FYI.

This story is over 5 years old.

comportamento

Mulheres nos contaram por que voltaram com o ex

Às vezes a idiotice que você nunca devia ter feito acaba funcionando.

É sexta à noite, depois do bar, e você está passando pelas fotos do seu ex no Facebook — mas só porque você já viu todas do Instagram dele. Só que agora aquela excitação virou uma tristeza profunda e você tem certeza que vai morrer cercada de caixas de pizza e meia dúzia de furões de estimação. Que provavelmente vão te comer.

Tudo porque você terminou com aquela pessoa. Será que ela poderia ter sido a sua pessoa? Será que ainda pode ser? Talvez vocês sejam tipo a Allie e o Noah de Diário de Uma Paixão, temporariamente separados, mas destinados a morrer em paz simultaneamente de mãos dadas. Claro, porque filmes são modelos totalmente confiáveis para estruturar nossas vidas românticas, então por que não dar uma segunda chance? Voltar com o ex não é uma coisa inédita. Talvez vocês sejam aquele casal.

Publicidade

Abaixo você tem histórias desses casais, contadas pelas mulheres. Se podemos tirar alguma sabedoria das experiências delas, é que se reconectar com um ex pode dar muito, muito certo (casamento! Filhos!) ou muito, muito errado (polícia! Crueldade com animais!). Em outras palavras: os resultados podem variar.

Lisa, 34 anos

Conheci o Davis quando tinha uns 15 ou 16 anos, num café em Cranbrook. Ele tinha 20 e era de Vancouver, mas tinha entrado na faculdade na minha cidade. Começamos a namorar e assim que me formei no colegial, pegamos duas malas, subimos num ônibus e nos mudamos para Vancouver, onde moramos numa pequena suíte num sótão. Aí um amigo do Davis se mudou para William's Lake para ser chef, e perguntou se Davis queria trabalhar com ele lá. Eu tinha 20 anos e a mudança para William's Lake foi péssima. Era um lugar isolado, não tínhamos muitos amigos e eu trabalhava como camareira num hotel horrível. Não tínhamos carro e morávamos longe do centro, então não podíamos fazer nada. Quando terminamos, só dissemos um para o outro "isso não é mais divertido" e cada um seguiu seu caminho.

Uns 10 anos depois, ele me achou de novo. Ele estava morando em Kelowna, mas agora tinha sempre uma desculpa para me visitar. Ele tinha um show ou algo assim em Vancouver, então a gente podia tomar umas cervejas. As visitas a Vancouver foram se tornando mais e mais frequentes e uma noite, depois de alguns drinques, eu disse "você podia vir dormir na minha cama". Acho que o assustei porque ele não aceitou. E no dia seguinte ele foi embora! E eu pensei "tomei um fora".

Publicidade

Aí, numa coisa de momento, viajamos pro México. Parece que a gente queria passar mais do que apenas uma noite de sábado juntos. Ficamos num resort de mergulho tosco em Puerto Vallarta. Falamos sobre o que tinha acontecido nas nossas vidas e por que não tínhamos casado ainda. Aí enchemos a cara de champanhe mexicano, e do nada eu disse "bom você podia casar comigo, não?" As palavras simplesmente saíram da minha boca, nem sei de onde elas vieram, e ele disse "bom, sim, eu casaria". Então a gente procurou um vendedor ambulante na praia, compramos dois anéis de cinco dólares e decidimos ficar juntos.

Naomi*, 27 anos

Quando eu tinha 15 anos, minha família costumava frequentar um restaurante italiano chique. Tinha um garoto da água que trabalhava lá e era meu crush. Ele tinha esse jeito enigmático e misterioso, então sempre que ia lá eu dava aquele olhar, sabe? Mas nunca conversamos. Aí, uns quatro anos depois, comecei a trabalhar em outro restaurante onde ele era meu supervisor.

Depois do primeiro turno, ele me pediu para ficar um pouco mais e ajudá-lo a arrumar as coisas, mas eu estava em alerta máximo porque amigos me disseram que ele era muito cafajeste. Eu disse a mim mesma que não ia cair nessa. Mas fiquei e quando ele me perguntou o que eu queria fazer, eu disse que era cantora de ópera. Ele disse que adorava ópera — mas se eu ganhasse um dólar toda vez que um cara me diz isso, eu não precisava me preocupar com o aluguel deste mês. Mas depois ele deu exemplos certeiros e eu pensei "Bom, isso é o paraíso".

Publicidade

Entramos nesse semi relacionamento tumultuado. Muito intenso, romântico e sexual. Mas ele também era um cara que eu não conseguia decifrar. Eu estava completamente apaixonada — intelectual e emocionalmente. O caso durou um verão, e quando voltei para a faculdade ele disse que viria me visitar, mas nunca veio. Então decidi bloquear o número dele, cortar contato completamente. Mas depois de três ou quatro meses, pensei: "bloquear o número de alguém é imaturo, já superei isso", e deixei ele entrar em contato de novo, o que fez a gente voltar — pelo menos de certa forma. Esse padrão continuou por vários anos. A gente se reconciliava no Natal ou no verão, ele prometia me visitar mas não ia, eu o bloqueava, depois desbloqueava e a gente voltava.

Aí coisas ruins começaram a acontecer. Uma vez fomos parados pela polícia e tínhamos maconha no carro. Ele engoliu a maconha instantaneamente e foi a coisa mais assustadora que já vi. Depois atropelamos um cachorro. Estávamos numa estrada estreita e de repente um golden retriever apareceu correndo e entrou bem na frente do carro. Vi o cachorro voar, literalmente, mas ele não parou. Eu disse "A gente não vai parar?", e ele disse "você quer parar para ver um cachorro morto?" E eu respondi "acho que não". Então continuamos até chegar à praia. Ele estacionou e eu disse "meu deus, atropelamos um cachorro!", e ele disse "coitado, mas e o meu carro?" Ele estava preocupado com um amassado no carro dele. Naquele momento eu pensei "ahhhh, Naomi. Você cometeu um erro. Você superestimou essa pessoa". Vi os últimos três anos passando pelos meus olhos. E pensei "é isso, acabou".

Publicidade

Mas no verão seguinte, eu estava na Europa e ele me mandou mensagem dizendo que me amava e que queria finalmente ter algo sério. Eu disse que também o amava, pensado que dizer como eu me sentia — mesmo não tendo muita certeza de como eu me sentia — poderia fazer a gente dar certo. Mas chegando em casa foi a velha história. Uma amiga uma vez me disse uma coisa muito verdadeira sobre ele: "Acho que ele gosta da ideia de você e da excitação da relação, mas não acho que ele vai querer fazer compras com você numa terça-feira". Ainda assim não posso mentir pra mim mesma e dizer que acabou de vez. Nunca acabou.

Bianca*, 27 anos

Meu primeiro namorado e eu namoramos durante meus dois últimos anos do colegial. Ele era alguns anos mais velho e estava na faculdade, e perdi minha virgindade com ele. Mal sabia eu que ele tinha outra namorada ao mesmo tempo. Então, quando eu tinha 19 e descobri tudo, terminei com ele e não nos falamos por uns quatro anos. Eu nunca mais quis ver a cara dele.

Aí, ano passado, quando eu tinha 25, voltamos a conversar numa festa. Foi muito estranho porque eu achava que o odiava, mas quando nos encontramos senti apenas uma indiferença, acho que porque conheci muita gente durante o tempo em que ficamos separados. Depois daquela noite, acabamos saindo algumas vezes e ele me disse que estava interessado em ter um relacionamento comigo de novo. Eu disse que não queria, mas que concordava em sair com ele e fazer sexo casual. Fizemos isso por um tempo e foi ótimo para mim, e talvez seja egoísta dizer, mas achei muito bom fazer as coisas no meu jeito dessa vez — especialmente porque ele tinha me traído antes. Percebi que não me importava com ele da maneira forte como achava.

Publicidade

Mas, diferente de mim, ele estava apaixonado dessa vez. Foi uma guinada de 180º em termos de equilíbrio de poder no relacionamento. Ele tinha 29 anos, todos os amigos dele estavam casando, então parecia que ele queria aquele grau de compromisso e seriedade que me prometeu no começo, da primeira vez que namoramos.

Então ele basicamente me pediu em casamento. Eu estava na Europa e ele me mandou uma mensagem: "eu estava pensando — você tem 26, eu tenho 29, e toda vez que penso no futuro e em ter filhos, você está lá. Você quer levar isso para o próximo nível?" Eu disse a ele que não tinha me cansado de ser solteira ainda, e que não estava pronta para casar. Eu estava tentando não ser muito dura, mas talvez essa não tenha sido a melhor abordagem, porque ele respondeu algo como "o tempo que você precisar, me mantenha informado".

Mas ter uma segunda chance com ele foi muito libertador, porque me permitiu ter uma conclusão para essa história. Entendi que ele não era tudo aquilo que eu achava quando tinha 19 anos e fiquei devastada pela infidelidade e as mentiras. Foi realmente bom estar no controle e colocar meus próprios limites.

Michelle, 55 anos

Conheci o Rick na escola, numa cidadezinha mineradora chamada Sparwood, quando ele jogou um livro do outro lado da mesa e me acertou no peito. Gritei com ele, e ele foi até o meu então namorado e disse "que vaca". Mas acabamos ficando amigos depois. Ele era o cara que me levava para onde eu queria quando meu namorado estava ocupado, e quando meu namorado foi estudar fora, o Rick e eu tínhamos uma amizade forte. Dessa amizade nasceu um romance de verão, e acabei engravidando. Eu tinha 18 e não tinha cortado laços com meu outro namorado, então nunca contei aos meus pais sobre a gravidez. Fiquei em casa e trabalhei com pesquisa por oito meses, até que eles acabaram descobrindo — cinco dias antes do parto. Todo mundo surtou — cidade pequena, sabe — e meu pai me expulsou de casa. Entrei em trabalho de parto e o Rick disse "Não ligo para de quem é o bebê, estou aqui por você" — mesmo o bebê sendo claramente dele. Ele comprou um pequeno trailer, nos mudamos pra lá e começamos a vida.

Tivemos um menino lindo que era tudo pra nós. Depois tivemos uma garotinha também, e tudo estava ótimo. Ele trabalhava na mina, e como minha família era de fornecedores — pescadores, caçadores, mineiros — o Rick se apaixonou pelo lado da natureza da minha família. Mas eu queria ser uma artista, o que era impossível lá. Comecei a trabalhar no conselho de arte e fiz tudo que podia para construir uma comunidade artística na cidade. Mas tudo que eu fazia, ele ia na outra direção. Então acabamos nos separando.

Publicidade

Aí entra o primeiro namorado. Acabamos nos reconectando e morando juntos em Okanagan. Eu trouxe minha filha comigo, o Rick ficou com nosso filho. Aí, um dia, quando eu estava pintando, meu telefone tocou. Meu primo Bob tinha sido morto por um búfalo na África. No enterro, Rick veio até mim e pegou na minha mão, e — bom, nem consigo descrever, foi como se ele tivesse minha alma. Mas voltei para casa pensando "Bom, isso não vai acontecer. Nos separamos há 10 anos, isso é idiotice, não podemos voltar".

Então fui para Paris. Eu estava namorando um cara da Califórnia e ele me mandou passagens. Eu não queria realmente ir, mas fui mesmo assim — Paris, né. Mas cheguei a Paris e odiei tudo. O cara da Califórnia me pediu em casamento no topo da Torre Eiffel e eu só pensava em me jogar de lá de cima!

Quando estava voltando de Paris, pedi para o Rick me buscar no aeroporto. Mas ele disse não. Ele disse "você foi embora com o outro cara, você já tomou sua decisão, não vou te buscar". E achei que eu tinha estragado tudo. Pensei comigo "ah não, agora não tem volta". Mas um dia depois que voltei, ele apareceu na minha casa. Ele disse "OK, vamos tentar". Então compramos uma fazenda, casamos de novo no nosso rancho e estamos juntos desde então.

Siga a Mica no Twitter .

Siga a VICE Brasil no Facebook , Twitter e Instagram .