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Música

O Novo Disco do Misþyrming Prova Que o Melhor Black Metal do Mundo Hoje Vem da Islândia

Esses caras foram literalmente capazes de colocar uma fábrica abaixo com o caos do black e do death metal.

Foto gentilmente cedida pelo Misþyrming

A cena do extreme metal da Islândia provavelmente é a mais interessante e original do mundo nesse momento (pedindo desculpas à Irlanda, que também anda botando pra foder nesse aspecto), e o Misþyrming é um dos melhores exemplos de por que a coisa é assim. Originalmente concebida como projeto solo do prolífico músico D.G., de Reykjavik, a banda (cujo nome se pronuncia "Mæs-tær-meing") se expandiu e se transformou numa formidável força viva, e chamou a atenção dos leais aficcionados por black metal de todo o mundo. Tive a sorte de vê-los no festival Eistnaflug do ano passado, na Islândia, e desde que saí da fábrica abandonada que eles literalmente destruíram com black metal, tenho me coçado para ouvir mais da versão imponente e hipnoticamente melódica deles para o black/death chaos.

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Para minha sorte (e de quem mais estiver interessado no melhor que o underground tem a oferecer), o disco de estreia do Misþyrming,

Söngvar elds og óreiðu

, acabou de sair, lançado num trabalho conjunto da

Fallen Empire

com a

Terratur Possessions

. O disco agora

está disponível para download digital

ou em vinil, e você pode ouvir disco inteiro aqui nesta página. Vai por mim:

O Noisey também conversou com D.G., o guitarrista, vocalista e criador original da banda, sobre a versão islandesa do Black Circle, os festivais internacionais e os perigos de se viver numa ilha.

Noisey: Você vem trabalhando nesse disco já faz algum tempo, e isso é perceptível – o disco reúne todo o caos e distorção num todo coeso e, ao contrário do que acontece com tantos outros discos "extremos", ele soa como se houvesse uma visão artística definida em seu núcleo. Pode me contar um pouco sobre o disco?
D.G.: O Söngvar elds og óreiðu é minha primeira expansão séria como músico em evolução. Meu objetivo é simplesmente fazer arte. Não estou tentando passar nenhuma mensagem, nem agradar ninguém. Vejo a música e as outras artes como algo que tem um impacto sobre a mente que vai além da vida cotidiana. Cada pessoa consome as obras de arte como bem entende. Para mim, a música é uma espécie de meditação, e o black metal é uma meditação poderosa, que em muitas horas serviu de grande inspiração para mim. Não crio a música do Misþyrming para ninguém a não ser eu mesmo, mas inspirar outras pessoas ainda é uma coisa de que posso gostar.

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O Misþyrming começou como projeto solo, mas se expandiu até virar uma banda completa. Como foi essa transição?
Ensaiar e gravar o disco foi uma grande experiência para mim e para Helgi, o baterista. Durante o processo, nos demos conta de que ele deveria ser mais do que só um projeto de estúdio. Tómas, que dirige a gravadora Vánagandr junto comigo e toca na outra banda do Helgi, Carpe Noctem, era próximo da gente, e se ofereceu para nos ajudar a tocar as músicas ao vivo. Gústaf, frontman do Úrhrak, também estava disposto a tocar baixo conosco. A Vánagandr é o clã que une essa colisão entre as bandas do black metal islandês que têm integrantes em comum. Tomás e Gústaf e eu tocamos na Naðra. Helgi e Tómas tocam no Carpe Noctem, e Tómas e Gústaf também tocam juntos na Nornahetta. Tómas e eu também tocamos na depressiva banda de doom-black metal, 0. O resultado da participação deles nesse disco foi exatamente o que eu tinha em mente: uma performance musical agressiva, feroz e infame.

Com Svartidauði, Sinmara, e agora vocês, o black metal islandês está passando por um grande momento. Parece que há alguns temas em comum entre todos, mas o Misþyrming é diferente; naquele disco há muito de melodia triunfante. As trevas são iluminadas. Como você consegue continuar sendo original, estando dentro de uma cena que é tão pequena e em que todos são tão próximos uns dos outros?
A cena islandesa é isolada num certo sentido, e é por isso que acho que muitos de nós somos inspirados por coisas semelhantes. Ainda assim, todos têm gostos diferentes uns dos outros. Muitas vezes ouvimos as mesmas músicas, mas todo mundo tem a sua perspectiva sobre a música. Depois de uma boa noite ouvindo discos, todo mundo vai para casa e ouve as coisas de que sente vergonha de gostar, haha! Às vezes tenho a impressão de que sou um fora-da-lei entre meus amigos, quando digo coisas como que prefiro a Maranatha do Funeral à Salvation, ou Fas - Ite, Maledicti… do Deathspell Omega a Si Monumentum… mas isso talvez seja um exemplo de por que o Misþyrming não soa muito como o Svartidauði!

Como foi que você começou a curtir o black e o death metal?
Desde quando era garoto e ouvi Rammstein pela primeira vez, fico empolgado com todos os tipos de metal. Black metal é o gênero do qual mais gosto, é óbvio, mas minhas influências vêm de todos os lados. Não espalha, mas sou muito influenciado pela banda de electro islandesa GusGus e por vários artistas do hip-hop. O ambiente islandês com certeza também é uma coisa que afeta a atmosfera da música. O tempo muitas vezes é uma coisa lúgubre, e nossos invernos são longos, frios e congelados. Edição em vinil de 'Söngvar elds og óreiðu' / foto por Taylor Callan Williams Quando topei pela primeira vez com o Misþyrming, foi dentro do contexto do Úlfsmessa, a performance colaborativa incrivelmente intensa que vocês e vários camaradas realizaram no festival Eistnaflug do ano passado. Em que sentido a energia é diferente quando você toca com outras pessoas, em vez dos seus companheiros de sempre? Tem algo de especial planejado para o Eistnaflug desse ano?
O Úlfsmessa foi uma experiência ótima para todos que participaram, e para o público também, a julgar pela quantidade gigantesca de aplausos e pelos elogios que recebemos depois. Foi um experimento que desafiou ao máximo as nossas habilidades. Tenho certeza de que faremos algo parecido novamente, quando chegar o momento certo. Quando terminamos o Úlfsmessa no ano passado, na verdade, decidimos nunca fazer aquilo de novo. A coisa nos destruiu completamente. Mas o tempo cura todas as feridas, e atualmente estou no novo comitê oficial off-venue (que cuida dos shows menores, em cafés, restaurantes, livrarias, etc.) do Eistnaflug, e começamos a planejar o próximo festival. Eu juro, vamos fazer alguma coisa sensacional, mas já que a velha fábrica em que o Úlfsmessa foi realizado está para ser demolida, não vai ser a mesma coisa, mas algo original, algo novo. Com certeza alguma coisa empolgante.

Vocês também já confirmaram presença no Nidrosian Black Mass, e ouvi boatos sobre outras datas internacionais também. Deve ser caro para vocês viajar e levar todo o equipamento para fora da Islândia e para outros países para fazer turnês – o governo ajuda com essas despesas de alguma forma, como acontece na Escandinávia, ou vocês estão por conta própria?
Estar numa banda baseada em uma ilha isolada tem os seus limites. O governo não se importa nem um pouco com a música que não tem um alcance acima do underground – por exemplo, o Svartidauði nunca conseguiu apoio do governo, mesmo que eles tenham feito um sucesso enorme desde que lançaram Flesh Cathedral, em 2012. As bandas indie islandesas, com um público menor, podem obter financiamento quando se vendem. Isso não é admirável, na minha opinião. Os festivais normalmente pagam as passagens de avião e outras coisas, então, se você é bom o suficiente para ser chamado pelos festivais, então conseguiu uma vitória.

Kim Kelly mal pode esperar pelo Eistnaflug deste ano; ela está no Twitter.