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Tecnologia

Os alt-rights creem que o novo Wolfenstein é um game racista contra brancos

Alguns gamers estão dizendo que o jogo é uma “viadagem politicamente correta”.

Na noite de domingo durante coletiva pré-E3, a desenvolvedora americana Bethesda Softworks mostrou sua escalação de games novos, incluindo aí o Wolfenstein: the New Colossus, que segue a tradição de matar nazistas.

Teve gente na internet que não curtiu isso. Não porque o game trivializa os horrores da II Guerra Mundial ou por sua celebração da violência. Até onde entendi, a galera ficou pistola porque o jogo, considerado "politicamente correto", passa uma imagem negativa dos nazistas e é "anti-branco".

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Eis aqui alguns comentários retirados do 4Chan, Reddit e YouTube sobre o trailer do jogo. A primeira imagem, a do topo, é um cara falando que "judeus da Betesda estão destruindo a indústria do game com sua viadagem politicamente correta"; a segunda, de um usuário chamado Bob Ross, afirma que, ao chamar um cara branco de "garoto branco", é racismo contra os brancos; a terceira, por sua vez, fala que gente branca está sendo demonizada nos EUA e que, agora, todo branco é considerado nazista. As outras são variações das mesmas ofensas.

Wolfenstein: The Colossus é a continuação de Wolfenstein: The New Order, lançado em 2014, que por sua vez é uma releitura de Wolfenstein 3D, de 1992, um dos primeiros games de tiro em 1ª pessoa, marco do gênero. Não há nada de muito diferente em The Colossus que não esteja no título anterior ou no original. O game se passa em uma espécie de história alternativa em que os nazistas venceram e ocuparam os EUA. No papel de William "B.J." Blazkowicz, os jogadores atuam como resistência e matam nazis do jeito mais escroto possível.

A pergunta é: por que o game ofende a alt-right? Aparentemente um dos motivos é que, no trailer, aparecem dois membros da KKK trajando a indumentária do grupo e de rolê com um oficial nazista. Ou seja: eles não acreditam que o que o Ku Klux Klan e os nazistas representem a mesma coisa, apesar de que não vi ninguém falando mal dos nazis ali também.

Outra motivação seria a inclusão de dois personagens que não caíram bem pra essa turma: uma negra qu pelo jeito é líder de um movimento rebelde na insurgência contra os nazis e um homem branco sulista que fala do "proletariado", metendo o pau em Wall Street e no imperialismo. A primeira seria racista com brancos, de acordo com estes comentaristas; o outro, um comunista, pior ainda do que ser nazi.

Por fim, vivemos um 2017 em que a cultura da internet e dos games chegou ao ponto de defender nazistas abertamente. Como escrito para o Motherboard por Whitney Phillips, autora de The Ambivalent Internet, é difícil separar quais desses comentaristas apoiam de fato os nazistas e quantos estão ali só pela famigerada zoeira. Pouco importa, visto que o efeito é um só: um monte de gente esperneando que é injusto retratar nazistas como vilões.