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Andando sozinho pela rua, o haitiano Gregory Deralus, de 34 anos, sentiu algo estalar em sua perna, próximo ao joelho direito. "Achei que tinha levado uma pedrada", falou à VICE. "Quando cheguei em casa, passei a mão e vi que tinha sangue." No domingo pela manhã, ele foi até a igreja e relatou o acontecido. Nesse momento, ouviu seus "amigos de Deus" dizendo que outras pessoas também foram alvejadas na mesma noite. "Todo mundo me falou pra ir ao hospital fazer um exame." No sábado, Gregory sentiu dor e desconforto, mas garante que agora passa bem.
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Por e-mail, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que seis haitianos foram atendidos na última sexta-feira (7), no Hospital Municipal Doutor Carmino Caricchio, no bairro do Tatuapé. O motivo do atendimento médico teria sido por conta de "ferimentos causados por estilhaços de balas de chumbinho".De acordo com a pasta, dois haitianos "foram submetidos a exames pré-operatórios e passarão por procedimentos cirúrgicos para retirada de estilhaços na próxima semana", enquanto os demais foram liberados.XENOFOBIA OU RETALIAÇÃO?
Segundo o padre Paolo, que diariamente lida com imigrantes na região do Glicério, podem existir duas justificativas para a ocorrência. A primeira delas é xenofobia, já que muitas pessoas realmente acreditam na hipótese estapafúrdia de que imigrantes venham ao Brasil roubar empregos e espaço de quem nasceu por aqui. A segunda possibilidade seria retaliação, pois, de acordo com testemunhas ouvidas pelo padre, recentemente um haitiano teria socorrido uma mulher que estava sendo assaltada.Sob responsabilidade da Polícia Civil, o caso segue sendo investigado. Enquanto isso, haitianos e imigrantes que frequentam a região do Glicério convivem com o terror de que algo similar aconteça novamente.