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Música

As Anarchicks só querem é escorregar

E continuar a fazer música.

Anda por aí um grupo de miúdas que tem deixado toda a gente em polvorosa. Se calhar, é porque, em Portugal, já não se via uma banda de gente gira no feminino, a fazer bom música, sem merdas, há muito tempo. Ou tem a ver com isso, ou tem a ver com copas (e não estamos a falar da sueca, não). Mas tal coisa, não interessa nadinha. O que importa é que as

Anarchicks

estão aí com cabeça já aterrada no futuro e eu decidi ir saber mais sobre elas.

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VICE: Olá, pessoal. Li que vocês dizem que se juntaram para “fazer uma revolução”. Acham que estavam a faltar raparigas com tomates e atitudes na música portuguesa?

Anarchicks:

Sem dúvida, não faltam raparigas com talento para a música, não duvidamos disso. Mas o que falta é agir — acção reacção, pôr isto a mexer. Nós decidimos juntar-nos e começar a construir e a criar.

Segundo a mesma fonte, também sei que vocês não gostam de ter compromissos. Mas a música (criá-la, pensá-la, respirá-la) não é, por si, um compromisso?

Não é um compromisso quando se faz o que se gosta! É um prazer.

Expliquem-me lá os vossos alter-egos. A Catarina é a Katari, a Ana é a JD… Como surgiu isto e porquê?

A Ana diz: “Figure it out.” A Katari explica que o dela vem de Atari, a máquina, até costuma dizer

Katari Heavy Machinery

. A Synth diz que o seu nome surgiu, porque começou a tocar sintetizadores.

Têm andado nas bocas do mundo. Sentem-se pressionadas, ou, como o punk é um estilo de vida, levam tudo na boa?

Levamos tudo na boa.

Sliiiideeeeee

… Deixa escorregar, a ver no que isto vai dar. Fazemos o que gostamos e isso é o mais importante.

O que é que gostam de ouvir nos tempos livres?

De momento: Blonde Readhead, How To Destroy Angels, Best Youth ([enquanto escrevo isto, levo com] esgares de algumas pessoas), Youthless, Au Revoir Simone… O barulho das máquinas das obras, Talk Normal, The Eyes in the Heat. Skinny Puppy, Erase Errata,Veronica Falls, Tones on Tail, Le Tigre, o feedback do silêncio.

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O que acham da música portuguesa? Seguem algum projecto em particular?

Há muitos projectos portugueses interessantes. Lobo Mau, Youthless, Da Chick, X-Wife, Legendary Tiger Man, PAUS, Osso Vaidoso, Salto… Estamos atentas ao que andam [por aí] a fazer.

Contem-nos mais sobre a vossa formação. Como é que tudo começou? Algumas de vós já têm grande passado musical.

A Lena e a Priscila conheceram-se na internet, falaram sobre como seria giro fazer qualquer coisa juntas. E a Pris lembrou-se logo de que, para o ensaio ser fixe, era bom haver bateria e perguntou à amiga Catarina se queria dar uns toques.  Soube muito bem, da primeira vez que tocaram juntas. Tudo soava bem, era divertido estarmos juntas e a composição era muito instintiva e imediata. Iniciou-se a busca por um guitarrista, mas depois elas pensaram que o ambiente era mesmo muito bom e que seria muito positivo a energia de mais um elemento feminino. Após umas tentativas, a Ana apareceu. E, quando as quatro tocaram juntas, tudo fez sentido. Foi mesmo assim, poesia à parte. O passado… é o passado, lá está. Estamos mas interessadas no futuro. ;)

Como é que correu a gravação de Really?!? A experiência nos Black Sheep, o processo de composição…

Correu bem. [Foi] cansativo, mas muito divertido. O Makoto [Yagyu] deu um grande

input

positivo,  tanto pelo lado criativo e de nos dar outras visões para além da nossa própria, mas também por todo o profissionalismo e simpatia com que nos recebeu (Este álbum é um bocadinho teu!!!!! <3). E, também, pelo excelente contributo dos

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magic fingers

do Pedro Chamorra, na mistura e masterização. Sentimos que crescemos.

Sentem que, tendo em conta a actual conjuntura do país, têm espaço (e vontade!) para serem as Pussy Riot portuguesas?

Não queremos ser as Pussy Riot portuguesas, queremos ser  as Anarchicks.

Estão sob a alçada da Chifre. Como é que esta ligação se formou?

A Chifre acreditou nas Anarchicks e quis ajudar. E nós também acreditámos neles e gostámos muito da nobreza das suas intenções. Eles agarraram-nos e nós gostámos de ser agarradas. Agora, a família das Anarchicks cresceu, não somos só nós. Agora somos uma grande família: AnarChifre!

Digam-me algo que nunca tenham dito numa entrevista.

VICE fodê.