​A História Tecno-Alternativa de 'Metal Gear Solid'
Captura de tela de Metal Gear Solid V: The Phantom Pain. Crédito: Konami

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Tecnologia

​A História Tecno-Alternativa de 'Metal Gear Solid'

Uma comparação entre os bizarros gadgets do game e seus equivalentes no mundo real.

O designer de games Hideo Kojima sempre foi futurista peculiar: mesmo quando os jogos se passam no passado, como é o caso do vindouro Metal Gear Solid V: The Phantom Pain, cujo enredo se desenrola no Afeganistão dos anos 80, ele criou várias tecnologias fictícias que a ciência do mundo real tenta compreender e desenvolver.

A série, uma das mais aclamadas de todos os tempos, tem títulos que partem dos anos 50 e vão até por volta 2020. Todos os jogos oferecem uma trama alternativa do progresso tecnológico por meio de seus gadgets bizarros, muitas vezes inspirados em pesquisas que acontecem em laboratórios reais.

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Vejamos alguns dos melhores exemplos dos improváveis dispositivos que ajudaram ou atrapalharam o protagonista Snake e seus correspondentes no mundo fora das telas.

O Shagohod—Metal Gear Solid 3: Snake Eater (passado em 1964)

Pai dos tanques ambulantes observados no restante da série, o Shagohod é uma gigantesca plataforma móvel de lançamento de mísseis projetada pelos soviéticos em Metal Gear Solid 3. Seu nada ortodoxo sistema de propulsão não conta com rodas ou esteiras, e sim com enormes parafusos. A inspiração é um veículo russo feito para rodar em qualquer terreno chamado Shnekohod ("shnek", vale dizer, é a palavra russa para determinado parafuso).

Por mais que o design nunca tenha ganhado muita tração, o Shnekohod era um veículo off-road bem eficaz. Era usado pelos soviéticos para resgate de pessoas em locais isolados e de cosmonautas depois de aterrissagem.

Sistema de Resgate Fulton —Metal Gear Solid: Peace Walker (passado em 1974), Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (passado em 1984)

Print de Metal Gear Solid V: The Phantom Pain. Crédito: Konami

A série Metal Gear tem diversos momentos cômicos e alguns dos mais memoráveis se dão com o sistema de resgate Fulton, uma traquitana semelhante a um balão que permite que Snake lance ao ar itens e soldados desacordados para uma aeronave que esteja de passagem. Parece uma forma conveniente de se ganhar itens rapidamente em um jogo, mas o dispositivo tem suas raízes no mundo real.

O sistema de resgate terra-ar Fulton era uma invenção da CIA projetada para resgatar soldados e cargas com aviões de passagem com a ajuda de um balão autoinflável. Por mais que aparentasse uma forma improvável de se resgatar alguém, era um sistema bastante seguro. Os games de Metal Gear levam o conceito à sua conclusão lógica e, no título mais recente, Metal Gear Solid V: The Phantom Pain, Snake pode usá-lo com qualquer coisa – jipes, carga, soldados, cães de guarda e até mesmo ovelhas.

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Canhões eletromagnéticos — Metal Gear Solid: Peace Walker (passado em 1974), Metal Gear Solid (passado em 2005), Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty (passado em 2007-2009)

Railguns (ou canhões eletromagnéticos) são armas capazes de disparar projéteis por meio de condução eletromagnética. A vantagem é permitir que as munições sejam atiradas a velocidades extremas e distâncias gigantescas.

No mundo real, as railguns ainda estão em fase experimental (algo que se espera mudar ao longo dos próximos dez anos), mas são lugar-comum no universo de Metal Gear. Em Peace Walker as vemos em veículos aéreos não-tripulados e como arma principal do Metal Gear REX.

Em Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty, uma versão portátil da arma, semelhante a um rifle, é usada pela personagem Fortune. Sua aparição no primeiro Metal Gear Solid é a mais próxima da realidade, já que pesquisas deste tipo de tecnologia tem se voltado para uso como plataformas de lançamento para as forças navais e não como armas pessoais.

Próteses — Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (passado em 1984)

Prótese do braço de Snake. Print de Metal Gear Solid V: The Phantom Pain. Crédito: Konami

Próteses já estão por aí em diversos formatos há milhares de anos. O exemplo mais antigo de que se tem notícia, um pé detalhado, foi descoberto no Cairo e data de 3.000 anos atrás.

Próteses são um dos temas centrais da mais recente aventura de Snake. A dor fantasma do título é referente ao bizarro fenômeno em que pessoas que perderam seus membros ainda conseguem sentir dor onde seus braços ou pernas costumavam estar. Por mais que ainda estivéssemos muito distantes do braço sofisticado usado por Snake na versão alternativa de 1984 em que se passa o game – ele conta até mesmo com um dispositivo de descarga elétrica – tal sofisticação aos poucos se torna realidade em nosso 2015.

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Nanotecnologia—Metal Gear Solid (passado em 2005), Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty (passado em 2007-2009), Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots (passado em 2014)

A nanotecnologia na série Metal Gear mira longe. No universo do jogo, nanomáquinas são pequenos mecanismos que podem ser usados para simularem entidades microscópicas diminutas o bastante para serem injetadas no corpo humano.

No primeiro Metal Gear Solid, Snake recebia diversas nanomáquinas para melhorar seu desempenho e, em uma reviravolta, servia como catalisadoras para induzir um vírus ativado nos prisioneiros que devia resgatar. Já em Metal Gear Solid 4 – cerca de dez anos depois – a tecnologia virou lugar-comum entre soldados, conferindo-lhes músculos mais fortes, maior resistência e precisão.

Ao contrário do ocorrido na série Metal Gear, em que a nanotecnologia é utilizada para fins militares, seu objetivo na vida real é voltado para a medicina e é muito mais rudimentar no presente momento.

Camuflagem óptica — Metal Gear Solid (passado em 2005), Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots (passado em 2014)

Um clássico de Metal Gear (afinal é a série de espionagem), a camuflagem é uma das mecânicas centrais de quase todos os games da série. Em Metal Gear Solid, depois de finalizar o game, o jogador ganha um dispositivo de camuflagem esquema Predador. Em Metal Gear Solid 4, a roupa de Snake consegue se adaptar para se adequar aos seus arredores, como um cefalópode.

Camuflagem óptica como a vista no game existe, mas em um formato muito mais limitado. Pesquisadores da Universidade de Tóquio, no Japão, inventaram em 2003 um material que aparentemente poderia tornar quem o usasse quase invisível com a ajuda de projeções. Ainda não saiu do status de peça de ficção científica.

Tradução: Thiago "Índio" Silva