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Quando Ocupar Wall Street Virou Uma Realidade

Durante o fim de semana, vários manifestantes foram detidos por policiais ávidos por usar spray de pimenta e suas pistolas Taser. Isso agitou o movimento de ocupação de Wall Street, que vem sendo feito por ativistas anticorporatocracia.

Durante o fim de semana, vários manifestantes foram detidos por policiais ávidos por usar spray de pimenta e suas pistolas Taser. Isso agitou o movimento de ocupação de Wall Street, que vem sendo feito por  ativistas anticorporatocracia. Eles não estavam nem perto de fazer o governo instituir uma reforma financeira mais ampla, anular o Citizens United ou restabelecer as mais-valias fiscais (ou eliminar o direito corporativo de ser uma pessoa, ou perdoar dívidas de empréstimos estudantis). Mas toda a violência contra os manifestantes serviu como contra-peso para a até então impressão de superficialidade, hipocrisia e ”hippiesse” da coisa, e  deu fim ao apagão da mídia. De repente, por um breve momento, #occupywallstreet pareceu uma realidade.

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A ocupação, inicialmente incitada por uma aliança informal entre a Adbusters e o coletivo hacktivista descentralizado Anonymous, entrou na sua segunda semana e as recentes turbulências marcaram uma mudança dramática no que tinha sido até então um protesto plácido. A NPR relatou que ocorreram cerca de 80 detenções no sábado enquanto manifestantes que antes aguardavam perto da New York Stock Exchange marcharam pacificamente por Manhattan até a Union Square. O Occupywallst.org, casa de um  "movimento descentralizado de resistência" que está arquivando em tempo real relatórios, imagens e vídeos das ruas, diz que o National Lawyer’s Guild “estima números em torno de 100”.

Quem passou pela Union Square no sábado com uma câmera, era provavelmente um manifestante, um jornalista ou um policial, e não tinha a menor ideia do que estava por vir. Os cinegrafistas da NYPD – Techincal Assistance Research Unit – filmaram manifestantes enquanto policiais corriam de um lado pro outro como juízes de futebol ansiosos. Enquanto faziam seu trabalho e isolavam a área, os manifestantes desciam a University Place.

Daí, na Twelfth Street, a NYPD botou em prática suas rápidas e eficazes manobras de controle de multidão, bloqueando uma esquina, e então a outra, até que todos ficaram atrás de cercas e algumas pessoas foram presas. No meio dos mata-leões e as caras enfiadas no concreto perto da lanchonete vietnamita e do teatro, havia traços da raiva, das lágrimas e da violência que correram por essas ruas sete anos atrás, nas tretas durante a Convenção Nacional Republicana. Dois dias depois, os vídeos do YouTube foram vistos mais de um milhão de vezes.

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De acordo com o que o Departamento de Polícia de Nova York declarou ao NPR, as prisões foram efetuadas principalmente devido ao bloqueio do tráfego. Mas as acusações incluíam “conduta desordeira e resistência à voz de prisão”, e uma agressão física a um policial.

Antes do confronto, o decrescente número de manifestantes da moral e da esperança de lapidar demandas coerentes pareciam coincidir com as prisões por armar barracas, escrever mensagens com giz na calçada, tentativa de entrar em um prédio do Banco da América, pular barricadas policiais e usar máscaras, que viola um estatuto obscuro de 1845 da era anti-aluguel que tinha o intuito de acabar com as tentativas dos locatários de se encontrar em segredo para evitarem “vendas forçadas” de suas propriedades pelos proprietários – antigamente, quando alguns poucos privilegiados possuíam direitos praticamente feudais para manter seus inquilinos em coleiras apertadas.

via R. Flynn

por Alex Salamunovich.

Mas no sábado a “lei se revelou”, diz occupywallst.org. “Vivemos em um mundo onde somente 1% de nós é protegido e servido.” O site está pedindo pela renúncia do comissário Raymond W. Kelly devido ao que o manifestante porta-voz de 23 anos, Patrick Bruner, diz ser uma resposta policial “excessivamente violenta” diante de uma manifestação pacífica. O site diz que policiais estavam indo pra cima de manifestante na proporção de dois contra um, e que pessoas eram presas simplesmente por falar com policiais – ou levavam spray de pimenta na cara mesmo depois de terem sido jogadas dentro de chiqueiros de controle de multidão.

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Como era de se esperar, uma quantidade incrível de imagens e vídeos – algumas delas muito brutais – da treta do fim de semana já está na internet. Independente das intenções dos manifestantes, o barulho todo fez com que a vista grossa da mídia sobre a ocupação de Wall Street desaparecesse, que contou com demonstrações satélite em San Francisco, Los Angeles, Portland, Oregon, Chicago, Madrid, Toronto, Londres, Atenas, Sydney, Tóquio, Milão, Argélia e Tel-Aviv-Yafo, dentre outras.

Enquanto as algemas eram apertadas perto da Union Square, depois da tensão mais séria, uma fotógrafo-ativista pareceu preocupado. “Ainda não está nos TT’s do Twitter”, ela disse sobre a hashtag #occupywallst. #americandad e #ThingsPeopleDoThatGetMeMad estavam. Alguns dos “facilitadores” do protesto estavam discursando para uma curiosa mulher de meia-idade com um notebook. Ela era produtora da CNN, aparentemente: ela poderia finalmente colocar a história no ar? Ela os assegurou que sim, afinal seja lá qual for a história, “A TV gosta de imagens”.

Em muitos dos atos mais desumanos de agressão policial, adora eternizados digitalmente, os policiais de alta patente e camisas brancas parecem criminosos mais ousados do que seus subordinados de uniforme azul.

Paul J. Browne, o porta-voz da polícia de Nova York, disse ao New York Times que os policiais usaram os cassetetes “apropriadamente”. Eles usaram o spray de pimenta apenas uma vez, ele disse, “depois que indivíduos confrontaram policiais e tentaram impedi-los de bloquear a rua – algo que foi tirado na edição dos vídeos ou  não foi filmado”. Bruner, que  também foi entrevistado na mesma reportagem, disse “que seria justo chamar isso de brutalidade policial”.

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Enquanto isso, nos arredores, dezenas de moleques provavelmente um pouco mais jovens estavam ocupando o Washington Square Park, pra fazer uma grande batalha Jedi-Sith com sabres de luz.

via ennuipoet.

E no domingo, dia de descanso decretado pelos organizadores, aqueles que haviam sido presos no dia anterior vagarosamente voltavam à Liberty Plaza, onde as pessoas compunham músicas, faziam barulho e checavam o Twitter pra ver atualizações, e provavelmente seguiram comendo toda aquela pizza doada.

COM ALEX PASTERNACK
TRADUÇÃO POR EQUIPE VICE BR