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O povo com o coração mais saudável do mundo

E eles comem muito, muito carboidrato.
Ben Trumble/Getty Images

Esta matéria foi originalmente publicada no Tonic .

Quando se trata de saúde vascular, os campeões vivem nas profundezas das selvas da América do Sul. Segundo um novo estudo publicado pelo The Lancet, os tsimané, um povo indígena que leva um estilo de vida pré-industrial na amazônia boliviana, têm as artérias mais saudáveis que qualquer outro grupo já estudado no mundo. Eles têm a menor taxa de arteriosclerose (artérias endurecidas), e os pesquisadores compararam a "saúde vascular" de um tsimané de 80 anos com a de um norte-americano de 50 e poucos. Entender a diferença entre os dois pode oferecer pistas sobre um estilo de vida saudável para o coração.

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Pesquisadores sugerem que a disparidade — arteriosclerose é cinco vezes menos comum entre os tsimané que entre os norte-americanos — se relaciona com a diferença do estilo de vida e dieta. O que não é surpresa, considerando que os médicos sempre recomendam "dieta e exercícios" quando se trata de saúde cardíaca.

Mas o estudo vai mais longe ao propor que o povo tsimané é mais saudável porque reteve dietas e estilos de vida de subsistência. Isso significa comer menos gordura saturada e mais carboidratos não-processados rico em fibras; além de não fumar, comer carne de pesca e caça selvagem, e ser ativo durante o dia. Com caça, coleta, pesca e agricultura, um homem tem uma média de sete horas de atividade física por dia, as mulheres têm entre quatro e seis.

A dieta dos tsimané também é saudável, graças a carboidratos não-processados ricos em fibras como arroz, plátano, mandioca, milho, nozes e frutas. A gordura consumida é pouca, e a principal fonte de proteína vem da carne de caça ou da pesca.

Resumindo, os tsimané vivem uma realidade quase ideal para a saúde cardíaca. As sociedades contemporâneas, em contraste, são muito menos ativas: populações industriais gastam 54% de suas horas acordadas sendo sedentárias, comparado com apenas 10% entre os tsimané. Há mais fumantes e as dietas são bem menos saudáveis. O contraste é tão grande que os pesquisadores sugerem acrescentar a perda de um estilo de vida coletor-horticultor como dos tsimané como um fator de risco para doenças do coração. (A lista inclui idade, fumo, colesterol alto, pressão alta, falta de atividade física, obesidade e diabetes.)

Isso sugere que seria sábio aprender uma lição com os tsimané: continue ativo, não fume e mantenha a pressão, o açúcar no sangue e os níveis de colesterol LDL baixos. A genética também pode ter um papel aqui, apesar dos pesquisadores acreditarem que a alimentação e exercícios são mais importante; na verdade, enquanto estradas e desenvolvimento econômico mudam a dieta dos tsimané (com um mercado próximo oferecendo óleo de cozinha a açúcar), o nível de colesterol entre a população começou a subir. O estilo de vida deles está mudando rápido. Talvez possamos aprender com eles antes que eles encarem os mesmos desafios de saúde que nós.

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