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Enfim, o papo com Brookes deu liga e amarrou vários aspectos da vida dele. A ética das escolas inglesas de elite, o sonho dele de deixar a França um pouco mais britânica e americana nesse quesito, seu internacionalismo. O espírito cosmopolita dele não era muito profundo, mas era bastante sincero.A verdadeira força motriz foi o ideal de ética das escolas inglesas, reviver os jogos olímpicos com base nisso. Sabe, ele sempre curtiu o lado espiritual e religioso da coisa. Isso não aparece nos livros da história olímpica. O aspecto dos jogos antigos que de Coubertin resgatou — ainda que não muito, e ele inventou boa parte desse causo — foi a experiência religiosa para aqueles que estavam presentes. A proposta era se divertir, acompanhar corridas, encontrar colegas e, claro, louvar Zeus. Isso tinha um significado profundo para os participantes. O atleticismo fazia parte de uma experiência espiritual, religiosa. E de Coubertin imaginava os jogos olímpicos como uma espécie de renascimento, um neo-helenismo, uma forma de culto semirreligioso entre cavalheiros atléticos. E esse é o cerne da visão dele. Sua maior motivação era encontrar um lugar no mundo para celebrar isso. E ele descreveu os jogos como uma exibição de virtudes masculinas, com o aplauso discreto das mulheres como recompensa.E claro, no começo, a Olimpíada era um evento majoritariamente branco e masculino…Não precisamos de padrões absurdos assim, essa escala toda
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O COI tomou as rédeas da representação do mundo através do esporte por conta de sua posição privilegiada de poder no começo nos anos 1800 e no começo dos anos 1900, e agora precisa lidar com o espólio da vitória. Isso não é um direito indelével; ninguém é intendente vitalício. É algo que precisa ser conquistado, não presumido. Os caras torraram os últimos tostões de capital moral e político, e agora ando com vontade de reivindicar. Dizer que nós queremos o esporte de volta, em vez de simplesmente dar as costas e sair andando.Com os jogos do Rio prestes a começar, como você acha que os fãs deveriam lidar com as Olimpíadas, que está repleta de problemas, mas ainda é um espetáculo esportivo cativante?Uma boa dose de ceticismo, um senso de humor esplêndido e uma noção profunda de história, creio eu, são os equipamentos essenciais para ligar a televisão. Acho que ainda não é hora do telespectador boicotar os jogos, embora acredite que talvez seja o caso da Copa do Mundo do Catar, em 2022.Eu aconselharia as pessoas a prestarem atenção nas vozes da própria cidade do Rio de Janeiro, pessoas que trabalham e vivem nas favelas, que têm uma perspectiva local. Deem uma olhada no que o movimento local antiolímpico, o Comitê Popular, tem a dizer. Você pode concordar ou discordar, mas tente escutar o maior e mais diverso leque de vozes possível.Também aconselho os fãs do esporte a não sentirem culpa, não carregarem esse fardo. Não acho que assistir ao evento seja conivente. Basta ter um olhar crítico, ler sobre o assunto e encorajar outras pessoas a refletirem junto. Como poderia ser a Olimpíada? Não precisa ser assim. Gostamos de alguns aspectos do evento, mas há mil pontos irritantes e incômodos e injustos. É o momento ideal para dizer: como podemos fazer diferente? Como seria a Olimpíada ideal? É hora de dar asas à imaginação.Tradução: Stephanie FernandesAconselharia as pessoas a prestar atenção nas vozes da própria cidade do Rio, pessoas que trabalham e vivem nas favelas, que têm uma perspectiva local