Um navio vazio surgiu no litoral da Libéria – e ninguém sabe explicar por quê
O petroleiro senegalês Tamaya ficou desaparecido por uma semana e, quando foi visto novamente, estava sem ninguém a bordo. Crédito: Flickr/J

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Um navio vazio surgiu no litoral da Libéria – e ninguém sabe explicar por quê

O petroleiro senegalês Tamaya ficou desaparecido por uma semana e, quando foi visto novamente, estava sem ninguém a bordo.

"Tamaya" é uma espécie de templo da religião japonesa Shinto para honrar os ancestrais. É também o nome de um navio petroleiro que saiu do porto de Dakar, no Senegal, em 21 de abril, e que transmitiu sua última localização no dia seguinte, 22.

Depois de uma semana, de acordo com relatos da região, o petroleiro enfim foi visto novamente, em Robertsport, na Libéria, a 1000 quilômetros de seu ponto de saída. Mas, conforme notaram alguns moradores notaram, o navio estava abandonado. Não havia sequer uma pessoa – viva ou morta – lá dentro.

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Por dois dias, também segundo relatos, o Tamaya 1 ficou ali, com seu casco vermelho enferrujado vazio exposto ao sol antes das autoridades vasculharem.

"É raro que estes aparelhos deixem de funcionar, a não ser que seja algo intencional"

E isso é praticamente tudo que sabemos sobre o Tamaya 1 – em grande parte graças ao site MarineTraffic, que oferece serviços de rastreio de embarcações gratuitos e comerciais.

Como não podia deixar de ser, sobram especulações sobre como o navio se perdeu e foi parar na Libéria sem sequer uma viva alma a bordo: foi um ato de pirataria que deu errado? Ou teve algo mais?

Os detalhes apresentados nos deixam com um mistério em mãos.

Uma reportagem liberiana alega que três homens desconhecidos saíram do petroleiro assim que ele apareceu na praia "fugindo de canoa para outro lugar". Outra afirma que foram descobertas evidências de incêndio na sala do capitão. Ao passo em que no MarineTraffic consta que a embarcação navegava sob a bandeira panamenha, as matérias revelam que sua origem pode ser a Nigéria.

O mais problemático, no entanto, é a semana em que a localização do Tamaya 1 não foi registrada pelo MarineTraffic. Petroleiros são obrigados a enviarem sua posição, direção, velocidade e afins para evitar colisões em alto mar.

Crédito: MarineTraffic

"É raro que estes aparelhos deixem de funcionar, a não ser que seja algo intencional", disse Philip Miller, vice-presidente de operações e engenharia da empresa de monitoramento marinho ExactEarth. "Trata-se de um dispositivo eletrônico que teria que ser desligado. Caso tenha sido desligado, eles estariam violando leis internacionais e, caso quebrasse, era seu dever consertá-lo".

O serviço gratuito oferecido pela MarineTraffic disponibiliza informações com base em aparelhos em terra que receptam os dados enviados por petroleiros, disse Miller. Dados de satélite seriam uma melhor forma de rastrear o Tamaya 1. A ExactEarth concordou em ceder informações de satélite sobre o Tamaya 1 ao Motherboard, o que não foi possível até o fechamento desta matéria.

"Navios fantasmas" surgem de tempos em tempos e, no geral, acompanham boas explicações. Os restos abandonados de um navio apareceram no Oregon em março deste ano. Acredita-se que ele tenha afundado após o tsunami japonês em 2011. O mesmo vale para um barco pesqueiro encontrado na Califórnia em 2013 que, ao que tudo indica, afundou por causa do tsunami. No caso do Tamaya, porém, não há pistas de qualquer fenômeno natural avassalador.

Tradução: Thiago "Índio" Silva