Isto da campanha para as Autárquicas andou assim um bocadinho a modos que a fugir para a palhaçada, certo? Em todo o País e de todos os quadrantes políticos chegou-nos pouco mais que a habitual palermice das arruadas, distribuição de tralhas e tralhinhas, chapéuzinhos, bandeirolas, chouriços (sim, chouriços), beijinhos, jotas, jotinhas, lambe-botas a rodos. O salta aqui, salta acolá do costume, mas cada vez mais inócuo, raso de ideias, de discussões concretas e propostas válidas. Todo um mar de nada. Uma vergonha, vá!E a culpa não é só deles, dos que por aí andam a saltar olé olé, a abraçar velhotas, a prometer o que não têm intenção de cumprir, a fazerem-se de interessados no bem comum, quando o que lhes interessa é o bem dos seus. Dos lá da sede do partido. A culpa é também nossa, que deixámos isto chegar a este ponto. De quem lá anda atrás deles em filinha com as bandeiras nas mãos e os cânticos na garganta. Ninguém quer saber, desde que o candidato ou a candidata pareça sério na fotografia. Confiante. Às direitas (e às esquerdas).É assim a vida. Interessa é parecer. Como nas redes sociais. Pois bem, tendo isto em consideração, e como assim como assim, há muito quem por aí vote só pela aparência, fomos perguntar a estrangeiros residentes em Lisboa, quem seria a sua escolha (e quem não seria e mais duas ou três coisas), olhando apenas para as fotografias dos cinco principais candidatos a Lisboa, mais dois (a montagem acima)). "Não julgues um livro apenas pela capa", dizem, mas já que estamos em clima de tourada, #qsf.VICE: Há quanto tempo vives em Lisboa?Mathieu: Há dois anos.Planeias ficar por cá?Sim. Não tenho planos para ir embora. Adoro estar cá.Tens acompanhado a campanha para as eleições autárquicas?Tenho lido alguns artigos sobre o assunto, principalmente porque me parece que Portugal saiu da grande crise e é o único país dos que foram resgatados pelo FMI que conseguiu ultrapassar a situação e interessa-me saber de que forma este tipo de eleições locais tem influência na economia e na situação do País.Interessa-te saber quem será o próximo presidente da Câmara de Lisboa?Claro que sim. A 100 por cento. Tem impacto na minha vida, portanto, sim. Quero ver Lisboa a crescer cada vez mais como uma cidade europeia de potência global, tanto como qualquer pessoa de cá.VICE: Há quanto tempo vives em Lisboa?Katerine: Há 12 anos.Planeias ficar por cá?Sim, claro. Estabilidade. E a partir do ano que vem já posso votar.Tens acompanhado a campanha para as eleições autárquicas?Na realidade, não. Muito vagamente.Mas, interessa-te saber quem será o próximo presidente da Câmara de Lisboa?Muito. Vivo no centro da cidade e, como tal, interessa-me muito.Vivendo no centro, diz-me uma coisa que aches que é urgente melhorar?Transportes. É inadmissível esperarmos mais de 10 minutos por um metro. É impensável e não pode acontecer.Se pudesses ias votar no domingo?Lógico. Não me abstenhoE olhando para as imagens dos candidatos, assim de repente, quem é que te transmite mais confiança e serias capaz de votar só pela imagem? E quem é que não te transmite confiança nenhuma?Eu tenho uma situação de definição partidária muito definida. Sei exactamente aquilo de que não gosto e aquilo que não quero. É claro que há aquelas coisas que tenho de aceitar por viver numa democracia, mesmo que não concorde, pelo que, mesmo só olhando para a imagem, nestas eleições não votaria em nenhum destes. Ninguém.De qualquer forma, só de olhar, não gosto deste senhor [aponta para José Pinto-Coelho].VICE: Há quanto tempo vives em Lisboa?Andrew: Há um ano e nove meses.Planeias ficar por cá?O resto da vida.Tens acompanhado a campanha para as eleições autárquicas?Nada.Mas, interessa-te saber quem será o próximo presidente da Câmara de Lisboa?Sim, claro.VICE: Há quanto tempo vives em Lisboa?Cyriell: Há três anosVais continuar por cá?Sim, absolutamente.Tens acompanhado a campanha para as eleições autárquicas?Bem, tenho visto os cartazes pelas ruas e pequenas conversas com motoristas da Uber (risos). Mas, fora isso, pouco.Mas, interessa-te saber quem será o próximo presidente da Câmara de Lisboa?Sim, claro.Diz-me uma coisa que aches que é urgente melhorar na cidade?Mais organização a nível de transportes e da recolha de lixo, por exemplo. A minha rua está sempre muito suja (risos).Se pudesses ias votar no domingo?Se me fosse dada a oportunidade de votar, votava e certamente que estaria mais envolvida na campanha.E olhando para as imagens dos candidatos, assim de repente, quem é que te transmite mais confiança e serias capaz de votar só pela imagem? E quem é que não te transmite confiança nenhuma?Bem… assim à primeira vista, este tipo [aponta para Ricardo Robles] parece ter coisas interessantes a dizer e esta senhora parece simpática também [aponta para Teresa Leal Coelho]. Neste é que não confiaria de certeza [aponta para José Pinto-Coelho].VICE: Há quanto tempo vives em Lisboa?Chris: Há dois anos.Vais continuar por cá?Sim, quero ficar.Tens acompanhado a campanha para as eleições autárquicas?Sim, um pouco. Sei mais ou menos quem é que gostaria que ganhasse. Conheço projectos importantes para a cidade que terão mais hipóteses de avançar caso essa pessoa ganhe, portanto, tenho acompanhado.Diz-me uma coisa que aches que é urgente melhorar na cidade?A política de transportes definitivamente, principalmente para a zona Este da cidade. Acho que é uma área muito interessante, mas que está muito limitada em termos de transportes.Se pudesses ias votar no domingo?Se pudesse ia de certeza absoluta.E olhando para as imagens dos candidatos, assim de repente, quem é que te transmite mais confiança e serias capaz de votar só pela imagem? E quem é que não te transmite confiança nenhuma?Bem, eu sei quem é que gostava que ganhasse, portanto é diferente (risos), mas só pelas imagens, provavelmente evitava este [aponta para João Ferreira] por causa da foice comunista, que é um bocadinho assustadora… se calhar é psicológico, não sei… uma reminiscência dos anos 80… (risos) e escolhia este, que não sei quem é [aponta para Ricardo Robles].VICE: Há quanto tempo vives em Lisboa?Dorothée: Há um ano e meio.Pretendes continuar por cá?Sim, estou bem aqui. Muito feliz.Tens acompanhado a campanha para as eleições autárquicas?Não. Nada.Mas interessa-te saber quem será o próximo presidente da Câmara?Interessa e devia prestar mais atenção ao que se passa e às eleições, porque, afinal de contas, é a cidade onde vivo e quero continuar a viver.Diz-me uma coisa que aches que é urgente melhorar na cidade?A situação dos edifícios, degradados e a habitação, que é um tema muito importante, tendo em conta o turismo e a falta de casas para arrendar a quem cá vive.Se pudesses ias votar no domingo?Votava claro e quero um dia poder fazê-lo.E olhando para as imagens dos candidatos, assim de repente, quem é que te transmite mais confiança e serias capaz de votar só pela imagem? E quem é que não te transmite confiança nenhuma?Não conheço nenhum… é complicado… em ninguém (risos). Bem, este não [aponta para Fernando Medina], por causa da gravata verde, horrível. Esta também tem um ar terrível [aponta para Joana Amaral Dias], parece uma aspirante a Madonna. Talvez escolhesse este [aponta para Ricardo Robles].Segue a VICE Portugal no Facebook, no Twitter e no Instagram.Vê mais vídeos, documentários e reportagens em VICE VÍDEO.
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MATHIEU CUVELIER, 34 ANOS, DESIGNER & CRIATIVO, FRANÇA
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Diz-me uma coisa que aches que é urgente melhorar em Lisboa?Uma coisa é, definitivamente, a forma como o turismo é gerido na cidade. Consigo entender perfeitamente o ponto de vista de muita gente que aqui vive em relação a esse assunto. São multidões constantes e há sítios onde quem cá vive já praticamente não vai, tipo Alfama. Eu próprio não vou e acho que deve ser uma prioridade, tentar encontrar uma forma de equilibrar as cosias.E olhando para as imagens dos candidatos, assim de repente, quem é que te transmite mais confiança e serias capaz de votar só pela imagem? E quem é que não te transmite confiança nenhuma?É complicado (risos). Mas, é assim, sou designer de profissão e director de arte e, nessa perspectiva dir-te-ia esta [aponta para Teresa Leal Coelho]. É a que me transmite uma imagem mais profissional.Por outro lado, este [aponta para Ricardo Robles] parece o Edward Norton, esta [Joana Amaral Dias] parece uma daquelas mulheres que te lêem a sina [risos]. Parecem-me ambos um bocadinho fake.
KATERINE OLETRIZ, 31 ANOS, PROJECT MANAGER, BRASIL
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ANDREW SOUSA, 45 ANOS, GERENTE DE BAR, AUSTRÁLIA
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Diz-me uma coisa que aches que é urgente melhorar na cidade?Bem, durante a vida vim cá algumas vezes com os meus pais [portugueses] e agora vivo em Cascais e Lisboa para mim está muito diferente, mas há uma coisa que continuo a achar vergonhosa para todos: a quantidade imensa de edifícios degradados. Não percebo como é que a Câmara, ou o Governo, não tomam conta desses edifícios e os recuperam. Mas, os recuperam de forma correcta, mantendo as fachadas. São prédios lindos, antigos, com história. Eu sei que há situações complicadas, com a posse por famílias e essas coisas, mas chega a um ponto que que quem governa tem de dizer basta e assumir as coisas.É degradante para os portugueses e para os lisboetas em particular que as coisas se arrastem por anos e anos. Enquanto estrangeiro, mas com o coração bem português, envergonha-me. Mesmo que os vendam depois e mesmo que os vendam a estrangeiros, a premissa tem de ser a dos antigos atenienses: "Se vens para a nossa cidade, tens de a tornar melhor do que aquilo que era quando cá chegaste". Lisboa tem tanto para oferecer a quem nos visita. O trabalho que tem sido feito é bom, mas é suficiente.Se pudesses ias votar no domingo?Ia claro.E olhando para as imagens dos candidatos, assim de repente, quem é que te transmite mais confiança e serias capaz de votar só pela imagem? E quem é que não te transmite confiança nenhuma?Este, sim [aponta para Ricardo Robles], este nem por isso [aponta para Fernando Medina], mas o que menos me dá confiança é, definitivamente, este [aponta para José Pinto-Coelho].
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CYRIELL HADAMITZKY, 24 ANOS, CUSTOMER CARE MANAGER, FRANÇA
CHRIS WOOD, 35 ANOS, PRODUTOR DE EVENTOS CINEMATOGRÁFICOS, REINO UNIDO
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DOROTHÉE CROIGER, 35 ANOS, DIRECTORA DE EVENTOS NA SECOND HOME, FRANÇA
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