​Por dentro do museu alemão de cadáveres perfeitamente conservados
Crédito: Michelle Tantussi/Getty

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​Por dentro do museu alemão de cadáveres perfeitamente conservados

Na Alemanha, um excêntrico anatomista criou um curioso museu para exibir como as doenças atuam nos corpos humanos.

Há dez anos, em um vilarejo alemão próximo à fronteira com a Polônia, o anatomista Gunther Von Hagens transformou uma fábrica arruinada em um espaço para a preservação de humanos após suas mortes.

O Plastinarium se assemelha a um museu, mas, no lugar das obras de arte, temos 16.500 corpos que ganharam nova vida por meio da plastinação, uma técnica inventada por Von Hagens em 1977 no curso de medicina da Universidade de Heidelberg, na Alemanha. Rurik Von Hagens, filho de Gunther, hoje é o responsável pelo complexo de 3.000 metros quadrados localizado em Guben, no leste alemão. Seu pai foi diagnosticado com Mal de Parkinson anos atrás.

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Von Hagens explica que, dentro de uma câmara a vácuo, silicone e outros polímeros de poliuretano são injetados nos cadáveres para impedir o processo de decomposição. Os corpos sem pele têm sido usados em faculdades de medicina ao redor do mundo para que anatomistas compreendam como doenças afetam nossos corpos. De acordo com o responsável pela tecnologia, são necessárias cerca de 1500 horas para conferir aos corpos aspecto vivo por meio do processo de plastinação e colorização.

Desde o desenvolvimento da plastinação, o cadavérico império Von Hagens cresceu a ponto de englobar a exposição Body Worlds, que, de acordo com suas estimativas, já atraiu mais de 40 milhões de visitantes interessados em ver de perto os pormenores do corpo humano. O impacto da experiência, que pode ser descrita como visceral, leva muitos a doarem seus próprios corpos para a ciência após adentrarem o museu mumificado.

Dentre os doadores do Plastinarium temos uma mãe e seu feto, que inclusive levaram a questionamentos éticos quando exibidos em público. Ainda assim, Von Hagens afirma que o processo de plastinação revolucionou o conhecimento médico e revelou, visualmente, as complexidades do corpo humano. "Tornou-se algo aceito na sociedade, a batalha cultural quase chegou ao fim, mas a fascinação segue a mesma", disse ao Motherboard.

Visitantes podem ver como cerca de 40 cientistas dissecam e embalsam corpos revelando os mais variados tecidos e o labirinto de vasos que conecta cada espécime.

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Ao crescer ao lado de um pai excêntrico e visionário, Rurik afirma ter dissecado corpos por toda a sua vida. "Meu pai tinha depósitos por toda Heidelberg onde guardava os espécimes e viajávamos num antigo ônibus VW dissecando-os nas férias. Era assim que eu ganhava um trocadinho extra", disse.

Rurik afirma ainda que o Plastinarium é uma forma de levar adiante o desejo de seu pai de "democratizar a anatomia", tornando o corpo humano acessível para qualquer um que tenha estômago para observá-lo. Enquanto isso, os milhares de doadores sabem que seu corpo terá uma vida após a morte.

"Estas pessoas querem, em vez de serem devorados por minhocas, fazer algo de útil com seus corpos depois de morrer."

Tradução: Thiago "Índio" Silva