Neste episódio da série "Phreaked Out" nós nos encontramos com alguns dos maiores especialistas em segurança automobilística para discutir o hackeamento de carros. O objetivo não é fazer as pessoas baterem: eles apontam furos nos sistemas de segurança para evidenciar falhas na tecnologia dos carros, com a intenção de pressionar os fabricantes a estar sempre um passo a frente de seus inimigos de mentirinha.Mathew Solnik, pesquisador em segurança da informação, nos concedeu uma demonstração em primeira mão de como mandar comandos via wireless para o carro, dizendo a ele o que fazer remotamente. Com pouco mais de mil dólares e um mês de trabalho, Solnik encontrou tempo extra em sua agenda – ele já tinha um emprego em tempo integral – para destrinchar o computador de bordo de um carro e aprontá-lo para uma mudança completa de poder.De seu laptop ele é capaz de manipular o motor, os freios e o sistema de segurança do carro, apenas clicando em uma rede "CAN-Bus" (Controller Area Network), totalmente sem fio. Sem entrar muito em detalhes – por razões legais tanto quanto pelo meu parco conhecimento do assunto – ele conseguiu esse feito instalando alguns chips modificados, uma unidade de controle à distância de um fabricante independente, um transmissor/receptor wireless com tecnologia GSM e uma grande quantidade de experiência que ele vem acumulando ao longo dos anos.O motivo para instalação dessas peças adicionais era fazer o nosso sedan velho e de porte médio funcionar como um carro mais novo – e talvez mais vulnerável – desses que hoje em dia já vêm de fábrica com computadores de bordo. (Nós adoraríamos ter brincado com o modelo mais novo e mais conectado do mercado, mas como o orçamento era baixíssimo e é muito difícil encontrar e convencer um amigo a emprestar seu carro para experiências de hackeamento, não tivemos muita escolha.)Dito isso, qualquer carro cuja rede esteja conectada a um servidor em nuvem e acessível via Bluetooth, ligações telefônicas ou wi-fi é potencialmente vulnerável a invasões.Nós também nos encontramos com o espanhol Alberto Garcia Illera, integrante da dupla de pesquisadores em segurança responsável pela criação do dispositivo CHT: uma ferramenta de hackeamento de carros tão pequena quanto um iPhone e mais barata do que cinco cafés no centro expandido de São Paulo. Conectando dois cabos à rede CAN-Bus do carro e com apenas cinco minutos de acesso livre a ela, o dispositivo CHT é capaz de injetar diversos pacotes de (des)informações diretamente no sistema nervoso do carro, que depois pode ser controlado de uma distância determinada.Comunicando-se via Bluetooth ou GSM, o dispositivo de Alberto é capaz de liberar remotamente um vasto arsenal de comandos modificadores a uma distância determinada – tudo pode ser alterado ou acionado: de uma mudança de música ao acionamento dos freios em uma auto-estrada, passando pelo desligamento dos faróis em uma noite muito escura.Mas não tenha medo, já que o objetivo desses pesquisadores é simples: mostrar que os fabricantes de automóveis de hoje não estão criando sistemas de segurança bons o suficiente. Pode parecer um pouco ousado, mas ao trazer a público essa tecnologia fajuta dos fabricantes, hackers do bem como Solnik e Illera estão forçando a indústria a corrigir os desleixos em seus sistemas de segurança. Considere seu trabalho como uma retribuição salvadora de vidas, destinada a garantir a segurança de todos os motoristas na estrada.E os fabricantes de automóveis estão escutando: atualmente, ambos Mathew e Alberto são consultores de múltiplas montadoras, assegurando que seus veículos se tornem menos vulneráveis a futuros ataques.
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