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Amigos coloridos falam sobre como manter o relacionamento casual

“Nunca crie sentimentos”. “E sempre mostre respeito!”

Foto: Lauri Väin, via .

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE UK .

Sexo é um dos prazeres mais simples da vida. O D'Angelo sabe disso; Calum Best sabe; a Rihanna sabe; porra, até aquele vocalista bizarro do Bloodhound Gang sabe. É tão estranho como a natureza humana vive complicando o que deveria ser uma coisa simples; em vez de curtir a coisa pelo que ela é, geralmente estragamos relacionamentos de sexo casual, sabe, desenvolvendo sentimentos e apreciando as pessoas por mais do que apenas o sexo.

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Mas e se fosse possível fazer sexo sem criar laços? Ser "amigos coloridos" sem azedar a coisa toda se envolvendo mais no relacionamento do que a outra pessoa? Parece improvável, né?

Talvez, mas não impossível. Falei com três casais de amigos coloridos sobre como eles conseguem manter a coisa toda casual.

HANS E GRACE

VICE: Oi, gente. Como vocês se conheceram?
Hans: Tinder, provavelmente uns dois anos atrás.

Quanto tempo depois disso vocês começaram a transar?
Grace: Boa pergunta! Talvez depois de sairmos umas duas vezes? Lembro que nos encontramos… não lembro que clube agora.

Vocês discutiram como seria o relacionamento de vocês ou deixaram isso em aberto?
Grace: Casual, né! Mas simplesmente aconteceu — não discutimos isso.

Hans: Era um sistema não confirmado de amigos coloridos; uma coisa de sexta-feira, uma vez numa lua azul, às vezes de duas em duas semanas, talvez uma vez por mês.

É, com que frequência vocês ficam?
Grace: Eu costumava dormir na casa dele sempre, porque saíamos no lado sul da cidade, onde ele morava, e era muito mais fácil que voltar para minha casa.

Hans: Geralmente nas sextas ou por acaso.

Como vocês mantêm o relacionamento casual? Alguns de vocês já teve sentimentos pelo outro?
Hans: Houve algumas conversas estranhas, mas nunca nos sujeitamos a sentimentos intensos. Somos grandes amigos agora.

Grace: Sim, lembro de mencionar essa questão, mas fugi do assunto uma vez em que estávamos chapados.

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Hans: Agora somos só amigos, e dormimos um na casa do outro sem transar.

Grace: É, agora a gente fica sem transar.

A relação já ficou estranha alguma vez?
Grace: Não, nem um pouco.

Hans: Nem um pouco. Nem quando estávamos saindo com outras pessoas. Era só diversão.

Sério? Sem ciúme?
Hans: Acho que é uma questão de não criar sentimentos.

Grace: É sobre honestidade. Saímos por seis meses, então mesmo se tivesse algum tipo de sentimento se formando, acabamos terminamos. Aí voltamos e ele virou amigo dos meus amigos e pronto, nos tornamos melhores amigos.

Hans: Foi isso que a Grace disse. Quando saíamos, nossos grupos de amigos se conheciam mas não muito bem. Depois que voltamos, conheci todos os amigos dela num festival na Croácia. Quando a temporada de festival acabou, éramos todos próximos e nos tornamos amigos. Então, de certa maneira, o resultado de uma amizade colorida de dois anos se tornou uma grande amizade.

Vocês acham que foi o sexo que fez vocês voltarem, ou só o conforto de saber que o outro estaria lá pra você?
Grace: Com certeza, eu provavelmente apareci na casa dele algumas vezes só para dormir junto.

Então, se vocês tivessem algum conselho para dar para outros amigos coloridos, seria: não crie sentimentos?
Grace: Nunca crie sentimentos.

Hans: E sempre mostre respeito!

Grace: É, eu reconheço que saber o que a outra pessoa quer ajuda muito.

Hans: E também saiba manter distância, o que foi fácil para nós porque ela mora do outro lado da cidade. Mas sim: não crie sentimentos e se divirtam juntos.

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Obrigado, gente.

PATRICK E SAM

Como vocês se conheceram?
Sam: Era uma balada aleatória da universidade — não lembro quem falou com quem primeiro, mas ele veio para casa comigo. O Patrick sabe contar como foi.

Patrick: Lembro que nos conhecemos na área de fumantes de um clube chamado Junk. Pedir o isqueiro é sempre um bom jeito de puxar conversa.

Sam: Eu estava numa época de baladas selvagens. Mas ele estava bem mais louco que eu.

Patrick: Eu estava completamente passado.

Sam: A noite acabou com ele vomitando na pia da minha suíte, e eu chamei um táxi pra ele. Mas acho que você ainda tentou alguma coisa com bafo de vômito.

Então vocês não ficaram juntos naquele dia — você passou mal em cima dela, Patrick?
Sam: Mandei ele pra casa e tive que limpar todo o vômito da pia. Foi uma noite muito longa. Não lembro por que falei com ele de novo. Patrick, você lembra da nossa primeira vez?

Patrick: Você veio para a minha casa algumas semanas depois.

E como foi?
Patrick: Aconteceu naturalmente. Nós dois gostamos. Ela ficou surpresa com como eu era bom; ela disse "Eu não esperava que você fosse tão bom".

Sam: Meu deus — precisa contar todos esses detalhes?

Patrick: Acho que sim!

E o que vocês fizeram na manhã seguinte? Vocês conversaram sobre manter o relacionamento casual ou algo assim, ou só disseram "tanto faz"?
Sam: Nós dois dissemos "tanto faz". Acho que já sabíamos. Fui embora sem dizer nada? Antes dele acordar.

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Patrick: Foi exatamente assim — ela não ficou na manhã seguinte. Não lembro se a vi indo embora ou não.

Sam: Lembro de ter me vestido no escuro.

Por que isso, Sam?
Patrick: É, por quê?

Sam: Para ser sincera, pelo menos fiquei naquela noite. Geralmente não consigo dormir do lado de um cara, especialmente se ele fica me abraçando como o Patrick. Ele era tipo um caramujo. Caralho — sabe… você já cumpriu seu dever; segue o jogo.

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O que aconteceu depois? Quantas vezes vocês ficaram?
Sam: Com frequência, depois de várias noites, não sei — acho que uma vez por semana? Mais ou menos isso, dependendo do que estava acontecendo. Acho que foi tudo bem. Nunca discutimos sobre outras pessoas com quem estamos saindo, mantemos a coisa discreta, mas, claro, meus colegas de apartamento sabem.

Vocês chegaram a desenvolver sentimentos um pelo outro?
Sam: Quero muito saber essa resposta. Depois de anos de espera — eu não era suficiente para você, Patrick?

Patrick: Sim, ela é uma garota atraente e sabe exatamente o que está fazendo. Mas não queríamos nada sério e gostávamos de como as coisas estavam. Acho que se tivéssemos ficado juntos, não estaríamos falando com você hoje.

Teve algum momento estranho?
Sam: Beijei o colega de apartamento dele uma vez; não lembro disso também, mas o colega me mandou mensagem no dia seguinte, flertando. O Pat ignorou minha existência por semanas. Até tive que puxar ele de lado no clube, e ele mentiu que o telefone dele estava quebrado. Mas ele acabou me perdoando — recebi um texto um dia em que estava em Paris.

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Patrick: Fora isso, só aquela outra vez.

Sam: Que outra vez?

Patrick: A vez em que fui para a sua casa e, não lembro por que exatamente, brigamos e você ameaçou jogar meu celular da janela.

Sam: Ah, sim! Foi depois do Carnage. Eu só queria que você calasse a boca e fosse dormir! Você não parava de falar na minha orelha. Fiquei muito puta. Pedi para ele ir embora, mas ele não foi e ficou mandando mensagens do celular dele no meu quarto. Na verdade, joguei o celular dele na parede primeiro, depois ameacei a janela. Mas quando nos encontramos depois disso, estávamos de boa. Você até dormiu em casa aquele dia. Você vivia aparecendo bêbado na minha porta. Pat, lembra da vez que você me ligou bêbado e a gente acabou assistindo Mogli: O Menino Lobo e dormindo?

Pat: Sim!

Parece legal. Como vocês conseguiram não levar isso para outro nível?
Sam: Transamos com outras pessoas. Ter sua atenção dividida tira um pouco da tensão do relacionamento.

Qual o conselho que vocês dão para outros amigos coloridos que querem ser como vocês?
Sam: Só faça isso com alguém de quem você consegue ser amigo. Relaxe, tenha senso de humor. Não seja cuzão com o outro. E lembre-se: vai ser uma boa história algum dia.

Patrick: Sim, e sempre seja sincero com seu parceiro. Não acabe com uma coisa boa por qualquer bobagem.

MITCH E STEPHANIE

Como vocês se conheceram?
Mitch: Nos conhecemos numa entrevista em grupo para uma posição numa empresa de gestão de instalações. Eles tinham algumas vagas disponíveis no mesmo nível. Acabamos ficando com as vagas. A Steph era a única outra pessoa jovem na entrevista, então logo ficamos amigos.

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Stephanie: E ele sempre levava comida extra para mim na hora do almoço. A mãe dele cozinha muito bem.

Mitch: A primeira vez em que transamos foi na festa de Natal da firma.

Stephanie: Transamos no armário do zelador.

Mitch: Com uns 150 gerentes corporativos a 20 metros de distância.

Stephanie: Bati a cabeça na pia.

Mitch: Foi uma zona.

E o que aconteceu na manhã seguinte? Ou naquela noite mesmo?
Mitch: É, fomos para um clube depois. Ficamos rindo da história o resto da noite.

Stephanie: Ainda rimos!

Mitch: Conversamos sobre isso alguns dias depois e concordamos que tinha sido uma vez só. Mas acabamos transando de novo alguns meses depois.

Só uma vez?
Mitch: Sim, só mais uma vez. Bom, foram umas oito vezes naquela noite.

Caramba. Bom trabalho, gente.
Mitch: Sim, passamos a madrugada em claro transando. Foi uma maratona. Tiramos tudo isso do nosso sistema, com certeza.

Stephanie: Acho que nós dois faltamos no trabalho no dia seguinte?

Mitch: Sim, os dois.

Stephanie: Acho que transamos mais duas vezes de manhã, depois te deixei em casa.

Lindo. Mas algum de vocês desenvolveu sentimentos pelo outro?
Stephanie: Só pela comida da mãe dele.

Mitch: Nem cheguei perto.

Stephanie: Não. Eu sempre estava "com alguém".

Com quem você estava?
Stephanie: Um babaca.

Entendi. E o relacionamento nunca ficou estranho?

Mitch: Não, nem um pouco — nos vemos todo dia no trabalho. Nossa produtividade até aumentou!

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Stephanie: O Mitch foi promovido. Eu era uma boa motivadora; sempre acreditei na capacidade dele de fazer o trabalho.

Como vocês evitaram que as coisas se complicassem física e emocionalmente? Quer dizer, parece que a coisa complicou fisicamente de qualquer jeito.
Mitch: Sim, o sexo era muito selvagem.

Mas como vocês mantiveram a relação casual?
Mitch: Vou deixar a Steph responder essa.

Stephanie: Tínhamos 20 e 21 anos quando transamos. Eu ainda queria transar com outras pessoas. Ele também. A gente usava o Tinder no trabalho para tentar combinar encontros um para o outro. Nunca foi uma coisa séria que daria em alguma coisa. E, para ser honesta, eu gostava muito de sexo para ficar com uma pessoa só.

Se vocês tivessem um conselho para dar para outros amigos coloridos, qual seria?
Mitch: Sexo divertido e sem compromisso é ótimo quando acontece. Não precisa se arrepender, porque no final das contas você transou.

Stephanie: E se puder, transe num armário de zelador — fica muito mais fácil fazer a limpeza depois.

@williamwasteman

Tradução: Marina Schnoor

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