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Tecnologia

A Supermoto Elétrica do Futuro

Não dá para negar que eles correm para caramba.

A música explosiva de um motor de combustão interna de alta rotação é um som que eu considero, sem muita vergonha, uma canção de ninar. Tenho um pouco mais de vergonha de admitir que o cheiro de combustível de carros de corrida e de carburadores queimados também me agradam. Esses dois gostos têm origem na paixão por motos e carros de corrida que cultivo desde menino. Apesar de tudo isso, o que mais me impressionou quando assisti ao teste da supermoto elétrica da Mission Motorcycle foi como, ao tirar todo os sons mecânicos de uma corrida, ficamos apenas com a sensação palpável de velocidade.

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O modelo RS, mostrado no vídeo acima, é a moto de última geração (e edição limitada) da Mission Motorcycle. A moto tem uma suspensão Ohlins própria para corridas, rodas de carbono e os sistemas de navegação, telemetria e calibração mais avançados do mundo das motos. Ela também tem um preço condizente; pelo preço mínimo de US$58.999, é de se esperar que a moto possua as melhores peças do mercado.

Mas a verdadeira estrela é o sistema de transmissão. As motos da Mission são 100% elétricas, mas ao contrário de algumas de suas motos e scooters anteriores, agora a Mission quer provar que uma supermoto elétrica pode competir com suas rivais movidas à gasolina. Seu motor de 160 cavalos — uma potência impressionante, mas não inédita — e suas 130 libras de torque colocam a moto dentro da categoria das supermotos. Ainda assim, a ausência de transmissão da moto significa que a aceleração de 0 a 95 km/h km, que leva menos de três segundos, não requer mais de um levantar de dedos. Para chegar à velocidade máxima de 240 km/h, só precisamos girar o acelerador e segurar firme.

Mas não podemos esquecer que a moto é elétrica, e que o alcance é uma preocupação comum de um mundo ainda movido à gasolina. A Mission diz que o modelo RS anda 225 km por carga, o que não é nada mal para uma moto esportiva, apesar de que, mesmo com um carregador elétrico mais eficiente, a moto demora mais para ser carregada do que sua rival leva para ser abastecida. Mas a Mission espera que a performance, a simplicidade e ausência de barulho ensurdecedor compensem a bateria da moto.

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Considerando o lento crescimento do mercado de carros elétricos e a falta de infraestrutura para carregar esses veículos — uma situação parecida com o dilema da galinha e do ovo — é possível que os veículos elétricos de última geração ganhem espaço no mercado? Esse é o plano da Tesla; não apenas criar carros elétricos, mas também carros mais eficientes. Além disso, adicionar mais baterias e construir uma rede de carregamento não é nada barato, que é a razão pela qual o Leaf, da Nissan, tem um alcance de 160 km e pouca estrutura de carregamento. Ao focar no mercado de luxo com seu Model S, a Tesla conseguiu construir carros elétricos com alcances maiores, assim como uma rede de Supercarregamento para cargas expressas. Até o momento, o modelo têm sido um tremendo sucesso.

O plano da Mission é parecido — construir a melhor moto elétrica possível, de forma que aqueles que possam comprá-la não tenham que se preocupar com os poréns. Para as fábricas de veículos elétricos, é importante notar que esses produtos podem competir no mercado, o que o RS faz com maestria. Mas a grande questão é quando a tecnologia irá chegar nos modelos mais baratos, e, consequentemente, chamar a atenção de mais compradores.

A Mission já está criando uma moto com a metade do preço do modelo RS, com menos alcance e peças mais econômicas. Ainda assim, 30 mil dólares por uma supermoto elétrica é um preço salgado para a maioria das pessoas, assim como os modelos mais baratos da Tesla não cabem no orçamento do público consumidor. (Nenhuma das empresas nega esse fato, pelo menos). A tecnologia das baterias continua cara, e as redes de carregamento não estão crescendo rápido o bastante. Então mesmo que os veículos elétricos estejam crescendo de forma contínua, vai demorar um pouco para eles dominarem o mercado.

No entanto, enquanto eu voava no banco de trás de um carro de testes, com Jeremy Cleland, da Mission, fazendo estripulias na supermoto do meu lado, eu não tive dúvidas de que os veículos elétricos podem competir com os modelos comuns. Não dá para negar que eles correm para caramba. Deixando os meus sonhos com V8s barulhentos de lado, o futuro da velocidade pode soar como o ruído de uma espaçonave silenciosa, e eu estou bem tranquilo com isso.

Tradução: Ananda Pieratti