossa necessidade de expansão enquanto nós encaramos o espaço como uma fronteira legítima.

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Como o físico russo e pioneiro de foguetes Konstantin Tsiolkovsky, que faleceu em 1935, disse, "A Terra é o berço da humanidade, mas não se pode continuar no berço para sempre".

O autor de ficção científica Larry Niven talvez tenha definido melhor, como foi citado por ninguém menos que Arthur C. Clark em uma entrevista à Space Illustrated em 2001: "Os dinossauros foram extintos porque não tinham um programa espacial. E se nós formos extintos porque não temos um programa espacial, isso fará todo sentido!"

Uma mula de teste de um módulo lunar planejado pela Moon Express. Imagem: Moon Express

A questão é: é fácil falar sobre a nossa necessidade de expandir para além deste planeta - nós todos vimos o Elon Musk, que espera poder um dia começar uma colonização em Marte, lançar a magnífica frase "Foda-se a Terra!" – outra coisa é de fato voar em uma nave especial até outro mundo e se estabelecer por lá.

O espaço não é barato, e uma vez que está expandindo no cosmos, precisamos descobrir como pagar por isso. As boas novas são: nós estamos no meio de uma onda da industrial espacial, liderada por grandes empreiteiras e startups, que visam não só o turismo espacial ou prestar auxílio a NASA, mas a construção de economias inteiras baseadas fora da Terra.

Ouvi isso pela primeira vez através do Niven no início do ano, como parafraseado pelo CEO da Moon Express, Bob Richards. A startup do Richard é tão ambiciosa quanto você pode imaginar: a empresa planeja extrair recursos da Lua. E não para por aí: a Moon Express também espera processar depósitos de água lunar em combustível de foguetes para uma maior exploração.

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Isso tudo parece ficção científica, mas a Moon Express está longe de ser a única no jogo da exploração dos recursos espaciais. Uma das startups vizinhas ao Ames Research Center da NASA em Mountain View, na Califórnia, tem uma ideia do que fazer com todas essas coisas vindas da Lua: uma empresa chamada Made in Space espera abrir um novo mundo de extraterrestres de fabricação robotizada.

A Made in Space já enviou uma impressora 3D de gravidade zero à Estação Espacial Internacional, que eles esperam revolucionar a cadeia de abastecimento espacial. Ao invés de trazer resquícios de qualquer coisa para a Estação – o que é custoso, mas você não pode simplesmente se dirigir à uma loja de cacarecos quando está orbitando a Terra - Made in Space espera que essas impressoras 3D proporcionem backups mais flexíveis para partes mais simples.

Essencialmente, enviando uma impressora e imprimindo o material para a Estação Espacial Internacional, Made in Space será capaz de enviar objetos para a Estação através arquivos de design por email, o que é muito mais rápido e barato do que a opção atual de lançar um foguete inteiro.

"A Terra é o berço da humanidade, mas não se pode continuar no berço para sempre"

É uma visão impressionante por si só, já que excluir o transporte entre Terra e órbita é um grande passo em rumo à redução de gastos para viagem espacial. Mas se você quer unir as duas visões, Moon Express e Made in Space esclarecem quais passos precisamos seguir para de fato construir fábricas na Lua e bases em Marte. Moon Express espera ser capaz de processar recursos in loco (em qualquer que seja o planeta), enquanto a Made in Space espera desenvolver e transportar instalações de produção automatizadas para outros mundos. Ah, e idealmente eles vão autorreplicar também.

As duas empresas se mantém independentes quanto a seus objetivos, outras startups podem ser mais bem-sucedidas, e sim, ainda estamos a algumas décadas de isso se tornar realidade. Mas as duas são demonstrações de como o futuro pode vir a ser: as empresas que minerarão a Lua atrás de recursos entregarão esses bens a fábricas fora da Terra que construirão uma infra-estrutura básica para os colonizadores do espaço que estarão à caminho. É um indicativo de como o mundo das startups espaciais está promissor no momento, e por mais louco que isso seja, considerando a visão geral, não há limite para a quantidade de empreendedores e investidores que acreditam que isso realmente pode acontecer.

Ainda estamos no início do processo, e é impossível prever como as próximas duas décadas irão se desenrolar. Como a explosão do foguete Antares demonstrou essa semana, o espaço é realmente difícil de lidar, e também extremamente visível - um grande desastre na Lua abalaria a indústria como um todo. E apesar de todos os obstáculos pela frente, o sonhos de os humanos se transformarem uma espécie multi-planetária nunca esteve tão perto.

Tradução: Stefania Cannone