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Tecnologia

Você Pagaria para Navegar em uma Internet sem Propagandas?

Para empresas, anunciantes e criadores de conteúdo, as propagandas continuam sendo uma das formas (em decadência) de manter a relevância de seus serviços.
30 segundos de publicidade na internet. Crédito: Daniel Olnes/Flickr

Quanto você pagaria por uma internet sem propagandas? Ou melhor ainda: você estaria disposto a pagar algo?

É isso que o Ebuzzing, uma plataforma publicitária para vídeos, tentou descobrir junto da Censuswide em um estudo envolvendo 1.400 consumidores britânicos, segundo o Telegraph. Os resultados são fascinantes, mas, infelizmente, previsíveis: uma internet sem propagandas custaria menos que uma assinatura de TV a cabo, mas pouquíssimas pessoas estão dispostas a pagar esse preço.

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Ao dividir o dinheiro gasto em publicidade no Reino Unido em 2013 (6,4 bilhões de libras) pelo número de usuários de internet da região (45 milhões), o Ebuzzing descobriu que o custo da internet sem anúncios seria de 140 libras (cerca de R$ 530) por ano. Só que o estudo também revelou que 98% dos consumidores britânicos não pagariam esse valor por uma internet livre de propagandas.

O PÚBLICO AINDA ACREDITA QUE A INTERNET É GRATUITA, MAS ISSO NÃO É VERDADE.

Nos Estados Unidos, 140 libras, ou 230 dólares, equivalem ao dinheiro gasto em dois meses de TV a cabo e provedor de internet, em alguns meses de seguro de carro ou em um final de semana de muita bebedeira. É bastante dinheiro, mas se dividirmos esse valor por um ano, pagaríamos cerca de US$ 20 (ou cerca de R$ 50) por mês por um serviço que é mais utilizado do que qualquer outro.

O estudo não é perfeito, visto que não leva em conta a existência de outras formas de arrecadação monetária (como doações, monetização de dados, e outros), e a ideia de dividir um pagamento de 140 libras entre todos os sites visitados é absurda.

Mas a ideia geral é mais importante que os números em si: por que usuários perseguidos pela onipresença publicitária de banners e pop-ups se recusam a pagar para se livrarem dessas propagandas? Talvez isso tenha a ver com como entendemos a internet.

O público ainda acredita que a internet é gratuita, mas isso não é verdade. O Google, o Facebook, o Tumblr, o Twitter e quase todos os sites gratuitos ganham dinheiro de alguma forma, seja com propagandas ou monetização de dados.

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Se existe alguma transação gratuita nisso tudo, essa seria a entrega de dados pessoais dos usuários – estima-se que os dados de cada usuário rendam cerca de US$ 8 por mês; a esse valor, soma-se o lucro obtido quando os olhos desses usuários se fixam nas propagandas.

Visto por esse viés, o estudo do Ebuzzing torna-se quase cínico. O Ebuzzing é uma empresa publicitária, e devemos duvidar um pouco de suas conclusões. Porém podemos concluir que as pessoas ignoram essas propagandas completamente. Vejamos o que Jeremy Arditi, diretor britânico da Ebuzzing, disse sobre o estudo:

"Anúncios mal-feitos ou mal-localizados são ignorados, o que significa que os anunciantes saem perdendo", disse Arditi. "Precisamos chamar mais atenção e incomodar menos. Isso implica na introdução de formatos menos invasivos, propagandas mais criativas e bem inseridas e o advento da liberdade do consumidor, que teria mais poder de escolha e controle dessas propagandas."

Resumindo, os usuários da internet veem as propagandas como um incômodo, mas um completamente suportável. Para empresas, anunciantes e criadores de conteúdo, as propagandas continuam sendo uma das formas (em decadência) de manter a relevância de seus serviços.

Tradução: Ananda Pieratti