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O Tabagismo de Terceira Mão Pode Matar Você

A UCR (Universidade da Califórnia, Riverdale) publicou os resultados de uma pesquisa concluindo que o “tabagismo de terceira mão”, isto é, aquele cheiro de aveia queimada que emana da camisa do seu avô, é uma ameaça inacreditável à saúde.

Foto via Flickr User DCist.

A UCR (Universidade da Califórnia, Riverdale) publicou na semana passada os resultados de uma pesquisa concluindo que o “tabagismo de terceira mão”, isto é, aquele cheiro de aveia queimada que emana da camisa do seu avô, é uma ameaça inacreditável à saúde. A conclusão é: não fume, não ande com fumantes e não ande com gente que anda com fumantes. O que exclui praticamente todo mundo.

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O estudo foi conduzido por Manuela Martins-Green, professora de Biologia Celular na UCR. Ela expôs ratos a uma simulação das condições de tabagismo de terceira mão com as quais os humanos convivem. Resíduos de tabaco queimado foram adicionados a superfícies e poeira dentro de um determinado ambiente ao qual os ratos foram acrescentados somente depois, o que significa que eles não ficavam expostos à fumaça. No final, Martins-Green disse no comunicado à imprensa: “Vimos danos significativos ao fígado e aos pulmões. Os ferimentos nesses ratos demoravam mais tempo para cicatrizar. Mais tarde, esses ratos mostraram hiperatividade”. Os detalhes do experimento estão disponíveis na internet. As terríveis conclusões estão expostas da seguinte forma no comunicado da URC:

  • Houve aumento na doença hepática gordurosa não alcoólica;
  • Os pulmões ficaram inflamados e mostraram risco de fibrose (um tipo de crescimento anormal de células);
  • O risco de doenças obstrutivas pulmonares aumentou;
  • Cicatrização mais lenta, comparada àquela de fumantes no pós-cirúrgico, foi observada;
  • Os ratos se tornaram hiperativos, tendo pequenos picos de nicotina.

Eles logo concluíram que os bebês estão em maior risco, porquê, assim como os ratos, eles rastejam pelo chão, misturando-se à sujeira dos cigarros. Obviamente, esses resultados merecem algum tipo de estudo longitudinal em humanos, se possível.

Já faz algum tempo que mesmo os fumantes mais fervorosos cumprem seu dever de preservar a segurança dos demais e saem de um espaço fechado para fumar. O referido estudo lembra os primórdios da publicidade de fumo passivo nos anos 1990, quando o ato de fumar virou um crime contra a humanidade, e aumenta a preocupação de que algum fã do Minor Threat apareça do nada para estapear esse cigarro da sua boca.

O termo “tabagismo de terceira mão” soa absurdo. Já imagino os especialistas da Fox News dizendo: “E o que vem agora? Tabagismo de quarta mão? Quinta? Sexta?”. Os cruzados antitabagistas deviam fazer um grande favor a si mesmos em Relações Públicas e adotar o termo usado pela Wikipédia: “fumo passivo”.  Se os resíduos deixados pela fumaça do tabaco contêm partículas como o polônio-210, então há risco de câncer, não importa quantas vezes os efeitos da fumaça mudarem simbolicamente de “mãos”.

De qualquer forma, esse estudo pode ser uma boa notícia para a sanidade. Os fumantes nos Estados Unidos e em muitos outros países ricos se sentem marginalizados pelas leis, mas como os leitores da VICE com certeza sabem, os países mais pobres ainda não se acertaram internamente quando se trata de impedir que as crianças fumem. Mais informações como essa poderiam conter a onda de mortes por fumo passivo no mundo, casos que, por mais contraditório que possa parecer, continuam em ascensão, com 600 mil mortes por ano e aumentando.

De qualquer maneira, os perseguidores do fumo precisam gastar seu tempo com coisas mais construtivas do que tentar proibir os cigarros eletrônicos, o que é uma grande imbecilidade.

@MikeLeePearl