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Pessoas que nunca pedem desculpas provavelmente não são legais consigo mesmas também

É difícil forjar uma conexão com alguém que acredita nunca estar errado.

Matéria originalmente publicada no Tonic .

Ter um relacionamento com alguém que nunca pede desculpas geralmente cai em algum lugar do espectro entre confuso e totalmente doloroso. Pode ser difícil forjar uma conexão autêntica com alguém que parece acreditar nunca estar errado.

Para quem está num desses relacionamentos unilaterais, um novo estudo descobriu que pessoas que estão menos dispostas a se desculpar também tendem a ter menos autocompaixão. E não é um senso de perfeição que as impede de dizer “desculpe”, é o oposto: Pessoas que não se desculpam podem estar tão atoladas em vergonha por suas cagadas que se retiram totalmente da situação.

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“Mesmo quando é muito necessário, as pessoas ainda podem estar relutantes em se desculpar. Essa pesquisa é empolgante porque nos ajudou a identificar alguns dos fatores que podem ajudar a fazer a coisa certa e se desculpar”, diz Anna Vazeou-Nieuwenhuis, estudante de psicologia da Universidade de Pittsburgh e líder da pesquisa, que será publicada em abril no jornal Personality and Individual Differences.

Não é que pessoas que sentem compaixão por si mesmas não experimentam vergonha sobre seus erros, apesar de experimentarem níveis mais baixos de vergonha no geral. É que pessoas que praticam a autocompaixão têm menos chances de se retirar ou evitar uma situação de vergonha.

Autocompaixão envolve três componentes-chave — a habilidade de estender a bondade para si em tempos de sofrimento, a compreensão de que todos os humanos erram, e a habilidade de notar quando o sofrimento surge e observar pensamentos e sentimentos difíceis sem julgamento.

Como pessoas com níveis mais altos de autocompaixão conseguem se afastar de emoções negativas que muitas vezes são desencadeadas por erros e fracassos, elas tendem a abordar diretamente situações difíceis em vez de se retirar ou evitá-las. Quem tem falta de autocompaixão, por outro lado, tem mais chances de ser atraído por pensamentos e sentimentos de vergonha, os processando como um reflexo de seu valor.

Além de confirmar que pessoas com mais autocompaixão tendem a se desculpar mais do que pessoas sobrecarregadas com vergonha por seus erros, essas descobertas também fornecem um vislumbre dos processos psicológicos por trás de comportamentos que fazem e desfazem um relacionamento.

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“Há fatores que proíbem pessoas de se desculpar, e a autocompaixão aponta para um jeito de aumentar essa disposição e remover essas barreiras”, diz Vazeou-Nieuwenhuis.

Um corpo crescente de pesquisa apoia o uso de práticas como meditação e imagens como ferramentas para gerar níveis mais altos de autocompaixão. Se autocompaixão está de fato ligada a uma maior disposição para se desculpar, essas descobertas apontam para uma oportunidade de utilizar essas ferramentas para melhorar resoluções de conflito e satisfação num relacionamento. Um parceiro que nunca se responsabiliza por seus erros, por exemplo, pode se envolver nessas práticas pensadas para aumentar a autocompaixão como uma maneira de trabalhar as barreiras que o impede de dizer “me desculpe” e fortalecer o relacionamento.

Mais importante, nem todas as desculpas são iguais. Um “desculpa” rápida e fria raramente é eficaz como desculpa que inclui validação dos sentimentos da outra pessoa, uma explicação do que deu errado e um plano para melhorar no futuro. Essas descobertas levantam questões sobre todo o papel que a autocompaixão tem não somente na frequência, mas também na qualidade e eficácia das desculpas.

“Quando as pessoas se sentem muito defensivas, elas geralmente dão desculpas de qualidade mais baixa, que têm menos chances de serem aceitas pelo outro”, diz Vazeou-Nieuwenhuis. “No futuro, podemos investigar se ter mais autocompaixão realmente leva a desculpas de maior qualidade.”

Desculpas melhores levam a reconciliações mais saudáveis, o que pode ter impactos positivos significativos na saúde geral de um relacionamento. Mas também é possível que autocompaixão tenha um efeito colateral. Pessoas com alta autocompaixão podem ter menos disposição para se desculpar, devido a um aumento da aceitação das falhas de uma pessoa como parte da natureza humana. Se for muito longe, uma atitude de menos condenação para os erros pessoais pode ser um tiro pela culatra, e diminuir as chances de fazer as pazes.

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