Fazer xixi na piscina é tão terrível assim?

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Fazer xixi na piscina é tão terrível assim?

Em média, uma piscina contém 75 litros de urina. Mas calma.

Um pessoal anda surtado com um estudo recente da Universidade de Alberta, no Canadá, que afirmou que uma piscina pública pode conter até 75 litros de urina — mais ou menos a quantidade de "20 galões grandes de leite", como foi memoravelmente noticiado pelo The National Post. É muito xixi, sem dúvida. Mas o quão terrível isso é na prática?

A primeira coisa que a principal autora do projeto Lindsay Blackstock me disse foi o seguinte: "Não tem nada de mais mesmo".

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Em uma piscina pública, bactérias nocivas são neutralizadas por um montão de cloro. Segundo a pesquisadora, dá até para filtrar e beber urina humana igual os astronautas fazem na Estação Espacial Internacional. A Sociedade Química Norte-Americana já encorajou o ato de fazer aquele xixizinho no mar, inclusive. De acordo com a Blackstock, a maior parte da nojeira "que poderia ser nociva dentro d'água se dissolve em estações de tratamento" e tudo isso acontece bem antes dessa água chegar às pias ou às piscinas.

A única coisa que preocupa os cientistas é que alguns componentes nitrogenosos presentes no xixi – como ureia ou amônia – podem interagir com o cloro da piscina de forma a criar subprodutos de desinfecção (ou DBPs, na sigla em inglês), como relatado em estudo de 2014. Estes subprodutos, categoria em que se encaixam os trialometanos, já se mostraram capazes de causar irritações nos pulmões, olhos e também asma ocupacional. Mas note bem: capazes, ocupacional. Estas são duas palavras-chave. Você não vai morrer em uma nuvem amarelada de mijo na próxima vez que entrar numa hidro.

Tendo em mente os interesses de nossos leitores, perguntei a Blackstock: se o problema mesmo são estes subprodutos, não seria o caso de deixar de lado o cloro nas piscinas?

"Deus me livre, nem pensar", disse. "Há patógenos nativos da água que podem ser introduzidos na água, mas cloro e demais desinfetantes são muito eficazes na eliminação destes."

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Resumindo: xixi é a menor das nossas preocupações.

Blackstock e sua equipe mediram a urina em piscinas ao coletar amostras de 29 hidromassagens, bem como piscinas fechadas e abertas, em duas cidades canadenses não-divulgadas. Os testes foram conduzidos em busca de acesulfame de potássio, adoçante de consumo comum que não é metabolizado pelo corpo – o que você bebe não é o mesmo eliminado pela sua urina.

Tendo em mãos uma boa média de quanto acesulfame está presente nestes corpos recreativos de água, Blacksotck e sua equipe chegaram ao número "75 litros de urina" a partir de duas das maiores piscinas observadas ao longo de três semanas. Os níveis de acesulfame cresceram ao longo do período e levaram à conclusão de que havia maior presença de urina.

"Tenha em mente o quão diluído aquele [xixi] estaria em 870.000 litros de água", disse. No final das contas, a piscina toda era 0,0086% urina.

A ideia de nadar no xixi é certamente nojenta (por mais que saibamos que tem gente por aí que lava o rosto com a parada). Porém, nadar é bem melhor do que qualquer possível dano que xixi de piscina poderia te causar, afirmou Blackstock.

"Queremos que as pessoas continuem nadando, mas parem de fazer xixi", disse a pesquisadora. "Certifique-se de passar nos chuveiros do local para remover quaisquer produtos de higiene pessoal que possam interagir com o cloro e vá ao banheiro quando a natureza chamar;"

Tradução: Thiago "Índio" Silva