Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Enquanto Dilma e o Planalto, ainda na confusão do desembarque maciço e sumário do PMDB do governo, correm para criar um novo centrão ao lado do governo, numa composição final com PP, PR e PSD (que somam, juntos, 120 votos), parte da oposição parece dar como vitória certa o acolhimento do processo de impeachment no Congresso. Se o processo passar também no Senado, agora em abril, Dilma é afastada por até 180 dias enquanto o processo de impeachment corre. Quem assume nesse caso? O Moro? O Aécio? O Cunha? Não: Michel Temer, o vice.É claro que Temer não terá paz no poder. Se a crise econômica não é bolinho, seu tempo de recuperação deve demandar um prazo maior que os 180 dias que lhe são inicialmente outorgados. Além disso, índices de forte impacto social, como o desemprego (que, segundo o PNAD, se aproxima fatalmente dos dois dígitos) tendem a ter uma resposta mais demorada do que o retomada do crescimento, e não devem ser revertidos sem força política, apenas ao sabor dos mercados, que em parte já declaram seu apoio à derrubada de Dilma — ainda assim, não garante a volta imediata do grau de investimento das agências internacionais de rating, conquistados a duras penas por Lula, entre outras necessidades para a recuperação da economia do país.A mãe de todas as crises, a política, também não estará facilmente afastada. Apesar da aproximação entre PMDB e PSDB, é certo que a vida de Temer não vai ser mole. A oposição vem pequena, porém ferrenha, e inclui já possíveis pedidos de impeachment contra o vice, baseados nos mesmos preceitos das "pedaladas fiscais" de Dilma, que Temer também aprovou. Além disso, a distribuição de cargos e ministérios para aliados é cada vez mais complexa, devido ao Congresso mais fragmentado de todos os tempos.Mas o que parece é que, no fim das contas, o voto de confiança depositado pelos parlamentares em Temer vem de uma possibilidade poderosa: barrar a Lava Jato. Diminuir o poder da operação encabeçada por Sérgio Moro é um assunto defendido até mesmo pelo PT, com o argumento plausível de que a condução atual tem um impacto significativo na economia brasileira. Porém a preocupação mais forte no Congresso é mesmo com o xilindró, com o presidente da Câmara como réu, o presidente do Senado investigado e mesmo Temer sob ataque — isso sem falar da über planilha da Odebrecht e a possível delação em massa por parte da empresa. Para isso, com poderes presidenciais, Temer poderá lançar mão de alguns recursos legais, e levantamos os principais pontos abaixo:
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