​Uber não ajudou a reduzir mortes relacionadas a álcool e direção, afirma estudo
Ao contrário do que a empresa anuncia, os números de acidentes fatais por causa da dobradinha beber e dirigir continuam os mesmos. Crédito: Menna/ Shutterstock

FYI.

This story is over 5 years old.

Tecnologia

​Uber não ajudou a reduzir mortes relacionadas a álcool e direção, afirma estudo

Ao contrário do que a empresa anuncia, os números de acidentes fatais por causa da dobradinha beber e dirigir continuam os mesmos.

Desde que chegou às praças, o Uber tentou se colocar como uma espécie de super-herói que combate o ato de dirigir bebaço pelo mundo.

Uma nova pesquisa do American Journal of Epidemiology, nos EUA, afirma, porém, que serviços de carona compartilhada como Uber e Lyft não tiveram impacto nos índices de fatalidade envolvendo bebida e direção pelo país.

A nação segue com o índice de 10.000 mortes anuais desde que os registros tiveram início em 2009. De acordo com os pesquisadores, isso ocorre, em parte, porque os bêbados não querem pagar o preço da viagem.

Publicidade

"O Uber teve um crescimento fenomenal", disse David Kirk, co-autor da pesquisa e sociólogo da Universidade de Oxford, na Inglaterra. "E isso implorava por pesquisas mais sólidas."

O relatório analisou fatalidades no trânsito nas 100 áreas metropolitanas mais populosas dos EUA entre 2009 e 2014, quando serviços como o Uber foram introduzidos, estudando os padrões no trânsito ao longo de feriados, finais de semanas e dias comuns.

Os autores levaram em conta diferenças nas leis estaduais que poderiam afetar a segurança nas estradas, tais como a proibição do uso de celular, legislação ligada à maconha e cerveja, incluindo aí a disponibilidade de táxis em seus métodos de controle, de forma a não comparar regiões com táxis e outras sem.

"No final das contas, descobrimos que não havia associação alguma – nenhum efeito positivo ou negativo", disse Kirk.

Enquanto isso, o Uber insiste que há mais provas do que o eficiente de que o serviço resolve o problema da bebida e direção, tal como pesquisa da Temple University que revelou uma queda de cerca de 4% nas mortes ligadas à bebida em cidades da Califórnia. (O estudo não levou em consideração outros estados ou quaisquer leis que poderiam contribuir para tanto.)

Além disso, 78% dos participantes em pesquisa conduzida pelo Uber com o grupo Mothers Against Drunk Driving [Mães Contra a Direção Embriagada] disseram que seus amigos tinham menor probabilidade de dirigirem sob efeito de álcool tendo acesso a caronas compartilhadas.

"Nosso número de passageiros indica que as viagens atingem seu ápice quando as pessoas tem maior probabilidade de saírem pra beber e 80% dos passageiros dizem que o Uber os evitou a beberem e dirigirem", declarou uma porta-voz da Uber ao Motherboard.

Kirk concordou que este tipo de evidência anedótica pode estar prevendo maiores benefícios futuros, quando caronas compartilhadas vierem a ser uma prática ainda mais popular. Mas ele e os pesquisadores da Temple enfatizam que não basta a presença do serviço para fazer diferença: muitas vezes os beberrões pesam o custo de se utilizar algo como Uber e o impulso de assumir o volante.

Por enquanto ainda há 112 milhões de incidentes envolvendo bebida e direção anualmente (alguns até envolvendo motoristas do Uber), então é claro que altos preços também não ajudam.