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Tecnologia

As Pessoas em Serra Leoa Estão Coletando Dados Sobre Ebola com Seus Celulares

Um novo sistema de comunicação baseado em celulares ajuda a coletar dados sobre o ebola e oferece um jeito para pessoas falarem sobre suas preocupações quanto a doença.
Centro de tratamento em Serra Leoa. Crédito: European Commission DG Echo/Flickr

Enquanto mandar mensagens de texto pode ser uma ameaça muito maior à saúde nos EUA do que o ebola, em Serra Leoa, mensagens de texto podem realmente ajudar a trilhar o contágio da doença.

Uma nova iniciativa da IBM no oeste africano promove um "sistema de engajamento cidadão" que faz o uso da tecnologia – que está crescendo muito no continente – ajudar a coletar dados e oferecer aos cidadãos um jeito de comunicar suas preocupações quanto a doença.

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O projeto é uma colaboração com a Iniciativa Governamental Aberta de Serra Leoa (Open Government Initiative – OGI), uma organização que promove abertura e interação entre governo e cidadãos locais e que já vem colhendo informações sobre a situação do ebola via questionários e fiscalização em instalações de saúde. O site da OGI oferece atualizações regulares do surto, fornecendo números de novos casos do surto.

É uma tentativa nova e transparente para ajudar a explorar as questões em torno da propagação de ebola em meio a um contra-ataque global que tem sido parcialmente obscurecido por equívocos e paranoia.

Um atraso nos testes resultou em um acúmulo de enterros, revelando uma tendência perigosa que poderia, enFIM, receber medidas cabíveis

O Centro de Controle de Doenças e Prevenção afirma que Serra Leoa já teve mais de 3.500 casos reportados de ebola e mais de mil mortes em um surto que acontece desde maio.

Em um post no blog oficial, a OGI explica que os esforços para lutar contra o ebola agora são prioridade. Ele destaca que "os rumores que circulam pelos meios de redes sociais" causam ansiedade tanto no país quanto em nível internacional (basta verificar o seu feed do Twitter sempre que um novo caso é relatado fora da África para obter um vislumbre da situação), e uma razão pela qual é necessária uma melhor comunicação entre o governo e os cidadãos.

O novo sistema simplesmente permite às pessoas que se comuniquem por texto ou chamadas de voz para informar suas preocupações através de um número de telefone gratuito fornecido pela empresa de telecomunicações Airtel. É um recurso para aqueles que foram afetados darem seu feedback sobre a crise e como ela está sendo tratada, o que dá às autoridades uma visão sobre a situação no território.

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A IBM explicou que a análise feita na nuvem, usando supercomputadores, pode selecionar as conexões nas mensagens para criar "mapas baseados em opiniões que correlacionam a sensação pública com informações de localização".

Crédito: IBM

Por exemplo, o sistema ajudou a localizar regiões que urgentemente requeriam suprimentos básicos, como sabonetes e eletricidade, ou enterros rápidos de corpos. O mapa acima mostra várias preocupações-chaves pela capital de Serra Leoa, Freetown – "eletricidade" é o código de necessidade de suprimentos, "ambulância" representa necessidade de serviços, e "morte" é uma marca de perigo.

Uyi Stewart, cientista chefe do laboratório de pesquisa da IBM na África, disse ao Computer Weekly que o sistema já estava ajudando a desconstruir alguns mitos em volta do surto. Ele também falou porque algumas medidas preventivas podem não ser boas o suficiente.

Ele disse que enquanto algumas reportagens podem ter sugerido que alguns mortos do país não são enterrados imediatamente por causa de práticas culturais – o que aumenta o risco de propagação da doença –, eles na verdade acharam outra causa para o atraso. Graças ao estigma do ebola, famílias estavam esperando os testes serem feitos para confirmar se seus entes haviam realmente morrido vítimas da doença. O atraso nos testes resultou em um acúmulo de enterros, revelando uma tendência perigosa que poderia, enfim, receber medidas cabíveis.

O projeto também incorpora transmissões de rádio através de uma colaboração com o projeto Voz da África da Universidade de Cambridge, que permite a programas de rádio perguntarem coisas aos ouvintes por SMS. Nessa situação, o rádio pode ser usado para dar anúncios de serviço público relacionados ao surto e encorajar os ouvintes a dar uma resposta.

Claro, comunicação por si não vai conter o surto da doença; ainda não é claro como ou quão bem vai funcionar o novo sistema, e como resultado, como os dados reunidos serão. Então também depende de como efetivamente as autoridades e os voluntários serão capazes de responder.

Mas em uma crise que ficou, de alguma forma, caracterizada por informações erradas, iniciativas de base de dados pelo menos ajudarão a dar uma forma mais clara da situação.