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Tecnologia

Os Matadores de Castores da Patagônia

Os castores estão destruindo a Patagônia. Simples assim.

Os castores estão destruindo a Patagônia. Simples assim.

Desde que foram introduzidos em 1946 numa tentativa de acelerar o mercado de peles no Chile, castores vêm se espalhando até o extremo da América do Sul e destruindo florestas em seu caminho, destruindo uma das regiões mais intocadas do mundo.

Parece surreal, certo? Mas quando o chefe do programa de vida selvagem invasiva do Chile virou para nós e disse "eles estão tentando colonizar o continente", nós tivemos uma visão muito mais clara dos roedores dentuços e regrados marchando pela Patagônia.

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Castores não são famosos por serem invasivos. Eles são engenheiros do ecossistema que fazem com que qualquer cenário gélido e molhado passe por uma destruição radical até se transformar em seu habitat natural. Mas no sul da Patagônia, esses hidrólogos peludos estão derrubando florestas inteiras e criando diques que inevitavelmente causam alagamentos, que acabam afogando árvores e afastando as espécies endêmicas da região. (Para ser sincero, humanos já tiveram bastante interesse em criar diques ainda maiores na região, mas o maior projeto sobre o assunto foi abandonado no começo do ano.)

Olha só que ameaça mais fofa!

Junte um monte dessas criaturinhas em um só lugar e elas são capazes de descarrilar um ecossistema, e alagamentos causados por seus diques podem também destruir pontes e estradas.

De acordo com um documento publicado pelo Serviço de Pecuária do Chile (SAG), em 2013, o governo chileno estimou que o impacto direto dos castores nas florestas tinha um custo aproximado de US$ 1,8 milhão. O documento também diz que os efeitos secundários da degradação das florestas (principalmente em termos de perde de serviços do ecossistema) são difíceis de estimar, mas são "certamente estão crescendo de forma exponencial".

Tudo começou com um plano de ​importar 25 pares de castores do Canadá para a Terra do Fogo, na Argentina e no Chile, com o intuito de aumentar o mercado de peles em regiões do continente com uma economia ainda fraca, mas desde então isso se tornou algo fora de controle.

Sem nenhum predador natural em seu caminho, a expansão dos castores se tornou desenfreada. O governo chileno estima que a população de castores na Patagônia já tenha passado da casa dos 100 mil e atesta que a população já afetou 23.500 hectares de floresta. Outros estudos dizem que a população de castores já cobre uma área de pelo menos ​70 mil quilômetros quadrados da Patagônia.

Na tentativa de conter a população de castores, a Argentina e o Chile fizeram um acordo binacional para promover a caça comercial e recreacional de castores. Após perceber que isso não seria o suficiente, os governos aumentaram as táticas de erradicação; recompensas foram criadas para a captura de castores e pela venda de sua cauda, pelo e carne, no intuito de criar um mercado de produtos vindos de castores.

Durante nossas filmagens, encontramos criadores de armadilhas financiados pelo governo, biólogos empunhando rifles e chefs famintos por castores, todos querendo que o animal dentuço seja eliminado de forma responsável. No entanto, apesar do objetivo de eliminar qualquer castor que apareça, nenhum dos programas conseguiu frear a expansão territorial dos castores, e o desequilíbrio do ecossistema regional continua crescendo.

A sede de destruição dos castores é mais visível nos cemitérios de árvores que eles deixam para trás, principalmente em um ambiente em que poucos predadores se apresentam. Atualmente, nenhum dos dois governos foi capaz de encontrar uma forma sustentável de eliminar os castores. Enquanto isso, caçadores e entusiastas continuam atrás dos animais.