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Tecnologia

Previsão do Tempo para São Paulo: Um Inferno Quente e Seco

A cidade recebe a visita de uma onda de calor que pode colocar alguns termômetros em 40º neste final de semana. E não estamos muito bem quanto a água.
Queima! Crédito: Ana Guzzo/Flickr

Corre no anedotário da rede que quem tem limite é município. Pois bem, não é o caso de São Paulo. Como se não bastasse o problema com o abastecimento de água, a cidade bateu o recorde histórico de temperatura nesse 17 de outubro segundo suas principais estações de medição. E elas, ao contrário do inferno de concreto onde vivem a maioria dos paulistanos, ficam em regiões arborizadas e, até um dia desses, frescas.

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A Estação Meteorológica da USP, localizada no Parque do Estado, registrou 37,2 graus Celsius hoje. "Foi o recorde absoluto desde 1933, quando começaram as medições", me disse a Samantha Martins, meteorologista que trabalha por lá. Enquanto isso, na estação do Mirante de Santana, o Instituto Nacional de Meteorologia registrava seu próprio recorde com os termômetros batendo os 37,6 graus Celsius.

O calor chegou de mala e cuia. Crédito: INMET

A Samantha até me espantou ao falar desses números com tanta calma, mas ela tinha razão. No dia 13 de outubro sua estação já tinha atingido a maior medição da história com 36,6 graus Celsius. E ondas de calor extremo como essa acontecem na região sudeste e centro-oeste durante a primavera, segundo me explicou Gustavo Escobar, o coordenador de meteorologia do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE).

"Uma onda de calor ou frio é um período prolongado com temperaturas muito elevadas ou muito baixas. Na primavera é normal que se atinjam valores extremos, mas não é normal que isso dure varias dias. Não é atípico, mas é pouco frequente. Nem todas as primaveras passam por temperaturas tão altas. E São Paulo pode chegar a 38 ou 39 graus Celsius no sábado e no domingo. Na segunda a temperatura cai", me explicou o meteorologista.

o problema da Cantareira não é de agora. O sistema já vem com déficit do outro verão

O que não acabou nem com essa explicação, nem com o discurso da Samantha, foi meu temor quanto a falta de água. Na cidade de São Paulo pipocam relatos de falta de água em bairros da zona oeste e da zona norte, mesmo que a Sabesp insista em afirmar que isso não signifique racionamento – como o fez Dilma Pena, a presidente da companhia, durante a CPI que investiga o contrato entre a empresa e o estado de São Paulo.

O Gustavo me disse que as coisas podem melhorar um pouco com o frio que chega depois desse final de semana porque ele permite a formação de nuvens e, então, chuvas, mas ele também sabe que isso é paliativo. "O tempo seco não favorece a chuva. E na primavera chove menos, você tem menos nuvens. Mas o problema da Cantareira não é de agora. O sistema já vem com déficit do outro verão", contou ele.

O meteorologista é bem reticente quanto a resolução da crise de água no estado para novembro, embora seja o início do período chuvoso no sudeste do Brasil. Até lá a gente precisa torcer para que o calor diminua e o nível de abastecimento da Cantareira aumente – chega de recordes. Se isso não acontecer, meus amigos de São Paulo, o inferno seremos nós.