Celebrando os Grandes Combovers da Ásia

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Celebrando os Grandes Combovers da Ásia

O artista australiano Paul Schonberger está lançando um novo livro sobre os carecas cabeludos de meia-idade da Ásia.

Todas as imagens por Paul Schonberger.

O artista australiano Paul Schonberger está lançando um novo livro chamado Up and Over. O livro é sobre combovers, especialmente os combovers de homens de meia-idade da Ásia. Só para esclarecer: ele não está tirando os caras. Nem apresentando uma imagem triste de glórias passadas. Ele aborda isso como uma parte negligenciada da sociedade, uma parte que vale a pena ser celebrada. Quando falei com o Paul por telefone, ficou claro que ele coloca esses tiozões num pedestal, chegando a sugerir que não é digno de se juntar a essa grande fraternidade careca que ele tanto ama.

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VICE: Esse projeto é algo que você tinha planejado ou algo que viu no seu trabalho e que se tornou o foco com o tempo?
Paul Schonberger: Originalmente, isso era só um hobby. Eu estava fotografando, principalmente na Ásia, e me inspirei em todas essas personagens excêntricas. Você pode até chamar isso de stalking, mas de um tipo mais amigável. O livro definitivamente não foi planejado.

Honestamente, sou inspirado por gente idosa no geral. O que eles estão fazendo, o que eles são e os visuais que eles usam no cotidiano.

Homens mais velhos tendem a demonstrar um nível maravilhoso de foda-se. Vi um tiozinho outro dia usando camisa social e gravata, o cabelo muito bem penteado e a calça de moletom mais confortável que já vi.
Você tem razão, eles não dão a mínima. Sim, há humor, mas estou colocando esses caras num pedestal. Acho que deveríamos estar admirando esses tios e olhando para eles como líderes do estilo.

Também parece mais fácil para os mais velhos construir uma camaradagem. É como se eles fossem de uma fraternidade dos carecas.
Muitos deles estão superconfortáveis em ser quem são. Eles estão felizes por estar vivos e não se preocupam muito com outras merdas. Eles simplesmente estão por aí, jogando xadrez ou seja lá o que eles fazem.

Suas fotos são principalmente do Japão, da China, da Coreia e de Singapura. Quais as principais diferenças que você notou entre cada país?
Acho que depende mais da área onde você está, da classe trabalhadora, empresarial, etc…

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Existe uma divisão de classes entre grupos diferentes de combover?
Sim, eu diria que há uma divisão de classe. Alguns caras têm orgulho, mas em outros você sente todo um nível de paranoia e negação – é fascinante. A preparação envolvida em alguns desses combovers é loucura.

Também há várias terminologias para isso na Ásia: o código de barra, o oito pra dois, o polvilhado e o tinta spray. A lista continua.

Acho que não tem uma solução melhor. Implante capilar geralmente fica péssimo.
Você vê muitos atletas carecas por causa das drogas de performance ou seja lá o que eles tomam. Acho que o combover é a melhor solução, mas não sei se sou digno de ter um.

Andre Agassi usou peruca por anos, ele era totalmente paranoico com sua imagem e os milhões que fazia disso. Mas ele acabou dizendo "Olha, gente, sou careca". Mas eu jogaria todo esse dinheiro de publicidade nesses tiozinhos sentados por aí, acho que eles merecem muito mais.

Para qual parte da Ásia você está morrendo de vontade de voltar?
Tem uma área na Coreia onde tirei muitas das fotos. Tem uma molecada fazendo coisas interessantes lá – mas um monte de moleques chatos também. Os idosos ficam na rua até 2 da manhã, ouvindo música ao vivo, comendo comida de rua, vestidos do jeito que querem e com os combovers mais loucos.

É lindo ver gente que não só se veste como se não desse a mínima, mas que realmente não dá a mínima.
Eles estão cuidando da própria vida e se divertindo simplesmente por estarem vivos. Curtindo a vida a cada dia até baterem as botas.

Entrevista por Ben Thomson. Siga-o no Instagram.

Tradução: Marina Schnoor