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Tecnologia

Enfim Podemos Determinar Quais Eram as Cores dos Dinossauros

O grande debate paleontológico está encerrado.
Arte conceitual do Anchiornis. Crédito: Matt Martyniuk

Nos últimos anos, os paleontólogos conseguiram reconstruir as cores das penas dos dinossauros por meio da análise de pequenas estruturas de pigmentos preservados nos fósseis.

Entretanto, no ano passado, uma equipe liderada pelo paleontólogo Alison Moyer publicou um artigo na Nature em que argumentava que essas estruturas poderiam muito bem ser micróbios fossilizados junto de outros animais em decomposição, e não um componente das células dos animais.

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O estudo, dentre outros, acendeu um intenso debate entre os cientistas acerca da natureza das estruturas e questionou os resultados prévios que diziam respeito às cores dos dinossauros.

A dúvida parece ter acabado agora. Nos últimos dias, uma equipe provou que as estruturas são, de fato, as estruturas da pigmentação dos dinossauros. Em um estudo novo publicado na última sexta-feira na Scientific Reports, a equipe produziu evidências moleculares de que as estruturas não foram contaminadas por micróbios. O resultado: sim, nós podemos decodificar as cores de animais extintos a partir de seus restos encontrados na terra.

"Este é o prego que faltava no caixão, a última evidência de que precisávamos", me disse pelo telefone o paleontólogo Ryan Carney, coautor do artigo. "Foi muito gratificante chegar até aqui."

Carney lidera a pesquisa sobre as cores dos dinossauros e ajudou a criar uma técnica chamada ToF-SIMS, que identifica os "melanossomas", estruturas que as células usam para produzir e distribuir o pigmento melanina. Ele lidera a equipe que identificou a cor das penas do Archaeopteryx (preto fosco, caso você esteja se perguntando) e também é coautor do artigo sobre a cor da pele de répteis marinhos já extintos.

Para provar que as estruturas que eles vêm observando são melanossomas, Carney e seus colegas testaram o fóssil de um dinossauro parecido com um pássaro pequeno chamado Anchiornis huxleyi, que viveu há 150 milhões de anos onde hoje é a China.

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"Escolhemos o Anchiornis porque foi o primeiro dinossauro a ter toda a plumagem do corpo reconstruída, o que também mostrou evidências de ter tanto eumelanossomas e feomelanossomas – ambos tipos do principal pigmento de melanina", Carney me contou.

"Testamos duas classes diferentes – e três tipos diferentes de melanina – da bactéria", ele continuou. "A técnica ToF-SIMS permite tirar a impressão digital das moléculas para obter uma assinatura única delas."

"Descobrimos que há uma distinção clara entre a melanina microbial e o que encontramos nos fósseis", ele afirmou. "Podemos concluir que se trata de melanina do tipo animal. Não descobrimos outras moléculas bacteriais."

Em outras palavras, aprender a identificar estruturas indicadoras de cores nos animais podem completar nossa concepção de bichos extintos de maneiras inimagináveis.

"No momento, estamos descobrindo melanossomas em uma variedade de tecidos de olhos, penas e pele, em todos os tipos os animais ao longo de um grande recorte temporal e geográfico", afirmou Carvey. "Utilizar essas tecnologias novas para descobrir as biomoléculas presas nesses fósseis há milhões de anos é a chave para reconstruir não somente sua pigmentação, mas a forma como viveram."

Estudar a pigmentação pode esclarecer todos os tipos de informações sobre a aparência de um animal extinto, seu comportamento e as interações com um ecossistema mais abrangente. Um exemplo: descobrir que o Microraptor era iridescente sugere que ele era um animal ativo durante o dia, quando suas penas sensíveis à luz seriam mais eficazes. "Buscar outras moléculas e pigmentos, e as unindo com espécimes novas, excepcionalmente preservadas, é o caminho a seguir", Carney afirmou.

Fica a dúvida: qual será o próximo dinossauro a ter suas cores reveladas? Espero que seja o bizarríssimo Terizinossauro – ele deve ter níveis absurdos de penas bizarras a ser descobertos.

Tradução: Amanda Guizzo Zampieri