FYI.

This story is over 5 years old.

Entretenimento

O stylist que transforma sacos de lixo em moda futurista

Clifford Jago cria um universo doidão fotografado na Islândia e inspirado em videogames.
Nana Baah
London, GB
MS
Traduzido por Marina Schnoor
Todas as fotos cortesia de Clifford Jago. 

Clifford Jago é um stylist único que pode pegar sacolas de supermercado, mangueiras de alumínio, um par de polainas fluorescentes e uma barraca e fazer essa zona toda parecer uma sessão de fotos de moda de um universo alternativo. O estilista de Londres – na verdade, o alter ego de uma misteriosa dupla de moda – lançou seu primeiro fashion book em 2017, Clifford Jago and The Tulip Chewers, e agora retorna para desafiar as normas da moda com seu segundo livro, Clifford Jago & The Ice Queens.

Publicidade

Tirando inspiração de videogames e da paisagem da Islândia, o novo livro de Jago – que você pode comprar aqui – mostra os mundos digital e analógico colidindo, com supermodelos digitais em 3D ao lado de imagens fotografadas em médio formato.

Para saber mais, falei com o autoproclamado “rei da moda underground” sobre suas aventuras mais recentes na Islândia.

VICE: De onde veio a ideia para Clifford Jago & The Ice Queens?
Clifford Jago: Bom, meus livros têm uma abordagem gonzo de styling de moda. Então, cada livro se passa num local diferente; o primeiro foi em Amsterdã. O projeto todo foi baseado no lugar e sua cultura, e aí fiz o styling das modelos dentro da paisagem e da cidade.

O que é gonzo styling?
Gonzo styling é uma frase que gosto de jogar por aí. Pego a abordagem de jornalismo gonzo de Hunter S. Thompson e a aplico vagamente no que faço com moda. É uma questão de responder espontaneamente ao seu ambiente. Ele submergia nesses ambientes e se tornava parte da história.

Como você descreveria Clifford Jago & The Ice Queens para alguém que nunca viu o livro?
Bom, definitivamente é um passo para o desconhecido, mas se der esse passo, você pode ganhar um chocolate quente com cobertura de marshmallow. É basicamente a bíblia da moda para entusiastas de videogame do mundo inteiro. Imagine fazer o styling de alguém no meio de uma paisagem congelante, mas você não tem roupas, só itens que pegou pelo caminho – essa é a ideia. Uma das modelos usa um cone de banana que peguei no Aeroporto Luton. Essa acabou sendo uma peça-chave.

Publicidade

Um ensaio de moda 'Poltergeist'

Como você pensou no nome do livro?
Meu último livro, Clifford Jago and the Tulip Chewers, tira seu nome de uma gíria para alguém que é da Holanda. Para esse livro, pensei que “Rainhas do Gelo” era uma boa metáfora para as modelos que fotografei na Islândia. Todas as modelos eram locais, e supersimpáticas também.

Por que a Islândia?
Porque o voo estava em promoção no easyjet.com! Mas meu lado profissional diria: as maravilhas da paisagem natural. Acho que o fundo fala por si – o apelo das Luzes do Norte, a Lagoa Azul, e as vastas paisagens misteriosas que são quase alienígenas. Mas na verdade foi porque a viagem custou só £30.

O que você espera conseguir com seus livros?
Meu objetivo é construir personagens e contar histórias através do meu styling e da fotografia. Gosto de experimentar ideias novas e levar as coisas para o próximo nível, e espero confundir algumas pessoas no caminho. Adoro viajar e levar meu método de trabalho para novos lugares, por isso cada livro se passa num país diferente. Eu gostaria que a marca Clifford Jago se tornasse a maior do mundo, assim eu poderia comprar passagens para a viagem a Marte de Elon Musk. Meu sonho é ser o primeiro estilista no espaço sideral.

Você misturou modelos 3D e modelos de carne e osso. Como isso aconteceu?
Usar modelos 3D junto com minhas fotografias em filme foi meio que um experimento. Pensei: “O que faço na vida real pode ser traduzido em 3D?”. É o mesmo processo, mas posso fazer personagens que são muito mais surreais, por exemplo, algo como a Naomi Campbell dançando numa vending machine de Coca-Cola.

Publicidade

Esse livro é completamente diferente dos livros de moda mainstream.
A razão para eu ter começado a fazer isso é uma reação a essa fórmula da moda. Você pode fotografar uma história ou uma ideia de certa maneira, mas sempre estará limitado, seja pelo styling ou pelo que a revista precisa. Desse jeito posso me safar fazendo um styling cheio de bananas e pronto, e isso é muito legal. Não tenho que responder a ninguém.

O que você vê no futuro para os seus livros?
Espero colaborar com mais marcas e ter liberdade para colocá-las no meu mundo. Também quero mais aventuras selvagens – eu adoraria fazer um livro numa plantação de banana na América do Sul e documentar a jornada da banana de volta para Londres. Também acho que eu arrasaria numa campanha para a Ferrari.

Siga a Nana Baah no Twitter.

Veja mais do trabalho de Clifford Jago no site e no Instagram dele.

Matéria originalmente publicada pela VICE Reino Unido.

Siga a VICE Brasil no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube.