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Tecnologia

Como o Futuro Pouco Distante Realmente Irá se Parecer

A maior mentira contada sobre o futuro é que ele vai se parecer muito diferente do que temos hoje.
Imagem: Signs from the Near Future

A maior mentira contada sobre o futuro é que ele vai se parecer muito diferente do que temos hoje.

Quer dizer, os Jetsons e Futurama são uma coisa, mas nos retratos do futuro próximo – esses mostrados em blockbusters bestas como Eu, Robô e Minority Report – o mundo recebe uma repaginada high-tech e brilhosa. Essas paisagens futurísticas sugerem que estamos prestes a receber um gigantesco investimento que irá redefinir nossas cidades nas próximas duas décadas.

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Agora dê uma olhada lá fora, na rua esburacada na frente da sua casa ou em qualquer ponte acabada pela cidade. Não, sua metrópole não vai se transformar na Cidade Esmeralda tão cedo.

O que de fato irá acontecer já está acontecendo agora: o futuro aparecerá não em grandes pulos ou saltos, mas como numa esteira rolante, deslizando em frente de forma suave o suficiente para não você não acordar. A Califórnia, por exemplo, ainda precisará de décadas para terminar sua linha de trem-bala. E, quando chegar, ainda vai se parecer com uma linha de trem.

Estive pensando bastante sobre a estética ambiental nos últimos dias, tempo que corresponde a quanto tempo abri a página Signs from the Near Future (Sinais do Futuro Próximo), de Fernando Barbella, pela primeira vez. O diretor criativo, que mora em Barcelona, começou um Tumblr para investigar como as novas tecnologias com as quais sonhamos vão realmente começar a subverter nosso espaço – o que, neste nosso mundo litigioso, significa principalmente um planeta cheio de sinais de alerta futuristas.

Imagem: Signs from the Near Future

“Novos materiais, mashups entre organismos vivos e nanotecnologias, capacidades aprimoradas para antigas coisas 'burras' e inanimadas… Tem uma porção de coisas acontecendo a nossa volta!”, Barbella me escreveu em um e-mail.

“Todos esses avanços podem ser tão empolgantes quanto perturbadores de certa maneira, ao mesmo tempo, se pensarmos sobre isso”, ele escreveu. “O fato é que todas essas coisas vão deixar de ser apenas 'projetos' para se tornarem parte de nossa realidade em algum momento em breve”.

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Estamos condicionados a pensar no Futuro, com F maiúsculo, chegando até nós como um estrondo. Mas é claro que não é bem assim que vai rolar. E não é aquele papo de “cada novo dia é o futuro” ou algo do tipo, mas o futuro está sempre chegando e sempre evoluindo. Ninguém vai virar uma chave e de repente encher nossas ruas com carros flutuantes. (Mas isso seria animal, hein?) Mas um dia você vai ver um táxi autômato pela primeira vez e dizer: “Ah, pronto, eles estão aqui agora? Que fera.”

“E chegamos nesse ponto: muitos anos atrás, quando éramos crianças, as visões do futuro eram no mínimo desconectadas da realidade. Carros voadores, prédios de arquitetura estranha nos cercando, entre outras coisas fora de seu tempo”, diz Barbella.

Imagem: Signs from the Near Future

“A verdade é que o futuro é sempre, de certa forma, parte do tempo presente e é por isso que me concentrei nesta abordagem sobre futuro próximo, onde vemos estas tecnologias coexistindo conosco nos ambientes e locais mais comuns”, ele disse.

Nossa dificuldade em ver o progresso como um processo distinto dificulta a capacidade de descobrir as mudanças e soluços ao longo do caminho. Nãõ é uma questão que vimos em um produto próximo do consumidor, como o Google Glass: ele apareceu, todos ficamos maravilhados (ou o zoamos até cansar) e agora estamos descobrindo novas normas sociais enquanto prosseguimos.

Mas considerando possíveis usos futuros de poder, essas mudanças são mais difíceis de assimilar. Temos, por exemplo, os scanners de corpo inteiro nos aeroportos, ou mensagens de texto do governo direcionadas a manifestantes baseadas em localização. Ambas são muito futuristas, em termos mais abstratos, mas quando elas de fato são utilizadas, a resposta comum é algo como, “peraí, eles podem fazer isso agora?”

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Se não aceitarmos o futuro como uma marcha sem fim adiante, fica bem mais difícil desenhar uma linha para seguirmos em frente – mais ainda porque ainda estamos esperando que tal linha chegue. E enquanto esperamos por ela – e por leis que legislem em casos que tratam de tecnologia já ultrapassada – a estrutura do futuro está sendo constantemente sendo montada ao nosso redor.

Imagem: Signs from the Near Future

“Provavelmente nunca saberemos quão preocupadas as pessoas no topo estão com a democratização de novas tecnologias, e todas as portas e janelas e novos caminhos que estas coisas estão abrindo pra uns zé ruelas como nós”, Barbella disse. “Então podemos imaginar claramente este futuro próximo cheio de alertas e sinalizações nos dizendo como – ou quando – usar ou não usar estas tecnologias projetadas originalmente para melhorar nossas vidas”.

Barbella disse que à medida em que o projeto continua, ele espera transportá-lo para o mundo físico, com um livro ou um evento, ou talvez criando sinalizações de fato e “começar a fazer algumas intervenções urbanas”. Ele também disse que, embora seu projeto se porte como um lembrete que precisamos acordar em relação ao nosso progresso, ele mantém uma perspectiva otimista sobre nosso futuro.

“A responsabilidade é totalmente nossa. Não é dos governos, nem das corporações monstruosas. Eles só se importam com eles mesmos, com a reeleição ou o bônus que conseguirão no fim do ano”, ele escreveu.

“Devemos sempre estar cientes de que enquanto gastamos tanto tempo nas mídias sociais, ou buscando o último brinquedo tecnológico, existem pessoas que podem precisar de nossa ajuda, e talvez possamos usar tanto as tecnologias existentes quanto as que estão chegando para fazê-lo”.