Senado decide pelo impeachment de Dilma Rousseff por 61 votos a 20
Foto por Helena Wolfenson

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Senado decide pelo impeachment de Dilma Rousseff por 61 votos a 20

Uma segunda votação decidirá se Dilma perderá seus direitos políticos.

*Esta matéria será atualizada a medida que vierem novas informações.

Numa sessão quase dramática, o Senado Federal decidiu pelo impeachment final de Dilma Rousseff por 61votos contra 20, no início da tarde desta quarta-feira (31), marcando uma amarga derrota para a ex-presidente e o PT — e, talvez, também para a democracia brasileira.

Depois de uma longa sessão na terça-feira (30), com falas e encaminhamentos de votos de 66 senadores, a votação final do julgamento de Dilma Rousseff começou com o julgamento do mérito de um importante destaque proposto pela oposição, para separar a votação do impeachment da cassação de direitos políticos de Dilma. Depois de longa deliberação, Ricardo Lewandowski, ministro do STF que presidiu o processo, acatou o destaque e a votação foi feita em separado.

Na segunda votação, Dilma manteve seus direitos políticos, e vai poder ocupar cargos públicos e até mesmo candidatar-se, apesar de ter sofrido o impeachment. O placar da segunda votação foi de 42 votos a favor da perda de direitos políticos e 36 contra, com três abstenções. 16 senadores que votaram "sim" pelo impeachment votaram pela não-cassação dos diretos da ex-presidente, além dos três que se abstiveram. Na votação principal, duas surpresas. Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, que havia se abstido de votar durante todo o processo, votou pelo impeachment, enquanto Telmário Mota (PDT-RR), que votou consistentemente contra o impeachment em todas as fases, incluindo discursos com muita zoeira contra os senadores a favor da queda de Dilma, acabou mudando de lado na votação final.

Fernando Collor (PTC-AL), que votou a favor do impeachment, parecia estar participando de um psicodrama em relação ao seu próprio impeachment, realizado em 1992, dizendo-se triste por ter tido seus direitos "vilipendiados" na época. Lindbergh Farias (PT-RJ), em sua defesa final do governo Dilma, não se furtou em citar o pronunciamento de Tancredo Neves ao Congresso diante do golpe militar de 1964: "canalhas, canalhas, canalhas!". Ronaldo Caiado (DEM-GO), falando na sequência, acusou de "canalhas" o PT e o "bolivarianismo", soltando inúmeros perdigotos no microfone. Longe do Senado, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que presidiu o impeachment quando presidente da Câmara, soltou uma nota oficial dizendo-se "protagonista" do processo, que teria virado uma "página negra" na história do país. Em seu primeiro discurso depois de ser definitivamente afastada, Dilma voltou a falar em "golpe" e conclamou a militância de oposição a lutar e resisitr às prováveis mudanças de direitos que devem vir no governo Temer e citou Darcy Ribeiro: "não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores. A história será implacável com eles".

Imediatamente após o fim da votação pelo impeachment, um grande grupo de senadores começou a cantar o hino nacional. Em São Paulo, na região da Paulista, ouviam-se fogos de artifício. Michel Temer, que planejava comparecer à reunião do G20 na China, teve que atrasar sua viagem para acompanhar a votação no Palácio do Planalto. O ex-interino deve tomar posse às 16h desta quarta numa sessão plenária do Congresso Nacional no Senado. Além disso, Renan Calheiros quer correr para votar o reajuste dos ministros do STF ainda hoje. Enquanto isso a repercussão internacional do caso vai esquentando: Equador e Bolívia já chamaram de volta seus embaixadores no Brasil, num gesto claro de desagravo ao impeachment.

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