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Oito mitos sobre o HPV

Esclarecendo os fatos sobre a DST mais comum do mundo.
MS
Traduzido por Marina Schnoor
Viktor Solomin / Stocksy.

Matéria originalmente publicada no Tonic .

Primeiro, uma coisa que não é mito: há uma boa chance de você contrair HPV durante a vida.

Não é alarmismo ou exagero, só um fato. Desculpe. É a DST mais comum do mundo. Pesquisa do Ministério da Saúde brasileiro aponta que 54,6% dos brasileiros de 16 a 25 têm HPV: “HPV é tão comum que quase toda pessoa sexualmente ativa vai pegar o vírus em algum ponto da vida se não tomar a vacina para a doença”, diz James Rocco, pesquisador de HPV e professor da Escola de Medicina da Ohio State University, nos EUA. E mesmo que nem toda cepa de HPV cause câncer, mais de uma a cada cinco pessoas estão infectadas com o tipo que causa. Vale lembrar que, no Brasil, uma vacina contra o HPV é ofertada gratuitamente em postos de saúde.

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Considerando tudo isso, é estranho que haja uma grande falta de conscientização sobre o básico da doença — é o tipo de desinformação em larga escala.

“Uma das coisas que me surpreendem no trabalho é que ainda muitas pessoas não têm ideia [sobre o HPV] na primeira visita”, diz Rocco. “Eu diria que pelo menos um terço dos pacientes, quando digo 'Ei, isso pode estar vindo do HPV', ficam surpresos.”

Você não quer ser um dos pacientes do Rocco que na volta pra casa pesquisam a doença no Google só para se deparar com fatos e números complicados, então destacamos aqui alguns dos mitos mais universais sobre o HPV abaixo.

Eu? Sou homem. Claro que não corro risco.

Não quero dizer aquela coisa de “você não é especial”, mas não é mesmo. “Durante 2013 e 2014, o predomínio de qualquer HPV genital de alto risco entre adultos de 19 e 59 anos era de 45,2% e 25,1% em homens [nos EUA]”, segundo o CDC. Essas estatísticas não mentem. A vacina contra HPV disponível no SUS brasileiro também é destinada para meninos — é a principal forma de combate aos cânceres de pênis, orofaringe e ânus. A vacina também previne de 98% das verrugas genitais E você também precisa saber que a taxa de câncer relacionado a HPV está em ascensão entre homens.

A camisinha vai me proteger.

Sim, você deve usar camisinha. Infelizmente, não, ela não protege tão bem contra DSTs transmitidas pelo contato de pele. “A camisinha provavelmente oferece alguma proteção”, explica Rocco. “Mas não vai te proteger no sexo oral… e ainda há contato de pele ocorrendo.”

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Se seu parceiro contraiu HPV e você não, ele provavelmente te traiu.

“Às vezes essas coisas surgem quando tentamos… digamos, suavizar um conflito que pode ocorrer entre marido e esposa, se um dos parceiros tem a doença”, diz Rocco com cuidado. É uma das percepções mais comuns que contribuem com o estigma cercando o HPV. E também não é verdade.

Em geral, sim, HPV é uma DST, e é mais provavelmente — mas nem sempre — transmitida por atividade sexual. “Teoricamente, a doença pode ser causada por atividades sexuais menos íntimas — contato oral, beijos e coisas assim”, diz Rocco. “Teoricamente, você pode pegar HPV usando a escova de dente de alguém.”

O diagnóstico significa que você acabou de pegar HPV.

Esse mito se liga ao de cima — mas Rocco diz que não sabemos o período de latência do vírus.

“Acho que uma das coisas que é difícil para as pessoas entenderem é que não temos como saber se a exposição foi muito tempo atrás (particularmente para homens) ou recente… e talvez essa incapacidade de responder a essas perguntas seja a raiz de alguns desses equívocos”, diz Rocco.

Quando as taxas de câncer relacionados ao HPV em homens começaram a subir, ele diz que a ideia inicial era que esses casos deveriam ser recentes — que o paciente devia ter feito sexo oral com uma mulher com HPV num passado não muito distante. (Voltando a questão da traição.) Mas a maioria das mulheres é exposta ao vírus no começo da vida sexual — tipicamente no final da adolescência e começo da faixa dos 20 anos, explica Rocco — o que provavelmente também é verdade para homens.

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O teste para DSTs deu negativo? Você está seguro.

Ah, como eu queria te dizer que isso é verdade. Mas a gente boa do Planned Parenthood vai te dizer que testes de rotina para DSTs incluem HIV, sífilis, gonorreia, clamídia e hepatite B e C. (Às vezes herpes.) Mas não há um teste para HPV amplamente disponível, e a maioria dos profissionais de saúde não acrescentam HPV aqui — sim, mesmo para mulheres — a menos que o papanicolau volte com resultados preocupantes.

OK, tenho HPV. Sem problema, é só tratar.

Essa DST é mais complexa porque é um vírus, não uma infecção. Você pode tratar os problemas associados (verrugas, lesões, etc.), mas não existe tratamento para o HPV. (Tipicamente, ele some sozinho, geralmente dentro de alguns anos.)

Vacina de HPV faz o sexo entre os jovens decolar.

Essa é a favorita entre o pessoal da direita religiosa por aí, mas não há nenhuma evidência de que os ditos jovens vacinados estão fazendo sexo mais cedo ou com mais parceiros.

Um diagnóstico de HPV significa câncer.

“Mesmo com os casos de câncer crescendo e mais pessoas apresentando isso, o risco de uma infecção em particular de HPV levar ao câncer ainda é bem baixo”, diz Rocco.

Na verdade, aqui tem uma reviravolta estranha — se você for diagnosticado com câncer, você vai querer que seja relacionado a HPV, “em vez de relacionado com fumar, por exemplo”, diz Rocco, “porque a taxa de cura é muito maior para câncer relacionado com HPV. Isso significa uma melhora na taxa de sobrevivência”.

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