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'The Expanse' é o épico sci-fi que você precisa na sua vida

Não é a toa que os fãs mais fervorosos lutaram muito para salvar a série do cancelamento.
Foto por Syfy Media LLC.

Você pode ter perdido The Expanse. Não é a série mais fácil de vender do universo — um épico de ficção científica de narrativa densa que encerrou sua exibição de três temporadas no canal SyFy esta semana. A série vai retornar na Amazon, felizmente, o que te dá mais uma razão para começar a assistir.

A história detalha as batalhas geopolíticas num futuro onde os humanos conseguiram povoar Marte — apesar de o planeta ainda não ser totalmente habitável. A Terra e Marte dependem da classe trabalhadora “Belters”, que vive em asteroides e sofre com pobreza extrema, qualidade ruim do ar, água racionada, e subdesenvolvimento e atrofia muscular por causa da baixa gravidade. A dinâmica sociopolítica entre as classes atingiu um ponto crítico quando a série começa. (Não vou dar mais spoilers além disso.)

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Foto via Syfy Media LLC

A série lida explicitamente com questões sociais e filosóficas como seus antecessores óbvios, Battlestar Galactica e Star Trek, fizeram em sua época. Mas a história segue um ritmo acelerado, deixando o elenco em constante perigo enquanto exige que você assista o próximo episódio.

A descrição resumida mais apropriada provavelmente é “Game of Thrones no espaço” — até Jim Holden, um dos protagonistas, lembra o Jon Snow. E assim como o épico onipresente com sexo e dragões, a força da narrativa de The Expanse deve muito à fonte original, uma série de livros escrita por Daniel Abraham e Ty Frank sob o pseudônimo James S. A. Corey. Os romances ainda estão sendo escritos — o novo livro sai em dezembro. O primeiro volume, Leviatã Desperta, assim como a série inteira, foi indicado ao Prêmio Hugo.

Além da narrativa que implora uma maratona, a atenção de The Expanse aos detalhes é uma das joias da coroa da série. Morar no espaço é mais que uma série de experiências de quase morte, é um desfile de indignidades. Holden passa muito tempo procurando uma boa xícara de café — descobrimos que o fósforo é a chave para neutralizar a acidez do café porcaria do espaço que ele vinha bebendo. O piloto Alex Kamal faz lasanha, dizendo para os colegas de tripulação que até que ficou gostoso, mesmo sem tomates ou queijo, e o detetive Joe Miller conta uma história sobre acabar com um cartel de queijo do mercado negro. Também vemos a água do chuveiro de Miller acabar no asteroide povoado por belters Ceres, enquanto ele ainda está com a cabeça toda ensaboada. Esses detalhes humanizam aspectos mais frios da viagem espacial, e nos lembram que a humanidade ocupa um lugar frágil no cosmo. Mas que os humanos também são capazes de sobreviver às condições mais difíceis.

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O elenco também é incrivelmente diverso, num sentido global. Dois dos personagens principais são mulheres não brancas: Naomi Nagata, interpretada com uma força e comando incríveis por Dominique Tipper, é a brilhante engenheira-chefe de várias espaçonaves onde o elenco principal se vê. Shohreh Aghdashloo dá uma performance poderosamente fria como Secretária-Geral das Nações Unidas. Em qualquer trecho de dez minutos da série você vai ouvir sotaques do mundo inteiro — Nova Zelândia, América do Sul, Reino Unido — vindo da boca de personagens não brancos. Os belters até têm seu próprio dialeto.

Muito disso é crédito dos autores dos livros, mas também do produtor-executivo Naren Shankar, que começou como roteirista do também diverso Jornada nas Estrelas: A Nova Geração. A falta de preconceitos baseados em raça e gênero nesse futuro imaginário permite que a série dramatize de maneira muito eficiente o preconceito entre facções de Marte, Terra e belters. A série é um sopro de ar fresco do whitewashing de personagens de outras franquias de ficção científica, como a adaptação de Terramar de Ursula K. Le Guin, que ela disse publicamente não ter gostado.

O enredo, elenco e atenção fanática aos detalhes — o roteiro supostamente contém um código de cores denotando a gravidade da cena — gerou uma base de fãs que foi bem longe para defender a série quando ela foi inicialmente cancelada em maio. Uma petição online “Save The Expanse” ganhou 138 mil assinaturas, e os fãs até contrataram um avião com uma faixa escrito “Salve The Expanse” para sobrevoar o Amazon Studios. Felizmente, a série foi acolhida pela Amazon e vai voltar para uma quarta temporada.

Melhor ainda, The Expanse está disponível em streaming agora, só esperando para fazer novos convertidos.

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