2013
6/10 Quando te perguntaram o que querias ser quando fosses grande, o que respondeste? Eu já não me lembro, mas se me perguntarem o que quero ser quando me reformar, a resposta será: “Um dos gajos de RED 2: Ainda Mais Perigosos.” Estes cotas são duros de roer, mais implacáveis do que qualquer James Bond e ainda conseguem divertir-se à grande e à russa. Bruce Willis, John Malkovich e Helen Mirren voltam a encarnar os três agentes secretos considerados reformados e extremamente perigosos (Retired Extremely Dangerous — o RED do título, caso não tenhas percebido). Bem, reformados, salvo seja. Isto porque Victoria (Helen Mirren) continua a ser uma assassina meticulosa e implacável no auge da sua carreira e Marvin (John Malkovich) continua o mesmo psicótico paranóico a vigiar tudo e todos. Do grupo, apenas Frank (Bruce Willis) vive a sua reforma em paz, numa pasmaceira implacável para a sua mulher Sarah, que esperava algo mais empolgante ao casar com um antigo agente da CIA. É neste bucólico tédio que Marvin aparece, vindo do nada, a anúnciar o seu eterno “eles vêm ai”. Mas, desta vez, com razão, porque o grupo foi implicado num antigo caso chamado Nightshade, através de um dos documentos da Wikileaks. E quem fica contente com a noticia? Ah pois, é a Sarah, que está desejosa por ter um pouco de acção. O tal documento coloca a CIA, o MI6 e o Kremlin atrás dos três. Victoria é contratada para os matar, e, como se isso não bastasse, os americanos enviam Han, um coreano com muito mau-feitio e com um ódio em particular por Frank, contra eles. A grande questão aqui é: onde está a bomba nuclear que foi escondida em Moscovo? Mas claro que Frank e Marvin não sabem nada sobre o assunto. Começa uma volta ao mundo à procura de respostas, com muitas cenas de tiroteio e muita comédia de situação, principalmente comédia. Esta viagem pode ser resumida a um conjunto de sketches, tal como uma web-series, unido por transições gráficas no estilo de desenho do autor da banda desenhada original. Como um filme destes não pode correr bem sem mais ingredientes, junta-se ao grupo um velho cientista protagonizado por Anthony Hopkins e também Catherine Zeta-Jones numa explosiva femme fatale russa que é a Kryptonite de Frank — esta só para atiçar os ciumes de Sarah. RED 2: Ainda Mais Perigosos tem as mesmas doses de acção e comédia do primeiro filme, gritando em todos os momentos um glorioso “respeita os mais velhos”, porque um deles pode ser agente secreto reformado e partir-te o pescoço. Não pode ser chamado de blockbuster, mas é um filme honesto, bem-disposto que merece muito mais ser visto no cinema do que numa sessão de sofá e televisão numa tarde de um fim-de-semana qualquer.