meio-ambiente

Quão ruim é a situação das queimadas na Amazônia?

Em uma palavra: ruim. Em duas palavras: ruim pacas.
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Os incêndios florestais na Amazônia continuam nesta sexta-feira, tornando este o ano mais destrutivo para a floresta tropical da memória recente.

A Amazônia pega fogo todo ano, mas em 2019 as queimadas são as mais sérias numa década, com mais de 75 mil focos de incêndio desde o começo do ano. E apesar da atenção da mídia e protestos globais, as perspectivas não são nada boas. Este é o pico da temporada de seca na Amazônia, e a impressão internacional é que o presidente Jair Bolsonaro parece estar decidido a não levar o problema a sério.

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Aqui vai o que você precisa saber.

Quão ruim é a situação?

Em uma palavra: ruim.

Mapas dos incêndios mostram quão espalhados são os focos.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) diz que dados de satélite mostram um aumento de 80% nas queimadas comparado com a mesma época do ano passado. As regiões do Norte do Brasil são as que mais sofrem. Roraima viu um aumento de 141% nos incêndios, o Acre 138%, Rondônia 115% e Amazonas 81%, segundo a BBC.

As queimadas são parte de um aumento no desmatamento sob o governo Bolsonaro. Desde que ele assumiu em janeiro, a Amazônia perdeu mais de 3.400 quilômetros quadrados de floresta, um aumento de quase 40% do mesmo período do ano passado. Apenas em junho, a Amazônia perdeu uma área de floresta correspondente a metade de Rhode Island.

Os incêndios também criaram muita fumaça. E essa fumaça toda ajudou a afundar São Paulo – que fica a milhares de quilômetros de distância – numa escuridão no meio do dia esta semana.

Por que a situação é tão ruim?

Bom: foram pessoas que fizeram isso. Esse não é um desastre natural.

A agenda de Bolsonaro é pró-agronegócio, e sob a administração dele, madeireiros e fazendeiros se sentiram liberados para começar queimadas para limpar terras.

Alberto Setzer, cientista sênior do INPE, disse a CNN que 99% do fogo veio de ações humanas “seja de propósito ou acidentalmente”.

De sua parte, Bolsonaro não está levando o número recorde de incêndios muito a sério.

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“Vocês têm que entender que a Amazônia é do Brasil, não de vocês”, ele disse para um grupo de jornalistas estrangeiros mês passado. “Se toda a devastação que vocês nos acusam de fazer tivesse sido feita no passado, a Amazônia não existiriam mais, seria um grande deserto.”

E qualé a do Bolsonaro?

O presidente não está assumindo a responsabilidade pelos incêndios. Na verdade, ele está partindo pra ofensiva.

Por exemplo, o presidente francês Emmanuel Macron tuitou esta semana: “Nosso lar está queimando. Literalmente. A Floresta Amazônica – os pulmões que produzem 20% do oxigênio do planeta – está em chamas. Essa é uma crise internacional. Membros da cúpula do G7, vamos discutir essa emergência de primeira ordem em dois dias!”



Bolsonaro ficou ofendido que as nações do G7 – Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e EUA – possam falar sobre a Amazônia sem o Brasil presente.

“Lamento que o presidente Macron busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos para ganhos políticos pessoais”, Bolsonaro tuitou.

Ele acrescentou: “A sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI”.

Fora a picuinha com Macron, Bolsonaro se recusa a levar os incêndios a sérios. Esta semana ele começou uma bizarra teoria da conspiração – sem nenhum traço de evidência – de que ONGs que visam proteger a Amazônia na verdade estão provocando os incêndios para prejudicar a reputação do governo brasileiro.

“Essa é uma declaração doente”, disse Marcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace no Brasil, esta semana. “O aumento do desmatamento e queimadas é resultado da política anti-ambiental dele.”

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Tradução do inglês por Marina Schnoor.