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A saída dos EUA do acordo climático de Paris pode tornar a China grande de novo

Não há muitas coisas com que o Papa, a indústria do petróleo, a Coreia do Norte e Bill Gates concordem. Mas o acordo climático de Paris entra nessa categoria.

Não há muitas coisas com que o Papa, a indústria do petróleo, a Coreia do Norte e Bill Gates concordem. Mas o acordo climático de Paris entra nessa categoria.

A ação de Trump levanta grandes dúvidas não só para o meio ambiente, mas para o mundo dos negócios. Os EUA já está relativamente atrasado na corrida global para construir novas indústrias em torno de coisas como painéis solares, baterias recarregáveis e energia eólica.

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Agora o país pode ficar ainda mais para trás, dizem os analistas, mesmo com Trump dizendo que a retirada foi "um ato pelos interesses dos EUA que não importa muito para o clima".

"Isso não vai ajudar", disse o economista Bill Witherell, da Cumberland Advisors, sobre a decisão de Trump de sair do acordo de Paris. "Isso pode não causar um grande problema macroeconômico para nós agora, mas com o tempo vai tornar as empresas americanas menos competitivas. As pessoas podem não querer fazer negócios aqui por causa dessa percepção."

Para dar uma base: o acordo ambiental de Paris foi negociado em 2015 e assinado por 195 nações, o tornando o primeiro acordo climático abrangente do mundo. Ele exige que os países definam e cumpram metas para reduzir emissão de gases-estufa, baseadas nos níveis atuais de produção de cada nação.

Claro, antes mesmo do acordo ser impresso, evidências científicas de que o aquecimento global é um grande problema já estavam se acumulando – daí a corrida armamentista da última década entre empresas querendo explorar novas oportunidades de "energia limpa".

Governos nacionais também têm um papel importante nessa corrida, investindo em tecnologias promissoras que ainda não são comercialmente viáveis, na esperança de ganhar uma nova indústria doméstica lucrativa.

Atividades assim na verdade diminuíram em 2016, com o investimento global em energia renovável caindo de um quarto para US$ 242 bilhões, segundo a ONU. A queda no preço de energia parece ter colocado os números em cheque, segundo a Associated Press.

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Mas uma hierarquia clara em investimento entre as nações parece estar emergindo, com a China na frente e se comprometendo a um nível estável de gastos nos próximos anos. O país já era o que mais gastava entre os países desenvolvidos em 2016, com US$ 78 bilhões em investimentos em energia renovável, seguido pela União Europeia com US$ 60 bilhões, um pequeno crescimento comparado a 2015 graças a grandes projetos da Alemanha e Inglaterra. Enquanto isso, os investimentos americanos eram de $46 bilhões – caindo 10% no ano, segundo o relatório da ONU.

Em janeiro, a Administração Nacional de Energia da China previu que o país pode investir mais que $360 bilhões em geração de energia renovável até 2020, um ritmo de mais de US$ 70 bilhões por ano.

Essa agressividade atraiu a atenção de outros políticos do mundo, incluindo legisladores americanos que não concordam com as afirmações da campanha de Donald Trump de que o aquecimento global é uma farsa. Por exemplo, o Los Angeles Times deu a notícia que o governador californiano Jerry Brown vai viajar esta semana para uma cúpula de energia limpa na China.

O jornal também apontou secamente "o papel crescente do país como centro de gravidade na luta contra as mudanças climáticas".

Tradução: Marina Schnoor

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