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As três estudantes de Londres que foram à Síria entraram em contacto com as respectivas famílias

Um relatório analisou os perfis das raparigas que se juntam ao Estado Islâmico, incluindo Amira, uma dos alunas londrinas.

Imagem: London Metropolitan Police

De acordo com informações recentes, as três estudantes que deixaram o Reino Unido para se juntar ao Estado Islâmico, entraram em contacto com as suas famílias esta semana, no entanto, uma mulher que diz ser uma ex-comandante que abandonou a organização, alertou para a possibilidade de que as estudantes morram no Médio Oriente. Em Fevereiro, Shamima Begum, 15, Amira Abase, 15 e Kadiza Sultana, 16, alunas da Academia de Bethnal Green na zona leste de Londres, voaram desde o aeroporto de Gatwick até à Turquia e depois cruzaram a fronteira em direcção à Síria. Três meses depois do seu desaparecimento, a ITV News informou que uma das meninas tinha telefonado à família para dizer que estava bem mas, no entanto, deu a entender que as três não tinham nenhuma intenção de voltar ao Reino Unido. Também foi noticiado que as outras duas estudantes tinham contactado as suas famílias via internet. A notícia coincide com a publicação de uma entrevista realizada há pouco tempo pela comandante que afirma ter desertado do Estado Islâmico (também conhecido como ISIS ou Daesh). Denominando-se como Um Asmah, ela disse à Sky News que conheceu as raparigas na fronteira e que elas estavam "muito felizes" de irem para a cidade síria de Raqqa. Com poucas possibilidades de que as meninas sejam capazes de regressar a casa, Asmah disse: "Eu acho que elas vão morrer na Síria ou no Iraque." Ela também sugeriu durante a entrevista que as estudantes estavam a ser treinadas para "missões especiais".

Um relatório publicado recentemente pelo Instituto para o Diálogo Estratégico e pelo Centro Internacional para o Estudo da Radicalização (ICSR), analisou os perfis das raparigas que fizeram a viagem para se juntar ao Estado Islâmico, incluindo Amira, uma dos alunas londrinas. O relatório sugere que rotular as jovens mulheres como "noivas jihadistas" é incorrecto, pois existem uma série de factores que as "empurram" a fazer esta viagem. "Em última análise, estas mulheres acreditam que a adesão ao Estado islâmico na Síria garante-lhes um lugar no paraíso, que lhes dá a oportunidade de participar na construção de uma sociedade utópica e, ao mesmo tempo, também lhes pode proporcionar sensações de aventura, de pertença e fraternidade. Estes são os três factores principais que motivam de forma fundamental a migração para a Síria ", diz o relatório. Uma análise feita às contas das três raparigas existentes nas redes sociais, revela como algumas confrontam o ser "isoladas internamente sob condições rigorosas e a realidade de viver numa área controlada por uma organização terrorista." O relatório demonstra detalhadamente como a "grande maioria ocupa papéis muito tradicionais dentro da sociedade do Estado Islâmico" e que as suas primeiras responsabilidades é a de serem "boas esposas para o marido jihadista" e "mães da próxima geração de combatentes." No entanto, o relatório reconhece que estas mulheres têm um papel importante na difusão de propaganda e no recrutamento de outras mulheres. O relatório também reconhece que o Estado Islâmico aumentou o esforço para atrair mulheres. No início deste ano, um documento das simpatizantes do Estado Islâmico, a Brigada Khanssaa, que andou a circular pela internet, apenas confirmou o papel que as espera dentro do califado do Estado Islâmico.

"Equipar os jovens com a habilidade de pensar de uma forma crítica não é uma medida contra o terrorismo tradicional, mas tem claramente benefícios a longo prazo".

Traduzido pela Quilliam Foundation, um centro de estudos contra-extremismo, pode ler-se: "Como Deus queria que fosse, ela fez-se de Adão e para Adão, o criador decidiu que não havia maior responsabilidade do que ser esposa do seu marido. " E continua: "Não há nenhuma necessidade de que andem de um lado para o outro a adquirir conhecimentos para serem capazes de provar que a sua inteligência é superior à dos homens." O relatório ICSR também apresentou uma série de recomendações sobre como lidar com o extremismo, incluindo medidas preventivas, como proporcionar aos jovens habilidades de pensamento crítico contra a propaganda que circula na internet e fora dela. Também chama a atenção da falta de mentores do sexo feminino nos programas de prevenção e radicalização A Quilliam Foundation também reconhece a importância de ser capaz de interagir com os jovens sem que estes se sintam observados ou vigiados, assim como a importância de formar o pensamento crítico entre os jovens. Em declarações à VICE News, o agente de ligação política, Jonathan Russell, disse: "Equipar os jovens com a habilidade de pensar de uma forma crítica não é uma medida contra o terrorismo tradicional, mas tem claramente benefícios a longo prazo". "Devíamos estar a educar os nossos jovens a pensar por si mesmos e a desafiar as teorias da conspiração e as narrativas extremistas, para não serem manipulados da forma que muitos radicais ou recrutadores o fazem".

Este artigo foi inicialmente publicado com VICE News.