Crédito: Materialise
Um orgão impresso em uma impressora 3D não precisa ser transplantado para salvar uma vida — na verdade, ele não precisa nem funcionar para fazer a diferença.Foi o que aconteceu em julho desse ano, quando a empresa Materialise imprimiu um modelo 3D do coração mal-formado de um bebê de duas semanas para que os cirurgiões pudessem praticar o procedimento antes de executar a cirurgia delicada."O coração do recém-nascido ocupa um espaço muito pequeno; não há espaço para erros", disse-me por telefone Koen Engelborghs, da Materialise, empresa belga que produziu o coração.
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O coração é feito de celulóide flexível, que pode ser cortada e manipulada, e foi usado por médicos do Hospital Infantil Morgan Stanley de Nova York para um "test-drive" cirúrgico."A flexibilidade é parecida com a dos tecidos humanos", disse Engelborghs. "Isso os ajuda a planejar previamente — quando eles usaram a ressonância magnética, ficaram divididos entre três ou quatro estratégias. Ter o modelo em mãos permitiu que eles fizessem alguns cortes, tentativas e medições antes de escolherem um procedimento."Eles descobriram que o coração da criança estava misturando sangue oxigenado e desoxigenado por causa de válvulas defeituosas. A cirurgia ocorreu perfeitamente, e acredita-se que o bebê irá viver sem maiores complicações.Espera-se que a impressão em 3D torne-se, no futuro, a principal fonte de orgãos transplantáveis, e até mesmo que os cientistas criem orgãos muito superiores aos nossos. Mas isso ainda é um sonho longínquo, especialmente quando se trata de estruturas mais complexas do que veias e enxertos de pele artificais.A impressão em 3D, no entanto, já se tornou comum, e está mudando o universo médico.A Materialise, por exemplo, já imprimiu protótipos de crânios de crianças que sofrem de uma má-formação chamada craniossinostose; eles também já imprimiram ossos, corações e estruturas cranianas utilizadas em cirurgias reconstrutivas.As imagens são capturadas com uma ressonância magnética ou tomografia computadorizada, e, dentro de um ou dois dias, o modelo em tamanho real é enviado para o hospital. Alguns hospitais, por sua vez, possuem suas próprias impressoras 3D, que podem ser utilizadas para imprimir novas válvulas, stents e desfibriladores implantáveis.Outras empresas e hospitais já usaram modelos de corações para se prepararem para cirurgias; é uma prática que será cada vez mais utilizada em vários tipos de procedimentos."Nós costumávamos usar esses modelos apenas para pesquisa e treinamento de estudantes de medicinas", disse Engelborghs. "Agora, estamos começando a entender a aplicação clínica dessa tecnologia."Tradução: Ananda PierattiA FLEXIBILIDADE É PARECIDA COM A DOS TECIDOS HUMANOS