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A "Marcha pela Dignidade" Espanhola Acabou em Treta

Vinte e nove pessoas foram presas no fim da Marcha pela Dignidade, protesto que reuniu dez mil pessoas em Madri contra os altos níveis de desemprego do país. O dia acabou num caos de gás lacrimogêneo, balas de borracha e vidro quebrado.

No sábado, seis colunas de desempregados, que vinham marchando para Madri de todos os cantos da Espanha nas últimas semanas, finalmente chegaram à capital. Dez mil pessoas se juntaram ao protesto que marcou o fim da “Marcha pela Dignidade” contra os altos níveis de desemprego, que atualmente está em 26% – o que significa que 5,9 milhões de pessoas estão sem trabalho no país. Os manifestantes também encontraram milhares de policiais da tropa de choque esperando por eles, e o dia acabou num caos de gás lacrimogêneo, balas de borracha e vidro quebrado.

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Depois de horas de protestos barulhentos, a manifestação na Plaza Colón ainda estava movimentada quando os policiais começaram a gritar pelos alto-falantes: “Aqui é a polícia. Deixem a praça pacificamente”. Os organizadores da manifestação também começaram a gritar de seus alto-falantes, pedindo que a polícia não interrompesse o protesto.

Mas era tarde demais. Os enfrentamentos já tinham começado e as pessoas começaram a correr em pânico. Famílias, algumas com crianças em carrinhos de bebê, tiveram que se refugiar das pedras e balas de borracha trocadas entre os manifestantes e os 1.700 policiais da tropa de choque mobilizados para o evento.

A polícia não foi capaz de lidar com as centenas de manifestantes encapuzados, que responderam ao ataque policial com paralelepípedos, paus, chamas e fogos de artifício. Grupos de policiais acabaram encurralados e tiveram que usar gás lacrimogêneo para conseguir fugir. Barricadas improvisadas queimavam de modo intermitente, na avenida de mais de um quilômetro que separa a estação de trem Atocha e o local do protesto. Algumas pessoas usaram a oportunidade para quebrar vidraças de bancos e outros comércios, além de pichar mensagens de esquerda.

No pasarán, proclamava uma faixa no Paseo de Recoletos, perto de um acampamento estilo “Occupy” armado nas proximidades. A faixa se mostrou errada – um grupo de policiais passou por cima dos manifestantes que a seguravam, abrindo caminho com cassetetes e balas de borracha. Um pouco depois, os papéis se inverteram. Depois que a polícia avançou por uns 20 metros da avenida, uma coluna de manifestantes conseguiu fazê-los recuar jogando paus e pedras neles.

No final do dia, mais de 100 pessoas estavam feridas, 67 delas policiais – alguns até com dentes quebrados. Vinte e nove pessoas foram presas.

A marcha queria dignidade, mas os manifestantes também queriam ventilar a raiva acumulada por cinco anos de crise econômica.