Como se proteger de spywares bisbilhoteiros no seu celular

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Como se proteger de spywares bisbilhoteiros no seu celular

Programas espiões costumam ser comercializado livremente para cônjuges ciumentos vasculharem seus parceiros. Eis algumas dicas para não cair nessa.

Na semana passada, o Motherboard mostrou toda a potência de spywares de 170 dólares que podem ser comprados online. Ao longo de um dia, usei um programinha para espiar meu telefone, coletei dados de GPS, chamadas e fotos de forma discreta. O resultado, um tanto quanto assustador, pode ser lido com detalhes aqui.

Por mais que um hacker só possa infectar um telefone tendo acesso físico ao aparelho, a ameaça deste tipo de malware é bem real. Ele é bastante comercializado para um público-alvo específico: cônjuges ciumentos. Há cerca de duas décadas pessoas usam spyware para isso e, como vemos pelos noticiários, muitos casos terminam em assassinatos.

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Aí é que todos ou quase todos nos perguntamos: o que as possíveis vítimas deste tipo de vigilância podem fazer para saber se estão sendo monitoradas? Quais as melhores práticas para dificultar a instalação do malware? E o que os espionados podem fazer?

Infelizmente, segundo os mais gabaritados profissionais da área, este é uma das ameaças de segurança mais complicadas para se dar qualquer tipo de conselho. "O modelo de ameaça contra isto é complicado porque não se sabe quanta privacidade a vítima tem", diz Eva Galperin, diretora de segurança cibernética da Electronic Frontier Foundation.

Às vezes, porém, os próprios parceiros acabam revelando que estão monitorando informações privadas sem consentimento. "Minha dica número um para as vítimas é confiarem em seus instintos. Se eles te dizem que seu ex ou atual parceiro sabe demais sobre você, é possível que estejam monitorando suas atividades", disse Cindy Southword, vice-presidente executiva da Rede Nacional de Combate à Violência Doméstica.

O abusador pode dar dicas – umas sutis, outras não – de que está de olho na vítima. Em um caso citado por Southworth, uma mulher estava pesquisando um par de sapatos na internet. Pouco depois, seu ex enviou o endereço exato dos calçados dizendo que ficariam ótimos nela. "Foi um delírio de poder", disse Southworth.

No caso de iPhones, um bisbilhoteiro geralmente tem que fazer jailbreak do aparelho para instalar o malware. Uma maneira é buscar no celular pelo aplicativo "Cydia" – loja de aplicativos que muitas vezes vêm instalada em um aparelho destravado. Em geral, iPhones atualizados são mais complicados de serem destravados, então atualizar seu celular é importante. Caso alguém tenha lhe dado o telefone como presente em vez de você mesmo ter comprado, isso também pode ser um sinal.

Restaurar o aparelho para suas configurações de fábrica para remoção de qualquer malware seria uma boa escolha de acordo com Southworth, que pesquisou muitos dos produtos no mercado. (Vale comentar que o malware Android usado em nossos testes tinha proteções contra sua remoção.)

Caso a vítima saiba que está sendo vigiada – há casos em que o parceiro sugere instalar o software – ela talvez não tenha como remover a ferramenta, mas pelo menos pode usar outro aparelho para falar com um advogado ou pedir ajuda a alguém. Na Austrália, por exemplo, a Rede de Serviços para Mulheres fornece novos smartphones a vítimas de violência doméstica.

De fato, caso você acredite estar sendo monitorado(a), busque ajuda profissional por meio de um telefone limpo.

Tradução: Thiago "Índio" Silva