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Tecnologia

Um Pai Descobrindo Latas de Lixo com Sensores de Movimento É o Melhor Vídeo

Ser rico é complicado.

O Melhor Vídeo do YouTube é uma série ocasional do Motherboard em que buscamos pelo melhor vídeo do YouTube de todos os tempos, em geral nas tardes de sexta antes do alarme do happy hour. O vídeo anterior: Ball_so_hard.avi.

Um tempinho atrás escrevi sobre estar apaixonado pelo meu celular ferradão por razões catárticas melhor explicadas sob o efeito do álcool e me impressionou o tanto de gente que mencionou, nas semanas seguintes, amarem ou serem emocionalmente ligadas aos seus gadgets.

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Acho que isso acontece por causa da nossa predileção natural por antropormofizar coisas e, sim, também tem um pouco de hacking cerebral rolando no marketing de gadgets – como quando seu celular promete amigos mais felizes, interesses românticos mais bonitos, um relacionamento melhor com a família e uma vida melhor em geral – mas fazer o que, né? Esse é o nosso futuro: todos viveremos numa espécie de limbo emocional com cada coisa da casa que pisca, brilha e faz barulho, humana ou não.

E é também o nosso presente. Neste vídeo temos o pai de alguém transtornado com uma duplinha de latas de lixo automáticas que abrem e fecham suas tampas. Não aparece no vídeo, mas você SABE que alguém ali naquele cômodo diz: "Olha! Elas estão conversando!"

Se você me permitir, aqui vão uns pensamentos que quis compartilhar (mandem os seus também):

1. Tinha como esse pai ser mais Pai? A risada é contagiante e o pacote, completo: óculos apoiados no nariz, a olhada no iPhone que repousa delicadamente em suas mãos de pai, uma camisa de pai cobrindo uma barriga de pai cultivada por anos. É como se Papai Noel e Tim Allen tivessem se juntado numa coisa só (mas não exatamente assim porque isso seria assustador).

2. O quão Norman Rockwell é o fato de que o pai TAMBÉM está filmando tudo com seu celular? Deixando de lado o argumento inicial, esse vídeo é muito mais meta do que eu havia imaginado. Todos rimos daquela foto em que aparece um monte de adolescentes em casa, cada um de olho no seu celular – a molecada de hoje não consegue nem jogar um gueiminho junta – mas são os mais velhos os mais culpados.

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Estive em uma reunião familiar na semana passada e o tanto de fotos batidas por gente com mais de 40 anos ganhou de lavada do resto, numa proporção de 50 pra 1. Tenho certeza que isso já foi dissecado diversas vezes em um bilhão de blogs voltados para millennials, mas ainda acho tudo muito doido. Não sei se é reflexo daquela sensação de que a Morte paira sobre a própria cabeça, mas adultos realmente fazem vídeos demais sobre fruteiras e lixeiras.

3. Não sei ao certo se lixeiras automáticas são tão caras assim, mas o fato desta casa ter DUAS é bem chique. É fascinante vê-las; é o símbolo de como a afluência leva à complexidade.

Precisa-se mesmo de uma lixeira com infravermelho sendo que qualquer lixeira velha com tampa faria o mesmo? (Ok, levantar a tampa do lixo é uma bosta.) Qualé a de comprar um receptáculo de lixo que exige "4 baterias tipo D ou adaptador AC (não incluso)"? E todas aquelas pecinhas móveis? Parece horrível.

Mas assim é que é: quanto mais caras ficam as coisas, mais complicadas são de lidar. Devo parecer um vovozinho falando, mas quando foi a última vez que você sentou num carro importado de luxo? Lembro de meter minha cabeça dentro de um Audi em uma exposição de automóveis e ter botão pra tudo que é lado, tudo peidado de uma cabeça de algum engenheiro genial. Casas inteligentes, controles remotos universais do tamanho de tábuas de passar roupa, iates, relógios suíços… Ser rico é complicado pra caralho.

Tradução: Thiago "Índio" Silva