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Entretenimento

Discos: M.I.A.

A rapper voltou a curtir a net.

Matangi
Interscope
2013 A M.I.A. é uma das artistas mais fixes que anda por aí e, quatro álbuns depois, continua a jogar muito. Foi um parto demorado e doloroso, com conflitos com a editora Interscope à mistura, tendo a artista chegado a ameaçar fazer sair o álbum pela porta dos fundos. É que a menina não é para brincadeiras, e parece que não estava disposta a fazer grandes cedências em relação àquele que será, até à data, o seu trabalho mais ponderado e introspectivo. Em The Message, do antecessor deste Matangi, a M.I.A. alertava-nos: “Connected to Google, connected to the Government” — a sua desconfiança em relação à internet é mais do que assumida, mas parece que afinal o Google também serve para nos encontrarmos a nós próprios. Pelo menos, foi lá que M.I.A. descobriu uma catrefada de coisas que a ajudaram a renovar a sua relação com a espiritualidade — se descobrisse que o meu nome do meio era o nome da deusa das artes, da música e do conhecimento, se calhar também tinha uma epifania — e, consequentemente, a regressar aos discos. Mas não te aflijas: apesar de tocar em temas como o karma e a reencarnação, a M.I.A. não deixou de ser uma bad girl e a sonoridade deste álbum segue o caminho de espalhafato sonoro tão bem traçado em MAYA. A propósito, há quem entenda que, a partir desse álbum, a rapper do Sri Lanka se passou e começou a exagerar na produção das suas canções — motosserras, parece, não é coisa que entre nos ouvidos de toda a gente. Pois bem, para quem subscreve essas leituras, Matangi não é aconselhável — a mixórdia continua. É como entrar a meio de uma festa e sair quando estão a limpar o chão. É portanto possível que a) tudo passe muito depressa e b) estejas a dar para o cansado.  "Karmageddon" é uma introdução fraquinha — mais ainda quando comparada com a abertura de qualquer um dos álbuns anteriores, e sobretudo com a de MAYA — mas num instante "MATANGI" traz de volta a esperança no disco (e provavelmente nunca ouviste o nome de tantos países numa só canção). Pelo meio também lá anda o Assange. "aTENTion", a faixa mais ácida (e, reconheça-se, repetitiva) do disco, contou com uma mãozinha de hacker mais famoso do mundo. Sim, o tipo da WikiLeaks é amigo da M.I.A. e parece que lhe deu uma ajuda a sacar da net uma data de palavras com o som “TENT”, para ela fazer rimas (daí que seja bem possível que te canses um bocado desta faixa). Ah, uma dica: caso este jogo fónico/gráfico te pareça uma parvoíce, pesquisa no Google “MIA+refugee” — deves chegar lá. Se estiveres de bom humor e mais virado para o powah-powah, "Come Walk With Me" é das faixas mais fixes do álbum. Com ares de músicas dos Balcãs, ou alguma coisa lá ao lado. O disco fecha com o reprise "Sexodus", que era perfeitamente desnecessário. E é por estas e por outras que Matangi não é um disco altamente.