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Eleições Autárquicas

Estrangeiros a viver em Lisboa contam-nos em quem votariam para a Câmara... se pudessem

E só a olharem para as fotos dos panfletos de campanha dos candidatos à autarquia lisboeta, claro está!

Isto da campanha para as Autárquicas andou assim um bocadinho a modos que a fugir para a palhaçada, certo? Em todo o País e de todos os quadrantes políticos chegou-nos pouco mais que a habitual palermice das arruadas, distribuição de tralhas e tralhinhas, chapéuzinhos, bandeirolas, chouriços (sim, chouriços), beijinhos, jotas, jotinhas, lambe-botas a rodos. O salta aqui, salta acolá do costume, mas cada vez mais inócuo, raso de ideias, de discussões concretas e propostas válidas. Todo um mar de nada. Uma vergonha, vá!

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E a culpa não é só deles, dos que por aí andam a saltar olé olé, a abraçar velhotas, a prometer o que não têm intenção de cumprir, a fazerem-se de interessados no bem comum, quando o que lhes interessa é o bem dos seus. Dos lá da sede do partido. A culpa é também nossa, que deixámos isto chegar a este ponto. De quem lá anda atrás deles em filinha com as bandeiras nas mãos e os cânticos na garganta. Ninguém quer saber, desde que o candidato ou a candidata pareça sério na fotografia. Confiante. Às direitas (e às esquerdas).

É assim a vida. Interessa é parecer. Como nas redes sociais. Pois bem, tendo isto em consideração, e como assim como assim, há muito quem por aí vote só pela aparência, fomos perguntar a estrangeiros residentes em Lisboa, quem seria a sua escolha (e quem não seria e mais duas ou três coisas), olhando apenas para as fotografias dos cinco principais candidatos a Lisboa, mais dois (a montagem acima)). "Não julgues um livro apenas pela capa", dizem, mas já que estamos em clima de tourada, #qsf.

MATHIEU CUVELIER, 34 ANOS, DESIGNER & CRIATIVO, FRANÇA

Todas as fotos pelo autor

VICE: Há quanto tempo vives em Lisboa?

Mathieu: Há dois anos.

Planeias ficar por cá?

Sim. Não tenho planos para ir embora. Adoro estar cá.

Tens acompanhado a campanha para as eleições autárquicas?

Tenho lido alguns artigos sobre o assunto, principalmente porque me parece que Portugal saiu da grande crise e é o único país dos que foram resgatados pelo FMI que conseguiu ultrapassar a situação e interessa-me saber de que forma este tipo de eleições locais tem influência na economia e na situação do País.

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Interessa-te saber quem será o próximo presidente da Câmara de Lisboa?

Claro que sim. A 100 por cento. Tem impacto na minha vida, portanto, sim. Quero ver Lisboa a crescer cada vez mais como uma cidade europeia de potência global, tanto como qualquer pessoa de cá.

Diz-me uma coisa que aches que é urgente melhorar em Lisboa?

Uma coisa é, definitivamente, a forma como o turismo é gerido na cidade. Consigo entender perfeitamente o ponto de vista de muita gente que aqui vive em relação a esse assunto. São multidões constantes e há sítios onde quem cá vive já praticamente não vai, tipo Alfama. Eu próprio não vou e acho que deve ser uma prioridade, tentar encontrar uma forma de equilibrar as cosias.

E olhando para as imagens dos candidatos, assim de repente, quem é que te transmite mais confiança e serias capaz de votar só pela imagem? E quem é que não te transmite confiança nenhuma?

É complicado (risos). Mas, é assim, sou designer de profissão e director de arte e, nessa perspectiva dir-te-ia esta [aponta para Teresa Leal Coelho]. É a que me transmite uma imagem mais profissional.

Por outro lado, este [aponta para Ricardo Robles] parece o Edward Norton, esta [Joana Amaral Dias] parece uma daquelas mulheres que te lêem a sina [risos]. Parecem-me ambos um bocadinho fake.

KATERINE OLETRIZ, 31 ANOS, PROJECT MANAGER, BRASIL

VICE: Há quanto tempo vives em Lisboa?

Katerine: Há 12 anos.

Planeias ficar por cá?

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Sim, claro. Estabilidade. E a partir do ano que vem já posso votar.

Tens acompanhado a campanha para as eleições autárquicas?

Na realidade, não. Muito vagamente.

Mas, interessa-te saber quem será o próximo presidente da Câmara de Lisboa?

Muito. Vivo no centro da cidade e, como tal, interessa-me muito.

Vivendo no centro, diz-me uma coisa que aches que é urgente melhorar?

Transportes. É inadmissível esperarmos mais de 10 minutos por um metro. É impensável e não pode acontecer.

Se pudesses ias votar no domingo?

Lógico. Não me abstenho

E olhando para as imagens dos candidatos, assim de repente, quem é que te transmite mais confiança e serias capaz de votar só pela imagem? E quem é que não te transmite confiança nenhuma?

Eu tenho uma situação de definição partidária muito definida. Sei exactamente aquilo de que não gosto e aquilo que não quero. É claro que há aquelas coisas que tenho de aceitar por viver numa democracia, mesmo que não concorde, pelo que, mesmo só olhando para a imagem, nestas eleições não votaria em nenhum destes. Ninguém.

De qualquer forma, só de olhar, não gosto deste senhor [aponta para José Pinto-Coelho].

ANDREW SOUSA, 45 ANOS, GERENTE DE BAR, AUSTRÁLIA

VICE: Há quanto tempo vives em Lisboa?

Andrew: Há um ano e nove meses.

Planeias ficar por cá?

O resto da vida.

Tens acompanhado a campanha para as eleições autárquicas?

Nada.

Mas, interessa-te saber quem será o próximo presidente da Câmara de Lisboa?

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Sim, claro.

Diz-me uma coisa que aches que é urgente melhorar na cidade?

Bem, durante a vida vim cá algumas vezes com os meus pais [portugueses] e agora vivo em Cascais e Lisboa para mim está muito diferente, mas há uma coisa que continuo a achar vergonhosa para todos: a quantidade imensa de edifícios degradados. Não percebo como é que a Câmara, ou o Governo, não tomam conta desses edifícios e os recuperam. Mas, os recuperam de forma correcta, mantendo as fachadas. São prédios lindos, antigos, com história. Eu sei que há situações complicadas, com a posse por famílias e essas coisas, mas chega a um ponto que que quem governa tem de dizer basta e assumir as coisas.

É degradante para os portugueses e para os lisboetas em particular que as coisas se arrastem por anos e anos. Enquanto estrangeiro, mas com o coração bem português, envergonha-me. Mesmo que os vendam depois e mesmo que os vendam a estrangeiros, a premissa tem de ser a dos antigos atenienses: "Se vens para a nossa cidade, tens de a tornar melhor do que aquilo que era quando cá chegaste". Lisboa tem tanto para oferecer a quem nos visita. O trabalho que tem sido feito é bom, mas é suficiente.

Se pudesses ias votar no domingo?

Ia claro.

E olhando para as imagens dos candidatos, assim de repente, quem é que te transmite mais confiança e serias capaz de votar só pela imagem? E quem é que não te transmite confiança nenhuma?

Este, sim [aponta para Ricardo Robles], este nem por isso [aponta para Fernando Medina], mas o que menos me dá confiança é, definitivamente, este [aponta para José Pinto-Coelho].

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CYRIELL HADAMITZKY, 24 ANOS, CUSTOMER CARE MANAGER, FRANÇA

VICE: Há quanto tempo vives em Lisboa?

Cyriell: Há três anos

Vais continuar por cá?

Sim, absolutamente.

Tens acompanhado a campanha para as eleições autárquicas?

Bem, tenho visto os cartazes pelas ruas e pequenas conversas com motoristas da Uber (risos). Mas, fora isso, pouco.

Mas, interessa-te saber quem será o próximo presidente da Câmara de Lisboa?

Sim, claro.

Diz-me uma coisa que aches que é urgente melhorar na cidade?

Mais organização a nível de transportes e da recolha de lixo, por exemplo. A minha rua está sempre muito suja (risos).

Se pudesses ias votar no domingo?

Se me fosse dada a oportunidade de votar, votava e certamente que estaria mais envolvida na campanha.

E olhando para as imagens dos candidatos, assim de repente, quem é que te transmite mais confiança e serias capaz de votar só pela imagem? E quem é que não te transmite confiança nenhuma?

Bem… assim à primeira vista, este tipo [aponta para Ricardo Robles] parece ter coisas interessantes a dizer e esta senhora parece simpática também [aponta para Teresa Leal Coelho]. Neste é que não confiaria de certeza [aponta para José Pinto-Coelho].

CHRIS WOOD, 35 ANOS, PRODUTOR DE EVENTOS CINEMATOGRÁFICOS, REINO UNIDO

VICE: Há quanto tempo vives em Lisboa?

Chris: Há dois anos.

Vais continuar por cá?

Sim, quero ficar.

Tens acompanhado a campanha para as eleições autárquicas?

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Sim, um pouco. Sei mais ou menos quem é que gostaria que ganhasse. Conheço projectos importantes para a cidade que terão mais hipóteses de avançar caso essa pessoa ganhe, portanto, tenho acompanhado.

Diz-me uma coisa que aches que é urgente melhorar na cidade?

A política de transportes definitivamente, principalmente para a zona Este da cidade. Acho que é uma área muito interessante, mas que está muito limitada em termos de transportes.

Se pudesses ias votar no domingo?

Se pudesse ia de certeza absoluta.

E olhando para as imagens dos candidatos, assim de repente, quem é que te transmite mais confiança e serias capaz de votar só pela imagem? E quem é que não te transmite confiança nenhuma?

Bem, eu sei quem é que gostava que ganhasse, portanto é diferente (risos), mas só pelas imagens, provavelmente evitava este [aponta para João Ferreira] por causa da foice comunista, que é um bocadinho assustadora… se calhar é psicológico, não sei… uma reminiscência dos anos 80… (risos) e escolhia este, que não sei quem é [aponta para Ricardo Robles].

DOROTHÉE CROIGER, 35 ANOS, DIRECTORA DE EVENTOS NA SECOND HOME, FRANÇA

VICE: Há quanto tempo vives em Lisboa?

Dorothée: Há um ano e meio.

Pretendes continuar por cá?

Sim, estou bem aqui. Muito feliz.

Tens acompanhado a campanha para as eleições autárquicas?

Não. Nada.

Mas interessa-te saber quem será o próximo presidente da Câmara?

Interessa e devia prestar mais atenção ao que se passa e às eleições, porque, afinal de contas, é a cidade onde vivo e quero continuar a viver.

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Diz-me uma coisa que aches que é urgente melhorar na cidade?

A situação dos edifícios, degradados e a habitação, que é um tema muito importante, tendo em conta o turismo e a falta de casas para arrendar a quem cá vive.

Se pudesses ias votar no domingo?

Votava claro e quero um dia poder fazê-lo.

E olhando para as imagens dos candidatos, assim de repente, quem é que te transmite mais confiança e serias capaz de votar só pela imagem? E quem é que não te transmite confiança nenhuma?

Não conheço nenhum… é complicado… em ninguém (risos). Bem, este não [aponta para Fernando Medina], por causa da gravata verde, horrível. Esta também tem um ar terrível [aponta para Joana Amaral Dias], parece uma aspirante a Madonna. Talvez escolhesse este [aponta para Ricardo Robles].

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