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Qual o melhor horário para começar a beber no Carnaval?

Respondemos essa e outras questões etílicas em nosso guia básico para chutar o balde com alguma responsabilidade.
Foto: Felipe Larozza/ VICE

Se você não é do Carnaval, temos uma má notícia: seus textões críticos infelizmente se perderão em meio aos bumbos, glitters e máscaras que darão as caras por todas as avenidas do país. É inevitável, cara: a galera vai emendar uma festa na outra por quatro dias e fará a maior baderna mal cheirosa regada à cerveja, catuaba, vodka, uísque e outros drinks de procedência duvidosa — aliás, um primeiro conselho para espalhar por aí: fique atento à triste onda de boa noite cinderela, não aceite qualquer gole, por favor.

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Como nosso papel não é julgar, menos ainda mandar um golpão moralizador, procuramos dois especialistas, um clínico-geral e um fisiologista, para responder algumas dúvidas de saúde & curtição comuns aos foliões nessa época do ano. Afinal, existe um melhor horário pra encher a cara? Quanto de água é preciso tomar para não dar ruim depois? Se beber mais, vou ficar com menos ressaca?

Se liguem aí — seu fígado agradece.

Tem hora melhor para abrir o bar?

É comum entre alguns foliões o café da manhã regado ao pouco nutritivo suco de cevada. Segundo a ciência médica, essa é uma das piores ideias que um ser humano pode ter no Carnaval. O problema não é nem a hora, é o corpo despreparado. De acordo com o Dr. Alfredo Salim Helito, clínico-geral do Hospital Sírio Libanês, se a pessoa estiver cansada, mal alimentada e desidratada, as chances da bebida não cair bem são enormes — independentemente da hora que isso estiver acontecendo. Ele sugere que o pessoal procure intercalar os rolês de Carnaval com boas horas de sono, bastante comida e drinques não alcoólicos, como água e água de coco. "Dê tempo para o corpo se recuperar", indica Salim. O fisiologista esportivo Diego Leite de Barros, da DLB Assessoria Esportiva, concorda: a melhor hora é quando a pessoa estiver bem alimentada. "O critério não é a hora do dia, mas, sim, se você fez uma refeição", diz. Acordar e abrir o bar, diz, pode dar ruim na mesma hora. "A pessoa passou a noite sem comer nada e inicia o dia ingerindo álcool. Ela pode atingir um hipoglicemia rapidamente", aponta.

Beber mais diminui a ressaca?

Sabe a máxima de boteco que diz "quanto mais você bebe, menos ressaca sente"? Pois é, isso não existe. Pelo contrário, é uma bela mentira. Então, se estiver pensando em aplicar a técnica nada científica no seu Carnaval, tome cuidado. Não existe milagre: quanto mais você bebe, mais bêbado fica e mais ressaca sente. E só. Pelo menos é o que afirma o Dr. Alfredo Salim Helito. "Faz mal para o fígado e o estômago. Eles sofrem muito."

No entanto, tudo pode mudar se os seus costumes alcoólicos forem mais frequentes do que a maioria da população. Por quê? Aparentemente, a resistência do álcool também é proporcional a frequência de consumo. Ou seja, não é que os botequeiros estavam completamente errados. É que a tese deles não se aplica ao público que bebe "socialmente". Quem diz isso é o fisiologista Diego Leite de Barros. Para o professor, a pessoa pode sofrer menos "efeitos colaterais" se beber muito há muito mais tempo. Mesmo assim, se a qualidade da bebida não for das melhores, a tendência é que a pessoa sinta a ressaca de qualquer maneira. "Os ingredientes usados fazem toda diferença. Bebidas com mais qualidade tendem a dar menos efeitos colaterais", diz o professor.

Qual é a hidratação recomendada para cada uma das bebidas mais comuns, tipo catuaba, pinga, vodka e cerveja?

Para cada dose de bebida alcoólica, um copo de líquido não alcoólico para se hidratar e uma fruta para repor as vitaminas. Isso mesmo, não importa muito se você comprou a catuaba de R$ 12 ou está na cerveja gourmet de R$ 30. O corpo precisa só de um copo d'água, água de coco, suco ou refrigerante a cada dose de álcool. Segundo Salim, a técnica funciona por conta da quantidade tomada e do teor alcoólico das bebidas. Por exemplo, a catuaba, uma bebida mais forte, não costuma ser ingerida em altíssimas quantidades (na teoria, ok). Já a cerveja, que é tomada em volume bem maior, compensa porque seu teor alcoólico é menor do que a bebida de açaí. "Não tem quantidade definida pelo tipo de bebida, mas, sim, pela quantidade álcool presente nela", diz Barros. "Vai ter muito mais água na cerveja do que em copo de cachaça. Querendo ou não, a cerveja é mais hidratante que outras bebidas com maior teor alcóolico", afirma. Os dois especialistas também concordam que, para diminuir os riscos da ressaca, deve-se beber água antes, durante e depois da brincadeira. "Dá para curtir o feriado, com certeza. Só é importante lembrar que todo excesso traz algum prejuízo. Então tenha noção do seu limite", conclui o fisiologista.

Foto: Felipe Larozza/ VICE