Ao observar e entrevistar os participantes desses "rituais de amor", os pesquisadores descobriram que muitos dos Discípulos eram ex-presidiários ou dependentes químicos que haviam adotado o LSD como forma de tratamento. Muitos desses indivíduos afirmavam ter encontrado Deus graças ao uso ritualístico do LSD. E o mais importante: nenhum havia sofrido qualquer reação adversa à droga.… cerca de doze pessoas morando numa casa espaçosa, localizada em um terreno grande. Eles estavam arando a terra quando chegamos, e a decoração da casa era psicodélica. Nas paredes haviam imagens de Buda e Jesus. Toda quarta-feira, o grupo se reunia para um culto mais tradicional, focado em orações e meditação. Os rituais lisérgicos aconteciam nos finais de semana.
Para responder essa pergunta, os pesquisadores iniciaram um estudo que comparava as reações de 25 Discípulos às de 25 pacientes que haviam sido hospitalizados em decorrência de reações adversas ao LSD, entre elas "alucinações… ansiedade que beirava ao pânico… depressão, muitas vezes associada a pensamentos suicidas ou tentativas de suicídio, e… confusão mental". Em 1968, a dupla publicou os resultados da pesquisa no Journal of American Psychiatry, marcando assim a primeira tentativa científica de identificar as causas da bad trip.O estudo revelou não haver diferenças significativas entre os dois grupos em termos de gênero, raça, idade, educação formal ou "privação afetiva precoce". Quarenta e quatro por cento dos pacientes (comparado com apenas 24% dos Discípulos) possuía algum histórico de transtornos psiquiátricos, mas isso não foi considerado como fator decisivo para uma experiência psicodélica traumática. Dentre os membros do grupo religioso com um histórico de transtornos psicológicos, não houve relatos de experiências negativas com o LSD."A complexidade dessa reação — que não pode ser prevista nem pelos melhores testes ou dados clínicos — significa que não compreenderemos as reações adversas ao LSD tão cedo".
Embora esses conselhos sejam uma das bases da comunidade psiconauta, uma política de redução de danos voltada para as drogas psicodélicas só começou a ser esboçada nos anos 70. Um dos primeiros artigos sobre o tema, publicado na edição de julho de 1970 do Journal of the American Medical Association, tratava do "controle de 'bad trips' em um público consumidor cada vez maior".Mais dicas valiosas: no vídeo acima, Terence McKenna, falecido etnobotânico, psiconauta e defensor do consumo responsável de drogas psicodélicas, diz que cantar é uma boa forma de neutralizar os primeiros efeitos de uma bad trip . Ele também recomenda dar um ou dois tragos em um baseado bolado previamente.
Segundo May, o estudo concluiu que experiências psicodélicas anteriores não aumentam a probabilidade de ter uma experiência psicodélica negativa. Por outro lado, segundo o estudo, pessoas mais jovens tendem a ter experiências mais negativas com a psilocibina. May aponta, no entanto, que essa observação "deve levar em conta a ideia de que quanto mais difícil a experiência, mais positivo seu resultado". Em outras palavras, experiências negativas são interpretadas retroativamente como uma oportunidade de crescimento pessoal."Acredito que essas experiências negativas acontecem, de certa forma, ao acaso".