Esta matéria foi originalmente publicada na VICE Austrália .Ficar confortável sendo solteiro é como se mudar para a Dinamarca. É um lugar estranho pacas e se aclimatar leva tempo. Você vai passar o primeiro mês imaginando "Onde estou? Quem são essas pessoas com quem eu vivo bebendo?" E a noite invariavelmente pensando "Eu só queria ir pra casa". Esse primeiro mês será de lágrimas, coquetéis estranhos e você vai odiar, mas também adorar, por que não? Esse primeiro mês vai ser de tragédia e indulgência em escala cinematográfica, e você tem direito a dar qualquer vexame que quiser.
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Mas o tempo passa. Os meses correm e eventualmente você terá menos direito de encher o saco dos amigos com histórias tristes. Um dia você vai terminar de falar alguma coisa sobre sua ex que você achava engraçado — devia ser engraçado — e alguém vai chegar pra você e sussurrar no seu ouvido "Ei, eu sei que tem sido difícil, mas, poxa… faz um ano, cara".E seu amigo tem razão. Um ano é o limite para sua sofrência, mas também o tempo que leva para se acostumar a ser solteiro. Um ano é o tempo que leva para se recalibrar totalmente e se sentir confortável, talvez passando por alguns marcos no caminho:Essas coisas geralmente não são surpresa. Faz todo sentido quando você analisa como seus caminhos se distanciaram meses antes, como trens em trilhos paralelos se separando na neblina, e como cada um de vocês abordou esse fato. Vocês viviam brigando sobre quem tinha pagado o supermercado da última vez, ou fingindo que estavam bem depois de passar a noite em claro chorando. Nenhum dos dois disse do que realmente tinha medo, então vocês explodiram as caldeiras porque eram orgulhosos e preguiçosos demais.Então você se muda para o sofá da casa de um amigo, e acorda toda manhã com um gosto de meia suja e rosas na boca. Você não se arrepende muito, só imagina quem é você agora. Se é um cara, você vai tentar responder essa questão com uma barba. Se é uma mina, a resposta pode ser uma franja. Ou descolorir o cabelo. E independente do seu gênero, você vai encher a cara até uma noite, talvez a quarta, em que você faz sexo sem camisinha com alguém que na verdade não gosta e seu corpo parece estranho: que porra é essa? Por que isso é tão chato? E que porra é essa que você está sentindo na nuca?
Primeiro mês: o pé na bunda
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O primeiro mês é explosivo e surreal, mas no final você não aprende nada. Só que o Tinder é uma bosta.A vida adulta tem apenas quatro prazeres genuínos. Em nenhuma ordem específica: queijo quente na torrada, cochilar no Natal, chuva no telhado à noite e sexo de término. Agora, algumas pessoas acham que sexo de término só traz problemas, e elas estão certas. Mas essas pessoas também nunca viveram. E sexo de término é delicioso.Isso geralmente acontece dois meses depois do término oficial do relacionamento. Vocês se encontram para tomar um café e colocar o assunto em dia, e alguém fica com os olhos marejados (você) e admite que está achando bem difícil. "Sinto muito sua falta", você vai dizer. Aí vem uma pausa na qual sua ex pesa as opções. Admitir que sente o mesmo mostra fraqueza, mas agora você está fazendo cara de choro e a pessoa sabe que não tem nada a perder. "Vem pra casa", a pessoa diz. "Você tem que pegar seus livros mesmo."Então você vai e vocês vão destruir um ao outro. Pode rolar uns beijos, talvez não, mas vai ser como entrar no seu quarto de adolescente, e depois transar por todo o cômodo. A decoração será como você lembrava. Todas as coisas que eram suas e que você amava. As memórias. A familiaridade. Uma mistura insuportável de tristeza e fruto proibido. Você grita coisas para o ventilador de teto porque seu coração dói, mas seus genitais cantam. E pela primeira vez depois em dois meses vai ser tudo ótimo. Não, melhor que ótimo — melhor que nunca.
Segundo mês: sexo pós-término
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Terceiro mês: o segundo pé na bunda
Mês seis: você jurava que estava bem… mas está mesmo?
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Mês nove: Tá, talvez agora você tenha superado
A vida vai entrar num ritmo confortável. Você não vai mais inventar conversas hipotéticas nas quais condensa toda a verdade do universo num pequeno diamante para jogar na cara do ex. Você vai ter superado e vai estar feliz.Menos nos domingos. Você nunca é feliz nos domingos, porque a vida de solteiro é uma vida no último volume: os altos são altos; os baixos não têm fundo. E depois daquela noitada de sábado, não há momento mais solitário e vazio que uma tarde de domingo.Você nunca é feliz nos domingos.