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historia

Pontos altos de Guimarães: Monte do Cavalinho

No Monte do Cavalinho há uma árvore com história.

Estão 39 graus para lá desta janela. Olho para a frente e lembro-me de mim há uns anos atrás, mais puto ainda, a curtir as férias grandes. Eram bons tempos: não tinha objectivos, não tinha preocupações… Nem ar condicionado, que dá um jeito do caraças com este calor! A verdade é que as coisas têm melhorado com o avançar da idade, tipo vinho do Porto, mas com três vezes mais álcool. E limão. E sal.

A minha casa fica atrás desta árvore. “Faz um calor de morrer em Guimarães”, como dizem os meus primos que chegaram ontem vindos de Paris. E eu estou cá dentro, no fresco, e só me lembro de ir com amigos experimentar cenas ilícitas para aquele sítio, enquanto a noite se punha. Falo da árvore do Monte do Cavalinho, que fica mais-ou-menos atrás da estação de comboios de Guimarães, outrora estação do Cavalinho. Uma vez contaram-me que o monte estava assombrado. A lenda era tão, mas tão banal — noite, encruzilhada, cavalo sem cabeça — que caguei na cena e… sim, fui ao Google pesquisar a história verdadeira. (Cenas da minha vida só a partir de 1 de fevereiro de 2013) Como sabe que sou um gajo alternativo, o meu primo deu-me esta camisola. Ao que consta, a árvore foi lá plantada pelo Afonso Henriques, ainda chavalo, numa aula de botânica que o Egas Moniz fez questão de dar. Demoraram para cima de uma hora a lá chegar, ou menos, visto que apanharam o comboio em Covas e nem pagaram o bilhete ao pica. Ao que parece — e isto, para quem acredita em pressentimentos, até tem piada — o Egas tinha acabado de dar uma lambada à Dona Teresa por ter incentivado o puto fazer uma performance na Fábrica Asa. Performance meia bélica, mas… pá, o Egas era um gajo da paz, e não curtiu a cena. Estava numa de começar a encaminhar o puto e, para não ser despedido, decidiu fundar imediatamente — em Covas, portanto — a primeira universidade portuguesa. A cena é que Portugal — tal como o conhecemos hoje — ainda nem estava projectado, porque eram seis e meia da tarde de 1119. Ou seja: em dois minutos puseram-se em Covas, em quatro chegaram ao destino e três minutos depois já estava o Afonso na aula de botânica, que se lixou (em Guimarães diz-se "fodeu", mas quando falamos de história temos de elevar o discurso). E, assim, nascia a árvore do Monte do Cavalinho. Dona Teresa era Té para as amigas. Moral da história: o Google não é de confiar! Fiz rápido as contas e aposto um croissant de chocolate do Silva 3 que a árvore não tem sequer metade de 893 anos, até porque aquilo sempre me pareceu um eucalipto — e o Wikipédia, que é de confiança, diz que os eucaliptos vivem muuuito menos. Portanto acabo de ficar sem história para contar, e eu queria mesmo partilhar com vocês a Psilocybe semilanceata daquele lugar! Aquele sítio é especial porque, em primeiro lugar, tem uma vista brutal sobre a cidade! Depois, se partilharem a vista com alguém, melhor ainda… Se forem sozinhos, levem cenas. É que aquilo é mesmo lindo! Eu sei que este discurso pode parecer meio lamechas, mas chegar lá não é pêra doce (a não ser que sejas o dono daquilo). Tens de percorrer um caminho de terra, trepar um portão — com picos! — que tem a altura de um homem e meio, entrar em propriedade privada e fazer pouco estrilho para não dar cabo do gás às cervejas! Se não curtes suar, esquece. Se estiveres a pensar em levar lá a miúda para engatar, arranja uma que alinhe nestas cenas, senão não vais ter sorte. Se és beto, esquece, e clica CMD+Q. Há anos que este sítio tem uma vista do caralho! A cena disto tudo é que o Monte do Cavalinho é, de facto, o melhor spot de Guimarães. E cá todos o vêem, mas nem todos se apercebem da grandeza daquilo. Não estou a querer insinuar que a penthouse do Cineclube é má, nada disso, Adriana! Só que hoje em dia já não há filmes proibidos, e eu prefiro arriscar um bocado o coiro e poder dizer, orgulhosamente, que já (inserir actividade marota) à beira da árvore do Monte do Cavalinho! Os filmes proibidos passavam no Teatro Jordão.