Pedrógão Grande: os sonhos também nascem das cinzas
Castanheira de Pera. Todas as fotos por Ricardo Graça/Jornal de Leiria

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Pedrógão Grande: os sonhos também nascem das cinzas

Depois da chuva de lume, a população dá os primeiros passos para reconstruir a normalidade e ultrapassar a dor. Para trás fica um tornado de chamas que semeou enigmas

Este artigo foi originalmente publicado no JORNAL DE LEIRIA e a sua partilha resulta de uma parceria com a VICE Portugal.

Há uma coluna de fumo negro que se ergue no horizonte. Do lado de lá da encosta, onde as chamas comem tudo o que podem, fica a aldeia de Sobreiro. Estamos a meio da tarde de segunda-feira, dia 19, e as frentes de fogo continuam a eclodir no concelho de Pedrógão Grande. As sirenes disparam, os Canadair rasgam os céus a baixa altitude e os bombeiros invadem a povoação com o objectivo de defender bens e pessoas. Algumas choram, ao verem as habitações ameaçadas e o fruto do trabalho na terra desaparecer em minutos. As labaredas estão ali, a escassos metros. Hortas, pinhais, tudo arde no meio da confusão semeada vento fora.

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"Vamos ver se se safa alguma coisa", afirma Rodrigo Luís. O pai é madeireiro, a família depende da floresta. "Vamos ter que aguentar, salvar as casas". Ali perto, Aduzinda Féteira, que acaba de regressar, vinda de Viana do Castelo, não consegue esconder a aflição, enquanto entra e sai da residência. "Tenho uma horta aí em baixo que já deve estar queimada. Graças a Deus estão aqui os bombeiros, sinto-me um bocadinho mais segura. Isto é horrível".

O grande incêndio de Pedrógão Grande, que só ontem, quarta-feira, 21, ao quinto dia, foi dominado, teve início no sábado, 17, pelas duas da tarde. De acordo com a Polícia Judiciária (PJ), as portas do inferno abriram-se na povoação de Escalos Fundeiros, que fica escondida num pequeno vale no norte do concelho. Na origem do que veio a tornar-se o mais mortífero e violento fogo florestal em Portugal nas últimas décadas, segundo a PJ, esteve uma trovoada seca, que cortou ao meio uma árvore. Com temperaturas a rondar os 40 graus, humidades relativas muito baixas e ventos fortes, as chamas rapidamente galgaram quilómetros, apanhando populações inteiras desprevenidas.

Mas em Escalos Fundeiros nem todos acreditam na versão da Judiciária. "Não ouvi trovoada nenhuma", garante Maria Rosa Onofre, de 74 anos, que tem a sua própria teoria. "É mão criminosa, só pode ser". O mesmo diz o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses. Sem confirmar a fonte de ignição para tantos dias e noites de sobressalto, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) reconhece que há registo de descargas eléctricas na zona de Pedrógão Grande no sábado. Alguns especialistas dizem que é necessário mais tempo para compreender o que aconteceu. Falam em efeito chaminé, circunstâncias meteorológicas e dinâmicas geofísicas invulgares. E há sobreviventes que descrevem uma autêntica chuva de lume, com explosões e projecções.

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Num território de montes e vales cobertos de floresta e mato, o incêndio propagou-se a uma velocidade que terá surpreendido os próprios bombeiros e a Protecção Civil, além dos habitantes das aldeias de Fontainhas, Troviscais, Mosteiro, Salaborda Velha e Salaborda Nova, Vale da Nogueira, Casal de Além, Vila Facaia, Várzeas, Barraca da Boavista, Nodeirinho, Pobrais e tantas outras, atingidas no primeiro embate. As mortes já confirmadas ocorreram na sua maioria, alegadamente, no sábado, de tarde e ao início da noite. Só Pobrais, Nodeirinho e Várzeas perderam, cada qual, mais de uma dezena de moradores. Pelos piores motivos, a Nacional 236-1 fica conhecida como estrada da morte – a lembrar os que ali soçobraram, encurralados nos carros pelas chamas, quando tentavam fugir.

Nas horas de maior terror, os relatos apontam para um cenário dantesco: povoações cercadas e isoladas, sem ajuda dos bombeiros, fogo a surgir de todas as direcções, aldeias sem electricidade, água e comunicações, impossibilitadas de contactar com o exterior, inúmeras estradas cortadas, incluindo o IC 8, a principal via de atravessamento da região, famílias inteiras desfeitas, mortos e desaparecidos. Ainda no sábado à noite, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a Ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, e o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, deslocaram-se para o epicentro dos acontecimentos.

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Expuseram-se ao risco para chegar ao posto de comando instalado na zona industrial de Pedrógão Grande, não só porque faz parte da missão que lhes está confiada, mas também porque começavam a compreender a dimensão da catástrofe no terreno. O governo pediu esclarecimentos por alegadas quebras no sistema de comunicações do Estado (o Siresp) que ajudariam a explicar dificuldades no combate e na estratégia.

Nos dias seguintes, o incêndio com origem nos Escalos Fundeiros, que chegou a ter quatro frentes activas, consumiu um território que inclui manchas dos concelhos de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, obrigando a evacuar mais aldeias. Há centenas de desalojados. Nas áreas em rescaldo, sobra um imenso manto negro, pontuado por habitações ardidas, carcaças de carros, postes e cabos de electricidade tombados na estrada, eucaliptos e pinheiros sugados até ao chão e infra-estruturas reduzidas praticamente ao zero, que aos poucos começam a ser reparadas. Elementos da GNR, Polícia Judiciária, Exército e Instituto de Medicina Legal fazem no terreno o levantamento, buscas e identificação das vítimas.

Terça e quarta-feira, outro fogo florestal de grandes dimensões, a lavrar na zona de Góis, também ameaçou pessoas e bens. E ao longo dos últimos dias os vários incêndios na região destruíram zonas de outros concelhos vizinhos, como Alvaiázere, Pampilhosa da Serra, Penela e Sertã.

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Três dias de luto nacional, para não esquecer as circunstâncias em que morreram 64 pessoas (incluindo crianças, famílias inteiras e um bombeiro de Castanheira de Pera ) e outras 180 ficaram feridas (sete em estado grave), de acordo com o balanço oficial à data de quarta-feira. "O inferno de que falavam na igreja quando eu era pequeno foi vivido ontem", descreveu, no domingo, o presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande, Valdemar Alves. Um fogo ávido, cruel e descontrolado que invadiu tudo e todos. Com uma área ardida equivalente a 30 mil campos de futebol e os concelhos de Pedrógão Grande e Figueiró dos Vinhos, já antes penalizados pela desertificação e falta de oportunidades, praticamente reduzidos a cinzas, o grande incêndio de Escalos Fundeiros dá agora lugar à inevitável reconstrução da normalidade. Bem ou mal, a vida tem de continuar.

Desalojados sobreviveram ao impossível

Como é que se escapa a um incêndio que parece anunciar o fim dos tempos? Onde é que se escondem os sonhos que o fogo ameaça roubar e os corpos em que a esperança resiste? "Quietinhos, num cantozinho no rés-do-chão". E na rua, em fuga, quando as chamas se apoderam das paredes erguidas com sementes de tristeza e felicidade, dia após dia, mês a mês, ano a ano.

"Quando vi levantar a chapa, começou logo a arder o forro da varanda. Automaticamente, espalhou-se para a cozinha. Conforme começaram a cair os bocados de madeira, rebentou a garrafa do gás e a casa ardeu toda, ficou-se sem nada", conta David Godinho, morador em Figueira e um dos desalojados acolhidos no centro de apoio psicossocial e de realojamento instalado na Santa Casa da Misericórdia de Pedrógão Grande.

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Na habitação estava ele, a sogra, a filha de 11 anos e o filho de 13. "Quietinhos, num cantozinho no rés-do-chão". Só a mulher, Anabela Paiva, se encontrava fora, em Pedrógão Grande. Daí o único bem que salvaram: o carro que ela levou para o trabalho. "Não temos mais nada".

Como em tantas outras aldeias, também em Figueira o incêndio deixou os habitantes sem meios de contacto com o exterior. Isolados na noite mais escura de sempre. "Lembrei-me que ela se ia meter ao caminho e ficar no meio do fogo porque estava tudo a arder. Até às 11 horas ainda consegui ter contacto com ela, a partir daí não consegui mais. Até que me chegou lá uma ambulância eram 7 horas, que nos trouxe para o centro de saúde, para virmos receber oxigénio", relata David Godinho, a voz num esqueleto frágil, que parece impossível conter tanta resiliência. Depois do fogo, ele, a mulher, os filhos e a sogra dormiram nas instalações da Santa Casa da Misericórdia de Pedrógão Grande, onde têm recebido apoio psicológico, comida, roupas e as primeiras informações sobre a habitação temporária que lhes vai ser atribuída.

Cerca de 70 pessoas passaram ali as noites no fim-de-semana. É à porta deste centro operacional que Paula Carvalho encontra o irmão, após um dia inteiro de buscas. "É importante haver um bocadinho de humanidade, isso não existiu e entristece-me", explica. Apesar de adulto, Mário precisa da ajuda de terceiros. Sábado ficou retido na residência da família localizada em Marinha, pelas chamas que cortaram todos os acessos à povoação. Só na manhã de domingo Paula Carvalho conseguiu passar, trazê-lo de casa e deixá-lo em segurança, com outros desajolados e equipas técnicas, em Figueiró dos Vinhos. Mário acabaria por seguir para o Centro Hospitalar de Coimbra, a fim de receber tratamento por causa da exposição ao fumo.

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Deram-lhe alta na segunda-feira bem cedo, mas despejado na sala de espera, sozinho. E os caminhos da família começaram a desencontrar-se. Alguém o encaminhou para Pedrógão Grande, enquanto a irmã o procurava em Figueiró dos Vinhos e depois em Coimbra. Horas de angústia e incerteza, até ao reencontro, ao final da tarde.Na sequência do incêndio que deflagrou sábado ao início da tarde em Escalos Fundeiros, as autoridades instalaram cinco centros para receber as pessoas afectadas pela calamidade, em Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera, Avelar e Ansião. Para receber desalojados e familiares à procura de informação, garantir aos sem casa sítios seguros para passar a noite, e devolvê-los a casa quando já era possível, distribuir comida, água, roupas e medicamentos e assegurar a todos o apoio psicológico e social indispensável.

Pobrais chora 11 mortos e combateu as chamas pelos próprios meios

As palavras que Georgina Carvalho vai dizer a seguir referem-se ao momento em que os habitantes de Pobrais se viram isolados do resto do mundo, à mercê do fogo, e tudo o que não devia acontecer começou a acontecer: os telemóveis calaram-se, a luz apagou-se e a água deixou de jorrar das mangueiras. Havia vento, fumo, um calor de fogueira e o ruído assustador das chamas a mastigarem a aldeia cada vez mais perto das habitações.

"Vinham troncos a arder no ar e caíam onde calhava", descreve a mulher de 77 anos. Viúva, sozinha à hora do incêndio, entregou-se a uma coragem inexplicável quando as labaredas começaram a lamber as casas da Rua da Ribeira, pelas 17 horas de sábado, dia 17. "A primeira casa a arder foi aquela, morreu o rapaz que lá vivia. E depois encostou-se aqui", explica. Está convencida que "a mão divina" a protegeu do pior destino. "Nunca me enervei, nunca tive medo, entreguei-me a Deus".

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Enquanto Pobrais, no concelho de Pedrógão Grande, se transformava num cenário de guerra, os filhos de Georgina Carvalho começaram a aperceber-se da tragédia a centenas de quilómetros de distância, através das notícias que chegavam aos media nacionais. Mas nunca conseguiram falar com a mãe por telemóvel. O fogo destruiu antenas e linhas de comunicações, deixando famílias inteiras sem contacto. "É terrível o que a pessoa sente. E depois perceber que não havia forma de lá chegar", descreve Silvério Almeida, que estava em Lisboa, onde reside. Só acalmou quando viu a mãe numa reportagem de televisão, sã e salva. O primeiro familiar a bater à porta de Georgina Carvalho acabou por ser um neto, já noite dentro.

.Em Pobrais morreram 11 pessoas, um terço da população. Dez fugiram de carro, só para perderem a vida algumas centenas de metros à frente, na chamada estrada da morte, a N236-1, cercados pelo lume que chovia de todos os lados. Jaime e a mulher Fátima, o filho Ricardo e a nora Ana; também duas primas, que eram madrinha e afilhada, ambas Anabela; e Manuel Fidalgo e a mulher Aurora, o filho Fernando e a nora Arminda, todos acima da meia idade, que moravam fora, mas se encontravam de fim-de-semana na aldeia. Na porta ao lado, os vizinhos escaparam ao horror por motivos que são uma espécie de espelho sem moral: têm residência fixa na povoação, mas ausentaram-se durante o fim-de-semana.

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Avança-se pela Rua da Ribeira, 48 horas depois. Continua a faltar a electricidade, sobram as evidências do mal: há carros queimados até ao esqueleto, habitações reduzidas a ruínas, existências interrompidas pelo vazio. "Foi uma questão de segundos", conta Ondulina Fernandes, 64 anos, que tinha a neta consigo. "Houve pessoas que pegaram nos carros porque isto era só lume, lume, lume, e chegaram lá acima e ficaram". Ondulina chegou a pensar fazer o mesmo, mas deteve-se. "Foi um milagre".

Ao Largo da Eira afluem todas as conversas sobre o dia mais negro na história de Pobrais. À falta de bombeiros, por ali combateu-se o fogo com baldes de água. "Nunca imaginámos que cá chegava, mas chegou e depressa". Maria Emília Vaz, 73 anos, recorda as últimas palavras que escutou aos vizinhos falecidos na N236-1: "Ouvia o Ricardo a chamar: mãe, vamos embora, que morremos aqui queimados. Até que foram". A casa começou a arder logo que eles saíram.

Em Pobrais, quase todos são familiares e todos se conhecem bem. Além da dor que a morte instala, a população vê desaparecer sem aviso todas as hortas, pinhais e campos de cultivo em que baseia a subsistência. Silvério Almeida sublinha que é urgente preparar quem habita em regiões de risco. Sabe do que fala, porque faz parte de um grupo de cidadãos parceiro da Protecção Civil. Distribuir kits de emergência com água, máscaras, rádio e extintores, informar e formar as pessoas, de modo a estarem preparadas quando o inimigo lhes sopra ao ouvido. Se nada voltar a ser como era, ao menos que o futuro não imite o passado.

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Nodeirinho: "Este demónio veio estragar tudo"

Amadeu Gomes está de pé no lugar onde o destino encurralou o genro, Sidel Belchior, de 37 anos. "Morreu aqui, a 500 metros de casa, com o telemóvel na mão". No carro devorado pelas chamas também seguia um sobrinho de Sidel, o Rodrigo, de quatro anos, que não resistiu à fúria do fogo quando as portas do inferno se abriram. Os pais da criança tinham casado há oito dias e encontravam-se em lua-de-mel no estrangeiro quando tudo aconteceu.

As estradas secundárias que descem desde a Nacional 236-1 até Nodeirinho, aldeia que chora 11 mortos, serpenteiam através da ausência tingida de negro. Um território irreal, sem vida, de outro mundo, com troncos carbonizados e solos cobertos de cinzas. De tempos a tempos há destroços de árvores deitados sobre o alcatrão e a terra queimada a fumegar como chaminé de caldeira vulcânica. Depois de uma curva, é impossível avançar mais. É aí que encontramos Amadeu Gomes, junto à carcaça do carro que ofereceu como prenda de casamento. "Este demónio veio estragar tudo", afirma, sobre o incêndio que lançou a filha, Ana Sofia, numa viuvez precoce e inesperada.

Era uma e meia da manhã e a família preparava-se para regressar a Lisboa depois de uns dias de descanso em Nodeirinho, no concelho de Pedrógão Grande. Sidel Belchior saiu com o sobrinho Rodrigo alegadamente para avaliar a situação, mas, no regresso, colidiu com outro veículo, cujo condutor também faleceu. À frente, um pinheiro atravessado sobre a estrada, de ponta a ponta. A filha de Amadeu Gomes, que tinha ficado na habitação, ainda atendeu um último telefonema, só para ouvir o próprio nome: "Ana". E depois o silêncio. Seria resgatada já de madrugada e transportada para a Santa Casa da Misericórdia em Pedrógão Grande.

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Em Nodeirinho, povoação com três dezenas de habitantes, morreram pelo menos 11 pessoas, incluindo uma avó e a neta de dois anos. Dos que tentaram fugir, alguns morreram na estrada. Os que ficaram viram-se obrigados a defender bens e vidas pelos próprios meios. Noite dentro, sem comunicações nem electricidade, sem acesso a água e sem auxílio dos bombeiros, valeu o tanque de um dos habitantes para evitar males maiores. Há animais mortos, campos dizimados, casas ardidas e veículos destruídos pelas chamas. E uma imensa sensação de injustiça.

A estrada para o inferno

Num curto troço da estrada nacional 236-1, que liga Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, morreram dezenas de pessoas – 47, segundo dados oficiais, ou seja, a maioria das mortes já confirmadas e atribuídas ao incêndio que deflagrou sábado em Escalos Fundeiros. Nalguns casos, famílias inteiras presas pelo fogo quando procuravam um caminho de fuga. Os corpos foram encontrados tanto na estrada como no interior dos veículos carbonizados.

Entre os que faleceram, há turistas que vinham de Castanheira de Pera, da Praia das Rocas. Outros escolheram a N236-1 porque o IC8 estava cortado ao trânsito, precisamente devido ao avanço das chamas. O primeiro-ministro, António Costa, quis saber os motivos para a N236-1 se encontrar aberta, na resposta a GNR disse que "o fogo atingiu a estrada de forma absolutamente inusitada e repentina". Mas muitos dos que faleceram vinham em fuga das aldeias em redor, acabando por encontrar a morte depois de percorrerem apenas algumas centenas de metros até chegarem à N236-1, que se revelou uma armadilha.

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Mário Pinhal, um dos poucos sobreviventes da estrada da morte, disse à SIC que tomou a "decisão errada" quando abandonou a casa de férias na povoação de Várzeas. A mulher e as duas filhas adolescentes morreram na N236-1, no interior do automóvel onde viajavam. Ele seguia noutra viatura e sobreviveu, com os pais e uma tia. "Andei para a frente e para trás ao longo de uns 500 metros. Vi carros desfeitos, fiz marcha atrás, mas abalroaram-me. Vi uma pessoa a abandonar o carro com o cabelo a arder, a roupa a arder. O carro que nos tinha abalroado ficou em chamas. No carro onde estava, os retrovisores começaram a derreter. Quando conseguimos sair, já estavam os carros todos a arder. Os pneus explodiam. Acho que fomos os únicos sobreviventes", disse ao Público.

Abaixo podes ver mais imagens captadas pelo repórter fotográfico do Jornal de Leiria, Ricardo Graça. Cláudio Garcia é jornalista do Jornal de Leiria.