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Tecnologia

Uns Sites de Venda de Drogas da Deep Web Agora Operam Também na Internet Aberta

Eles estão dando a cara a tapa.
Tela do Chemical Love, um dos sites de comércio de drogas que opera na internet comum.

Em poucos anos de história, os sites de compra e venda de drogas na deep web deixaram de ser um nicho para se tornar uma indústria multimilionária. O mercado se tornou tão lucrativo que alguns deles adotaram, nos últimos tempos, uma estratégia inesperada: instalar-se na internet comum.

Em junho, o New York Times traçou um perfil de sites chineses que enviavam narcóticos ilegais por sites fora da rede anônima. O traficante alemão "Shiny Flakes", preso em fevereiro deste ano, também tocou um site na cara dura por seis meses antes de se instalar nas profundezas da web.

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Dois outros sites semelhantes agora estão na ativa. "Chemical Love", uma página alemã, é acessível sem qualquer tipo de tecnologia de anonimato. A página parece listar todo tipo de droga que se espera, a exemplo de MDMA, metanfetamina e cocaína. Como no caso de sites da deep web, os pagamentos são feitos em Bitcoin. Os donos até mesmo fizeram um anúncio no YouTube.

Comentários em um fórum alemão sugerem que o site é sério, com vários clientes postando resenhas positivas que vão até maio deste ano.

Já o outro site se chama Forbidden Market. Sua página inicial conta com um endereço .onion da deep web, acessível apenas via Tor, mas oferece também outro link da internet comum que pode ser acessado com um navegador simples.

"Se você chegasse numa pessoa aleatória na rua que curtisse drogas e lhes pedisse para comprar algo no Silk Road, você acha mesmo que eles iriam atrás do Tor e do endereço .onion se alguém pudesse simplesmente lhes passar uma URL?", questiona o usuário anônimo "Mr. Evil", administrador do Forbidden Evil via chat criptografado com o Motherboard.

A página inicial do Forbidden Market tem um link para o site Localbitcoins.com, página popular em que se compra Bitcoin com dinheiro ou por meio de depósitos anônimos. "Eles veem aquilo nos seus celulares e pensam 'uau, existe mesmo' e tem um link pra comprar Bitcoin em dinheiro vivo localmente."

Print: página inicial do Forbidden Market

O link da internet normal do Forbidden Market leva para um proxy, que então se conecta ao e-commerce sem o uso do Tor. Funciona de maneira similar ao Tor2Web, um sistema utilizado para acessar serviços ocultos sem o Tor, disse Mr. Evil.

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"A verdadeira localização do servidor do site segue secreta, mas está disponível via internet aberta", explicou o administrador.

Mesmo que os servidores do Forbidden Market estejam escondidos, usuários cautelosos podem se preocupar com sua segurança. O site normal que você visita costuma ter a capacidade de registrar seu IP. Mr. Evil afirma, porém, que o proxy de seu site está "com os registros desligados".

Há também a óbvia possibilidade de que operar na internet comum, com proxy ou um site inteiro mesmo, pode ser mais arriscado para os administradores. Uma rápida fuçada digital no proxy do Forbidden Market revelou que o email usado em seu registro também está por trás de uma dezena de outros sites. Um endereço e telefone de seja lá quem for que registrou o Forbidden Market também estão disponíveis, apesar de parecerem forjados: o CEP russo não existe, de acordo com o Google Maps, e o telefone não atende.

"Negaremos o acesso de russos ao site para evitar problemas com as autoridades locais", continuou Mr. Evil, o que indica que o site de fato está instalado na Rússia. Ele também comentou que chineses não terão como acessar a página e que seria pedido aos vendedores para não enviarem nada aos dois países.

Não se sabe se esses sites terão vida longa. Mas sua existência mostra que alguns administradores não estão satisfeitos com o estado atual do mercado, que, apesar de ter crescido significativamente, ainda é uma pequena fração das transações de tráfico globais.

"Esses administradores estão dando a cara à tapa", concluiu Mr. Evil.

Tradução: Thiago "Índio" Silva