Crédito: Mission 31
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Fabien Cousteau: Existem algumas razões. Primeiramente, o período de um mês nos possibilita estender nossa pesquisa ao longo de um ciclo lunar inteiro, o que é uma possibilidade única – ainda mais aqui, no primeiro centro de pesquisa marítima submerso do mundo. Isso nos dá 31 dias para coletar uma quantidade de dados que levaríamos cerca de um ano para coletar em um barco, por exemplo. É muito prático estar na fronteira final do planeta: nosso oceano.
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Fabien Cousteau. Crédito: Mission 31
Algumas coisas mudaram e outras não. A ideia de viver em um ambiente submerso é bem similar, e alguns de nossos equipamentos e técnicas são bem semelhantes. Naquela época os pesquisadores costumavam usar panelas de pressão para transportar equipamentos para o fundo do mar, de forma a mantê-los secos e evitar eventuais problemas de pressão. Nós usamos a mesma técnica, apesar de nossas panelas de pressão serem muito mais robustas do que as de antigamente.
Também utilizamos tecnologias mais modernas no Aquarius - nós estamos conversando via internet wifi que funciona 20 metros abaixo da superfície da água, o que seria impossível nas antigas expedições! Isso nos permite fazer um programa de educação à distância, no qual falamos com diferentes pessoas, aquários, museus e alunos de escolas e universidades de todo o mundo.Nós podemos transmitir nossa expedição em tempo real pela primeira vez, algo inédito em uma expedição Costeau. Essa é uma ferramenta valiosíssima, mas tendemos a esquecer disso lá na terra. Agora que somos cidadãos do mar, valorizamos essa ferramenta.
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Bom, nós só temos wifi quando as águas estão calmas e a Mãe Natureza coopera com a gente! Mas estamos acostumados; isso faz parte de qualquer história de aventura e exploração. Nós estamos lidando muito bem com os eventuais desafios. O espaço é bem apertado; o laboratório tem aproximadamente o tamanho de um ônibus escolar (13 metros de comprimento por 3 de largura). Nós seis dividiremos esse espaço por 31 dias; sem contar nosso equipamento e comida, que também ocupam parte do nosso pequeno espaço.
Os aquonautas no Aquarius Crédito: Kip Evans
Nosso dia começa entre as 4h e as 6h da manhã; mergulhamos por seis a dez horas diárias e dormimos às 23h. Temos várias outras tarefas ao longo do dia, é claro.
Utilizamos tecnologia de ponta, incluindo um sonar sonográfico com tecnologia tridimensional, que transmite imagens com base em ondas sonoras, o que significa que não precisamos iluminar os corais para vê-los. Nós estamos muito empolgados com essa tecnologia, uma vez que ela é bem menos invasiva e nos permite estudar os corais de um jeito que eles nunca foram estudados antes.Qual é a linha de pesquisa que vocês estão seguindo no momento?
Estamos estudando assuntos muito pertinentes à espécie humana: a mudança climática e seu efeito no ambiente oceânico, em especial nos corais, que são as florestas tropicais do mar.
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Fabien Cousteau chegando no Aquarius. Crédito: Kip Evans
Essa é uma boa pergunta, pois muitos tendem a ignorar essa questão. A maior vantagem de se viver no fundo do mar é o fato de seu corpo se acostumar com a pressão do local, o que nos permite mergulhar por longos períodos, algo que seria impossível caso estivéssemos mergulhando tradicionalmente. Isso nos permite passar horas e horas na água, ao passo que no mergulho iniciado na superfície esse período é limitado pela grande diferença de pressão.A parte ruim está por vir: quando sairmos daqui teremos que passar por um processo de despressurização longuíssimo, de aproximadamente 18 horas e meia. Só então estaremos prontos para voltar à superfície.Essa ainda é a primeira semana da missão. Como vão as coisas?
Os primeiros quatro dias foram um grande aprendizado; tivemos que reestabelecer nossas expectativas, nos acostumar com essas novas sensações e criar uma rotina para seis pessoas em um espaço extremamente claustrofóbico. Acho que estamos achando nosso ritmo e atingindo um bom nível de eficiência; estamos indo bem rápido para a água e coletando muitos dados. Estamos expandindo o alcance de nossa missão e compartilhando ótimas imagens de nossa expedição em nosso site, mission-31.com.Tradução: Ananda Pieratti