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A Função Autocompletar do Google Não Pode Transformar Você Num Terrorista Involuntário

Jeffrey Kantor, um ex-funcionário do estado da Virgínia, está processando o governo norte-americano. Ele acredita ter sido vítima de uma elaborada campanha de assédio baseada numa busca inocente no Google que deu errado.

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Jeffrey Kantor, um ex-funcionário do estado da Virgínia, está processando o governo norte-americano. Ele acredita ter sido vítima de uma elaborada campanha de assédio baseada numa inocente busca no Google que deu errado.

A reclamação legal dele afirma que em outubro de 2009, quando trabalhava para a Appian, Kantor estava fazendo uma busca pessoal no computador da empresa, e a procura por “how do I build a radio-controlled airplane” (“como construir uma avião de controle remoto”) se transformou em “how do I build a radio-controlled bomb” (“como construir uma bomba de controle remoto”). Ele culpa a função de autocompletar do mecanismo de busca pelo incidente.

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Kantor afirma que agentes do governo apareceram em seu trabalho e o interrogaram sobre o acontecido, e que o jogo de “tira bom/tira mau” se estendeu por cinco meses, durante os quais eles fizeram “comentários antissemitas” várias vezes. Ele diz que os agentes monitoravam coisas como seus registros de biblioteca.

Jeffrey disse que o assédio acabou se transformando em ameaças de morte veladas, então, ele procurou ajuda da Liga Antidifamação. Depois disso, ele afirma que o governo o enviou ameaças de morte. Agora, ele exige $58,8 milhões pelo inconveniente.

A questão é que essa história não passa no teste de conversa fiada. Em se tratando da função de autocompletar do Google, são necessários dois para dançar esse tango. Não há “corretor automático” nas buscas do Google. “Autocompletar” e “autocorrigir” são duas coisas muito diferentes. Isso é autocorreção:

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A função “autocompletar” do Google não funciona assim. Ela abre um menu que fornece opções, mas se você continuar digitando, provavelmente vai encontrar aquilo que estava procurando inicialmente. Isso só “corrige” sua pesquisa formulando uma frase de busca melhor redigida que a sua, já que ela assume que uma busca mais comum trará mais resultados.

Capturas via Google.

E você ainda precisa clicar ativamente numa das sugestões de busca. O mecanismo não faz isso por você. O Google, por sua vez, parece ter uma abordagem completamente agnóstica, e deixa você se encrencar sozinho. Se você digitar “How to kill press flowers” (sei lá, só um exemplo), você pode achar algo sinistro, mas ainda assim precisa selecionar essa opção e dar enter:

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Kantor afirma que sua busca estava totalmente fora de seu controle.

Pesquisar “como matar o presidente Obama”, aliás, é a maneira mais idiota de reunir informações para um plano real de assassinato, já que ninguém pode escrever sobre isso por experiência. Mas há buscas que o habitual laissez-faire do Google parece censurar no corretor automático:

Sério, sem o Silk Road, como a gente consegue comprar heroína on-line? Você não vai mesmo me dizer, Google?

Voltando à afirmação de Jeffrey Kantor, ele sequer poderia estar na situação que descreveu. O autocompletar não coloca “bomba” antes de “avião”, e mesmo que você acidentalmente digite “b”, de “bomb”, em vez de “p”, de “plane”, várias outras buscas com “b” aparecem primeiro:

Não estou dizendo que Kantor estava mesmo pensando em fazer uma bomba. Em 2009, aposto que ele só estava curioso sobre como uma bomba de controle remoto é feita, e nenhum programa de televisão mostrou isso ainda. Não é ilegal ser curioso, e mesmo que esteja procurando como fazer um avião de controle remoto, você encontra instruções tão mortais como aquelas para fazer uma bomba.

E agora vocês me dão licença, mas tenho que apagar um histórico de busca extremamente incriminador.

@MikeLeePearl